If things go right

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Juliette desligou o celular depois da ligação de Bianca e saiu correndo deixando uma explicação muito vaga para Barbara. Pegou um táxi até o seu apartamento, até porque Sarah tinha avisado que estaria lá durante toda a tarde, e no caminho tentou ligar para a amada. A cunhada reclamou que não havia conseguido ter contato com a irmã ou qualquer outra pessoa do escritório, e Juliette teve o mesmo resultado.

Uma parte dela a mandava ficar calma, repetia que estava tudo bem e que a única razão de ninguém atender o telefone era porque as mulheres deveriam estar se divertindo. Simplesmente isso, nada errado. Infelizmente, havia uma parte irracional, que era pura emoção e que impedia que apenas os bons pensamentos tomassem conta, e assim, ela temia que algo estivesse errado.

Saiu correndo do carro, atravessou o hall de entrada com pressa e ficou apertando o botão do último andar repetidamente, mesmo com o elevador em movimento. Quase derrubou a porta de casa e por um minuto se sentiu culpada por uma parte de si vibrar e se sentir aliviada por Sarah estar bem. Com certeza sua expressão não estava nada boa já que a namorada terminou de fazer a pergunta e em menos de um segundo já estava do seu lado.

- Ju o que aconteceu? – Sarah repetiu a pergunta. Juliette estava pálida, com uma expressão apavorada e entrou em casa com uma pressa que deixava claro que algo muito sério havia acontecido.

- Desculpe, não quis assustar você. – Juliette respirou aliviada e abraçou Sarah rapidamente. – E nem atrapalhar vocês. – Sorriu fracamente para as demais mulheres na sala.

- Ok, mas o que aconteceu? Amor fala comigo. – Sarah foi para a frente de Juliette e segurou seu rosto com as duas mãos. Agora era loira quem estava muito preocupada.

- Eu vou contar, mas eu quero que você sente e me escute primeiro! – A voz da diretora foi de ordem. Sarah não gostou do tom, mas obedeceu. Ela voltou para o seu lugar no sofá, e Kerline deixou o lado da amiga livre para Juliette. A milionária sentou, segurou as mãos da amada e começou a falar. – A Bianca me ligou, ela estava tentando falar com vocês, não conseguiu e ficou preocupada. Eu disse que estavam todas aqui e bem.

- Ok, mas você entrou aqui...

- Amor por favor! – Juliette interrompeu a amada rapidamente. Diante do silêncio de Sarah ela continuou. – Bianca me ligou porque precisava te avisar sobre o que aconteceu hoje, antes que você visse o noticiário.

Conforme suas palavras foram saindo, a expressão de Sarah foi mudando. E antes que ela perguntasse algo, fizesse alguma conclusão precipitada, Juliette soltou tudo de uma vez.

- Ocorreu um tiroteio entre a polícia e aquela gangue que sua mãe vem tentando prender, alguns policiais ficaram feridos, um deles é a sua mãe. Ela levou um tiro e está em cirurgia. Bianca não soube dizer como está a situação dela. E ela já ligou pra Connie e pro Colin, os dois estão indo pra lá.

Juliette terminou de falar e ficou esperando Sarah reagir. Por um minuto a loira ficou estática. Nenhuma reação, nenhum som, absolutamente nada. A diretora apertou suas mãos esperando uma resposta, mas Sarah permanecia em silêncio.

Ela tinha ouvido Juliette. Ouvido muito bem. Sua mãe estava quase morrendo em uma sala de cirurgia por ter levado um tiro em serviço. Então esse era o sentimento. O sentimento que Abadia sempre alegou ter cada vez que o telefone tocava com medo que do outro lado fosse alguém comunicando algum acidente com Bianca. Essa era a sensação dos familiares dos policiais. Aquele aperto devastador no peito, aquele medo terrível correndo por todo o seu corpo, a sensação de impotência. Uma lágrima solitária correu pelo rosto de Sarah e Juliette com o polegar gentilmente a enxugou.

- Amor? – Ela chamou novamente.

- Eu preciso ver a minha mãe. – Sarah disse rapidamente saindo do estado atônito e indo para a porta. Não precisava se despedir, não precisava explicar nada. Todas as mulheres entendiam a situação, e acompanharam o casal na saída de casa.

Era Pra ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora