Capítulo 21 - NOVO DIA

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Ao amanhecer, alimentei o gatinho, fiz carinho, fui até a garagem onde estava meu carro e o liberei. Ele saiu saltitando, logo se entreteu a brincar pelo jardim do condominio. Toda separação é difícil, dolorosa.

Para me conformar, pensei que poderia ter um dono triste pelo seu sumiço, fechei a garagem e fui trabalhar. Devo recomeçar a pensar que aqui é só meu trabalho e pronto.

Peguei o carrinho com Kiraz, que ainda dormia tranquila e fui para a cozinha preparar o café da manhã, adiantar o almoço, hoje eu gostaria de fazer limpeza na parte de baixo e colocar algumas roupas do patrão na máquina de lavar. Estava irada, estava magoada, ele nem olhou para nossa filha.

Assim fiz, tomamos café da manhã em silêncio.  Ele perguntou se estava tudo bem conosco, respondi que sim, disse que estava assoberbado de trabalho e ficaria em cima hoje. Eu disse que o chamaria para o almoço quando estivesse pronto. Ele concordou. E assim foi.

Executei toda minha agenda do dia, preparei as refeições, almoço e janta e fomos para o apartamento.

Enquanto ela assistia desenhos na TV, cuidei da limpeza da nossa casinha, lavei roupas e cansada, fiquei sentada na saleta junto com ela, lendo um livro. Me distraí, consegui relaxar e esquecer esse mau momento. Tive muita vontade de arrumar as coisas e ir embora com a minha filha, mas não é bom agir de cabeça quente.

Peguei o celular e coloquei o relógio para chamar na hora de dar almoço para o moço. Fui contratada para cuidar da casa e de seus moradores. E é isso.

Coloquei ela no tapete um pouquinho e começou a dar os primeiros passinhos segurando no sofá. Fiquei muito feliz, liguei para Alya e contei a novidade, disse a ela que logo iria visitá-la. Quem sabe passaríamos o aniversário da pequena juntas. Disse que eu não havia dito nada aos patrões, se desse nós iríamos.

Eu estava muito ferida, o silêncio dói mais do que palavras, em alguns casos. 

E de verdade, o meu maior presente era Kiraz, porque este não era um relacionamento que me fizesse feliz, haviam momentos de felicidade, carinho mas mentalmente eu estava sempre contestando, justificando, me convencendo, já não era tão fã dele.  Sempre tão encantador, simpático, me confunde. Mas agora eu deveria reavaliar a situaçao.

O relógio despertou, estava na hora de almoçar, coloquei Kiraz no carrinho porque já estava sonolenta e fomos para a cozinha. Interfonei perguntando se iria almoçar em cima ou se  desceria. Ele disse que estava acabando uma reunião e desceria para almoçar. Aguardei

Eu não tenho essa flexibilidade emocional.

O moço que desceu para almoçar era completamente diferente do que chegou aqui ontem a tarde e que tomou o café da manhã comigo.

Estava bem humorado, foi até o carrinho ver Kiraz dormindo, perguntou se estava tudo bem, se ela havia gostado do gatinho. Eu disse que ela gostou sim, mas que eu o havia libertado esta manhã.

Ele perguntou porquê, fiquei desconcertada e disse que poderia ter um dono, uma criança quem sabe, e estaria chorando a perda. Porisso o liberei. Tive vontade de chorar, mas me contive.

Disse que poderíamos adquirir numa clínica um outro gatinho, dar vacinas, castrar e trazer, que traria alegria para a casa, iria colorir nossas vidas e de Kiraz também. Será que havia escutado meus pensamentos? 

Disse a ele que não sabia se seria bom para ela, porque era muito novinha. Ele me olhou demoradamente, contorceu a boca para a lateral e não disse nada. Almoçamos e foi dormir um pouco no sofá, disse que esta noite demorou para adormecer e estava cansado. Perguntou se eu poderia chamá-lo as 16 horas porque teria uma reunião. Respondi que sim. 

Subi, desci com uma colcha e o cobri. Fomos para o apartamento Kiraz e eu.


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