Sarah ouviu as palavras e mentiria se não tivesse sentido o baque. Acrebiano era muito mais que seu sócio, era um irmão mais velho. Ela o amava, o protegia, o admirava. Foi o fato da proposta dele nunca envolver dinheiro que ela aceitou a sociedade antes mesmo de se formar. Bil, assim como ela, lutava pelo que era justo, pelos que não podiam lutar, eles seriam as vozes daquelas pessoas e ver tudo aquilo ser reduzido a apenas uma palavra, uma motivação, destroçava seu coração.
- Ficou um pouco implícito quando você aceitou defender culpados, mas... – Respirou fundo e fechou os olhos negando com a cabeça. – Céus Acrebiano, o que aconteceu com você?
- A vida Sarah. Eu não tenho minha irmã ou minha mãe para me salvar quando a situação aperta...
- Nem começa com essa desculpa de merda que eu jamais iria virar as costas para você...
Os dois começaram a falar ao mesmo tempo, dando as justificativas que achavam corretas para a ocasião até o silêncio voltou a tomar conta do lugar. Nesse momento Sarahjá tinha voltado para a sua cadeira e encarava o teto.
- Eu recebi uma proposta, uma boa proposta, antes do caso da Juliette. – Acrebiano quebrou o silêncio. – Eu sabia que você ia dizer não, mas...mas quando a Rafaella pediu ajuda para a Juliette tive certeza que ia ser a nossa chance. Esperava que toda a atenção da mídia e toda a repercussão positiva fizessem você ver as coisas por outro ângulo também...
- Eu não sou nenhuma alienada Acrebiano, eu sei que dinheiro é necessário nesse mundo. – Voltou a olhar para o amigo. – Mas não posso pautar o meu trabalho apenas nele.
- Eles triplicaram a proposta Sarah. Vão me colocar meu nome na porta, lucros de verdade para dividir, sem mais aluguel atrasado, sem mais empréstimos, eu não pude dizer não.
- Você não quis dizer não! – Sarah respirou fundo e apoiou as mãos na cabeça. – Você ficou dando aquele show todo com a Connie Rindel só pra saber se ela ia oferecer mais ou se eu ia pular fora primeiro?
- A proposta é pra nós dois. Eu aceitei a minha, você é livre pra recusar a sua. Connie...
- Iria pedir só por mim. – A advogada completou com um sorriso desacreditado no rosto. Olhou mais uma vez para o agora ex-sócio e não conseguia acreditar na pessoa que via. – Roberta.
A secretária entrou na sala e parou na porta sem saber o que dizer ou fazer. Tinha ouvido tudo.
- Roberta eu vou trabalhar de casa nos próximos dois dias. – Sarah ficou em pé e procurou por uma caixa de arquivos. Esvaziou e começou a colocar os novos casos e os ainda ativos nela. – Se você quiser continuar trabalhando comigo, pode ficar de folga. Só transfere todas as ligações para o meu celular, por favor. – Parou o que fazia e encarou Acrebiano. – E de você, eu quero o contrato assinado com o fim da sociedade no final do dia e as suas coisas fora daqui até eu voltar.
- Sarah...
- Sabe Acrebiano, se Connie Rindel me chamasse para trabalhar com ela, eu iria considerar sim, mas não pelo dinheiro e sim pelo tanto de coisa que eu seria capaz de fazer em um escritório como o dela. Eu não preciso negar os meus princípios para viver nesse mundo. – A loira fez um sinal com a cabeça para Robertae saiu da sala carregando a caixa com todo o trabalho que teria que fazer sozinha agora.
Nem tinha terminado de descer todas as escadas quando ouviu os passos apressados atrás dela. Roberta passou na sua frente e abriu a porta com um sorriso.
- Roberta...
- Já transferi as ligações para o meu telefone, e todos esses novos clientes estão com reuniões marcadas pra amanhã, ali nos West, a menos que você tenha um lugar melhor para conversar com eles. – Ela sorriu.
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Era Pra ser você
FanfictionSarah Andrade é uma advogada pró-bono de Los Angeles. Juliette Freire vive na sombra do seu sobrenome. Uma morte vai aproximar os seus mundos, e o amor que vai nascer nada, nem ninguém será capaz de separar. (Adaptação)