If things go wrong we can knock it down

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Sarah voltou para o apartamento de Rafaella que indicou onde ficava o quarto destinado para Juliette. Com receio foi até lá. Sabia que poderia ser atingida por algum objeto se aparecesse na frente da mulher agora, mas era o mínimo que poderia fazer depois do seu comportamento. Bateu na porta de forma leve.

- Eu prefiro ficar sozinha um tempo Rafaella, por favor.

Juliette estava magoada. Sarah percebeu no tom de voz usado e não poderia culpa-la. Perdeu o irmão, perdeu os advogados e apoio da mãe, ficou horas em uma sala de interrogatório, recebia olhares de culpada de todo mundo, inclusive da sua advogada, a pessoa que deveria defende-la e em vez de condená-la. Sarah bateu de leve mais uma vez e girou a maçaneta.

- Posso falar com você srta Freire?

Juliette estava sentada perto da janela, observando a cidade tentando desviar seus pensamentos do que estava acontecendo. Tudo ficava cada minuto mais pesado e mais difícil e por alguma razão que ela não conseguia explicar, ouvir a loira a chamando de assassina magoou mais que a acusação da própria mãe. Era então essa a visão verdadeira que todos tinham dela? Apenas uma Freire indigna do benefício da dúvida?

Ela ergueu a cabeça para a porta quando reconheceu a voz. A loira estava com metade do corpo para dentro do quarto e a outra metade escondida pela porta. Diante da falta de resposta da milionária, ela entrou completamente e fechou a porta atrás de si.

- Srta Freire eu queria me desculpar pelo que disse. – Sarah começou a falar e a embrulhar as mãos uma na outra, como fazia quando estava nervosa e errada sobre algo. – Eu não conheço você e não tenho direito de julgá-la daquela forma. Nem eu, nem ninguém. Sinto muito pelo meu comportamento inapropriado e...eu gostaria de conversar com você e... – Se enrolou nas palavras quando encontrou aqueles olhos verdes claramente magoados encarando ela.

- E ver se eu sou de fato culpada. – Juliette completou. – Eu acho que sua opinião tá bem decidida srta Andrade, nós não precisamos passar por isso.

- Sim, nós precisamos. Eu não pego e nem nego um caso sem antes conversar com a pessoa. O mínimo que eu tenho obrigação de fazer no meu trabalho é dar o benefício da dúvida para qualquer um que venha me procurar. Eu não fiz isso com você e é inaceitável...

- Então você só quer aliviar a sua consciência? – Ela riu de desgosto.

- Eu quero acreditar em você. – Sarah disse séria e convicta. As palavras foram tão fortes que derrubaram a barreira que Juliette havia montado em relação a advogada. Estava observando aqueles olhos verdes desde o minuto que entraram no quarto e só viu sinceridade em cada palavra até então, mas o que pegou mesmo foi o peso que recebeu a justificativa que Sarah queria acreditar nela. Ela não disse nada, apenas desviou seu olhar mostrando que a advogada poderia falar.

Sarah sorriu de leve e se aproximou de onde Juliette estava. Sentou na cama de frente para a mulher e começou com suas perguntas.

- Qual a sua cor favorita?

- O que? – Juliette parou de olhar para a rua e encarou a loira. – O que isso vai ajudar no caso?

- No momento eu não quero saber do caso, eu quero saber de você. É dessa forma que vou poder saber se acredito ou não em você. – Sorriu. – Cor favorita, vai lá, todo mundo tem uma cor favorita.

Juliette balançou a cabeça em negação enquanto sorria e respondeu a pergunta. Foram mais algumas perguntas aleatórias que ela não via o menor sentido para a advogada fazer. Porém, conseguiu perceber o que a loira fazia depois de um tempo. Manipulação. Juliette estava mais leve, menos preocupada e estava falando naturalmente. Suas defesas estavam baixas e era assim que Sarah conseguia saber o que queria dela naquele ponto da conversa.

Era Pra ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora