When you're getting down

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Depois de dois dias corridos entre tribunal e conversar com seus clientes, Sarah finalmente teve um tempo na sua agenda para ir atrás de uma sala. Estava começando a ficar patético ela trabalhando em casa e fazendo reuniões nos West. Ela e Roberta estavam a caminho da terceira sala. As duas primeiras eram grandes demais e o aluguel era impossível para o orçamento apertado.

- Soube que o aluguel por aqui é um pouco salgado. – A voz de Kerline atingiu as duas mulheres. Sarah sorriu e cumprimentou a amiga primeiro.

- Não brinca com isso, é a terceira que vamos visitar hoje! – A loira disse já desanimada.

- Não deve ser muito caro se você tiver com quem dividir. – Kerline respondeu encarando a advogada sugestivamente.

- É, Roberta praticamente paga pra trabalhar, então não tem com quem dividir. – Sarah explicou com um singelo sorriso e olhou com culpa para a secretária. Tinha prometido e estava cumprindo um aumento do salário (os primeiros salários praticamente) que a mulher ganhava, porém não tinha ideia de como ia conseguir manter.

- Você sabe ser lenta quando quer. – Kerline debochou e apontou para um restaurante do outro lado da rua. – Vamos conversar? Minha vez de fazer uma proposta doutora!

Sarah franziu o cenho e olhou para Roberta. Kerline tinha uma proposta? A última proposta que aceitou acabou com as duas na cama, porém tinha certeza que não seria nada assim dessa vez. Já que tinha ficado desanimada com o possível aluguel caro da sala, atravessou a rua para o local indicado pela amiga e passou os próximos 15 minutos em completo silêncio.

- Eu meio que esperava que você falasse alguma coisa! – Kerline disse um pouco receosa e olhou para Roberta em socorro.

- Kerline sabe que eu faço pró bono, nossas linhas de trabalho são diferentes...

- Eu sei também que você não ganha dinheiro porque é teimosa. – Rebateu séria. – Por que não aceita a proposta de trabalho da Juliette?

- Que proposta de trabalho? – Roberta encarou a loira.

- A Juliette quer que eu seja a advogada oficial do hospital. Fechar um contrato mensal, mas eu disse que quando ela precisasse ela poderia me contratar e...- Parou de falar ao ver a cara que a secretária fazia para ela. – Não faz essa cara. Eu não quero ser sustentada pela minha namorada! – Encarou a amiga. – Não fala nesse assunto, já me basta a Juliette insistindo dia sim e outro também.

- Meu Deus que pecado terrível, a Juliette quer a melhor advogada da cidade trabalhando pra ela. – Kerline debochou. – Ela não precisa ser a sua única cliente pagante. – Tirou da sua bolsa três pastas e mostrou para Sarah. – São três empresas pequenas, a maioria dos problemas nem chegam perto de um tribunal e sim fogem totalmente da sua linha de trabalho, mas eu sei que você sabe lidar com isso. Sei também que são clientes íntegros e que preenchem o seu perfil de escolha em quem defender.

- Tá me dando clientes? – Riu para a outra advogada. – E a promotoria?

- Deixei a promotoria, não estava me fazendo bem. – Falou séria. – E não estou te dando, tou te mostrando nossos primeiros clientes se você abrir uma sociedade comigo! Sua fama, meus contatos, uma sala no centro – Foi enfática naquela parte. – E mais o hospital infantil como cliente, vamos começar muito bem. – Olhou para Roberta. – O que acha? Posso te roubar pra mim se ela não aceitar?

- Kerline...

- Você ficou com o Bil todo esse tempo, e nós duas nos conhecemos bem antes dele. Eu nunca tive a minha chance. – Fez um beicinho e deu uma suspirada dramática.

Sarah revirou os olhos e jogou a cabeça para trás. Nunca tinha trabalhado com Kerline, mas sabia que a amiga era uma ótima advogada. Ganhou dela no tribunal em uma briga bem acirrada. Mesmo que uma parte de si ainda estivesse magoada com tudo o que aconteceu com Bil, ela ainda acreditava que existiam mais advogados como ela no mundo. Sorriu e voltou a encarar a amiga:

Era Pra ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora