Capítulo 10 - ELE VOLTOU

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Passaram-se 5 meses, e ele retornou. Eu já estava um pouco cheinha, de roupa larga não dava para perceber muito. No exato momento em que chegou, eram 10 horas da manhã, eu estava deitada na rede da varandinha do apartamento, lendo algo sobre vulcões, sempre gostei de coisas e fenômenos da natureza, magmas vulcânicos, terremotos, tempestades, ventos, ciclones, tornados, maremotos, tsunamis... todos incontroláveis, terríveis e deixam rastros dos seus mal feitos.

Ele chegou pé ante pé e puxou o livro, eu estava meio sonolenta, tentando fixar os olhos na leitura, assustei.

Era uma visão,  estava lindo todo de jeans, mochila nas costas, coturno nos pés, óculos escuros, os cabelos estavam maiores, parte presa por um rabo de cavalo. A miragem me deu as mãos, levantei da rede  e ele me abraçou. Disse que estava com saudades, não via a hora de chegar em casa.

Fiquei contente, mas temerosa. Divaguei

Será que iria me mandar embora quando soubesse, será que iria me falar coisas decepcionantes, não sabia o que pensar. Resolvi  ouvir tudo que ele tinha para me contar, sobre as gravações, sobre as atrizes, as fãs e aguardar o momento certo, se é que existia um momento certo, para falar sobre gravidez. Ainda mais que não foi programada.

Eu já estava no quinto mês, não tinha mais remédio. Eu poderia ir embora se ele quisesse e pronto. Tenho a casa que era dos meus pais. Estaria tudo resolvido.

Já tinha algum dinheiro guardado para reiniciar minha vida, eu não havia desejado isto, mas estava feliz. tinha vivido o meu sonho. Sonho que eu nem havia sonhado.

Muitas mulheres  gostariam de estar no meu lugar. O fanatismo delas por um ídolo talvez fosse para ocupar o vazio de suas vidas, alguém para pensar, para sonhar.

Eu sempre pensava nelas, como se eu tivesse conseguido ganhar uma corrida de mulheres lindas, corpos esculturais, jovens, famosas, com vidas promissoras, e eu fosse a menos favorita, a que não tinha nenhuma chance, mas que havia passado na frente, como na fábula da lebre e da tartaruga. Eu era a vencedora. Adorava pensar isto.

Estar grávida na verdade não era um problema, eu nunca mais estaria sózinha, eu iniciaria uma família, todos os meus já haviam partido, e agora haveria uma continuação. Sem falar nada ainda eu já estava me acostumando com a idéia de partir. Talvez fosse o melhor a se fazer.

Tinhamos uma diferença de idade bem significante. 14 anos. Era bem  ridículo isto, se fosse o inverso, ele o mais velho, não teria problemas, mas neste caso especificamente, a sociedade machista iria me colocar adjetivos ultrajantes se isto fosse a publico, imaginem a familia dele, o que diria.

Se tivéssemos usado proteção, agora eu nem precisaria estar pensando nisso. E as outras mulheres, as que tinham tudo para ganhar, mas perderam, o que diriam?

Mas a verdade é que a única coisa que realmente importa, para mim neste momento sou eu e essa criança. Penso nele também.

Dói pensar em me separar dele, o coração, o amor, eles não tem idéia da lógica, não compreendem a racionalidade. Simplesmente atuam como se não tivesse nenhum vínculo com nada, o coração bate forte, o amor toma a frente, o sangue ferve nas veias, o desejo fica incontrolavel e você percebe que ama  um menino que decidiu ser homem e te tomar por inteira.

E foi ele quem começou. Eu só permiti, eu só quis também. Sou inocente, se tiver um julgamento, apesar de toda a vivência a mais, eu deveria ser considerada inocente.

Todas que me condenarem, fariam o mesmo que fiz se estivessem em meu lugar. 

Ele disse:

- Moça, você está me ouvindo.

Respondi: - estou sim, acho melhor almoçarmos e continuar nossa conversa depois. E sorri.

Ele concordou, mencionou que estava com saudades de minha comida, comer em restaurantes é bom, mas enjoa e ele nem tem um estomago tão bom assim. 

Almoçamos em silêncio.


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