We could frame it

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Juliette sentiu o coração disparar e a respiração ficar presa por alguns segundos. Pegou seu celular e ficou em pé rapidamente. Por mais nervosa que estivesse, tentou não demonstrar. Foi até a frente da sua mesa, se encostou ali e cruzou os braços.

- O que você está fazendo aqui?

- Uau, não vou ganhar nenhum oi? – Helena continuou sorrindo e se aproximou da diretora.

- Oi Helena, o que você está fazendo aqui? – Sua expressão séria não desapareceu.

- Eu senti sua falta. – Suspirou de uma forma exagerada. – Esse tempo todo lá em Londres, eu pude pensar muito na minha vida, nas coisas que aconteceram, e no que eu quero mudar.

- E você vem parar na minha sala? – Juliette indagou e sorriu em falso. – Depois do que fez com a Sarah? Com a sua mãe? Se você quer mudar as coisas Helena, tá falando com a pessoa errada!

- Não to aqui pra falar da filhinha preferida da mamãe. Eu quero falar sobre a gente. – Helena ficou mais próxima de Juliette, que se afastou indo para o sofá.

- Não existe a gente. – Antes de sentar, ainda se mantendo de costas para a médica, Juliette ligou para Bianca. Sarah estava longe demais, ligar para Carol poderia piorar e situação, e honestamente ela não tinha intenção nenhuma de fazer da visita de Helena chamar a atenção de todos no hospital. Era assunto de família, seria resolvido em família. Ela colocou o celular em cima da mesa de centro da sala, de uma forma que Helena não percebesse que ele estava ligado, e quando falou novamente, falou mais alto. – Não tenho a menor de ideia de onde isso veio agora Helena, mas você definitivamente não deveria estar aqui.

- Qual é Ju, nós merecemos essa conversa desde que nos vimos novamente. Nossa história merece.

- Nossa história foi há muito tempo Helena. Ela começou e já terminou. – Juliette permaneceu firme e distante fisicamente da mulher. Mas não queria se afastar muito do celular quando percebeu que Bianca havia atendido, porém não sabia se a cunhada tinha conseguido ouvir. – Eu segui em frente, eu estou com a Sarah e nós estamos muito bem juntas. Não temos nada para falar!

- Sarah. – Helena fechou os olhos e respirou fundo. – Sarah está sempre onde não devia, sempre perto do que é meu.

- O que? – Juliette teve que ficar em pé e se afastar novamente devido a aproximação da outra mulher. Parecia um jogo de gato e rato dentro da sala. – Você realmente deveria ter usado esse tempo em Londres para fazer terapia, porque pensar sozinha não te fez nada bem. Sai daqui Helena, é o melhor que você pode fazer agora.

- Eu não vou embora até a gente se acertar! – Helena ficou em pé e ergueu o tom de voz. – Sarah não gosta de você. Olha pra você Juliette, o que tem pra ela gostar? O que você pode oferecer que ela não é capaz de encontrar em qualquer outra mulher?

- Helena, pela última vez, sai daqui ou eu chamo a segurança! – A diretora usou o mesmo tom de voz da médica para a sua resposta. Escondeu o pavor que a situação estava provocando. Helena já tinha roubado uma arma e quase usado contra Sarah. Seja lá qual fosse a verdadeira intenção dessa conversa, certamente a mulher tinha aprendido a lição: não iria hesitar em tentar machucar alguém e por mais que uma parte de Juliette tivesse segurança de que ela não era o alvo da raiva de Helena, ela seria um meio de atingir Sarah.

Helena sorriu e se aproximou da mesa de Juliette colocando a mão em cima do telefone.

- Você está com medo de mim! – A constatação saiu em um tom frio e perturbador. – Não precisa, eu jamais machucaria você. Eu já disse, eu vim pra gente conversar, se acertar. Ficou tanta coisa pra trás.

Era Pra ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora