Acordamos, eu já havia decidido que não acompanharia as notícias porque não poderia fazer nada por ele a não ser orar. Imaginei que estava bem acompanhado de seus pais, amigos da série, já deveria ter uma namorada linda, jovem, compatível com seu nível social, não seria eu, uma simples empregada que iria buscar notícias. Melhor não me envolver.
Hoje era dia de trabalhar na lavanderia, passar roupa, mas até que não pagavam mal e na hora dela sair eu estava na porta da escola esperando. Era muito gratificante ver sua carinha de felicidade quando me via. Todos os dias quando chegava em casa tinha que limpar as sujeiras de Kiki. Esse era o nome da cachorrinha. A abreviatura do nome dela. Kiraz Kiara.
Como ficava sozinha no período em que saímos para trabalhar e ela estudar, aproveitava para fazer bagunça, era vingança por nossa ausência.
Quando chegamos, Kiraz e eu, no portão de nossa casa, vi o pai dele parado esperando. Do outro lado da rua estava o motorhome, ela o reconheceu imediatamente. Pulou no colo do avô.
O pai dele disse que gostaria de conversar conosco. Elogiou Kiraz, disse que estava muito bonitinha de mochila e uniforme escolar. Perguntou se gostava da escola e isto foi o start para que disparasse a falar. O pai dele sempre foi muito atencioso com ela, ouviu tudo atentamente, parecia uma maritaca, ele riu bastante, beijou ela muitas vezes.
Em dado momento, percebi que ele estava no motorhome olhando pela janela, meus olhos marejaram, gostaria de vê-lo, necessitava estar perto dele. Entramos, Kiraz foi pegar kiki para mostrar ao vovô, depois foi brincar com ela, nos deixando conversar um pouco.
O pai dele me perguntou se eu havia conhecido o noticiário. Afirmei que sim. Quis saber como ele estava. Disse que não havia sido grave, fisioterapia, tranquilidade e distância da mãe, ajudaria muito na sua recuperação. Senti mágoa em sua voz.
Depois que vocês se foram, ele teve muita dificuldade para saber do seu paradeiro e de Kiraz. Culpou a mãe por tudo que aconteceu, o passeio do motorhome, a visita da sobrinha dela que sempre foi muito mal caráter, por fim, o segurança me revelou que havia anotado a placa do veículo de locação e o nome da Empresa, isto era de praxe quando o veículo não era cadastrado no condomínio, e conseguimos descobrir o endereço de vocês. Ele queria vir pessoalmente falar com você, mas sua mãe começou a discutir, falando as coisas que você já sabe, ele ficou muito nervoso, foi para a gravação e passou mal.
A culpa foi dela, tem essa mania de querer dominar a vida das pessoas, não consegue entender o mal que faz aos outros. Deveria cuidar de sua própria vida, perdeu a cabeça com a fama do filho, recebeu tantos elogios dos fanáticos, que se tornou um vício. Quando as pessoas acostumam a ouvir elogios, precisam de cada vez mais só para se sentirem equilibradas. É muita vaidade.
E o fato dele querer se preservar, não se expor tanto a enlouqueceu. Você já percebeu que ela está sempre ao lado dele nas fotos?
É tudo ambição, nem os amigos do tal nível social que ela diz ter a suportam.
Mas ele é filho, respeita, ama seus pais, agora entendo porque não queria de maneira alguma que ela soubesse seu endereço, a propósito, não está mais naquela casa, mudou para outro endereço, agora para se preservar da mãe.
Continuou:
- ainda vou conhecer a casa, mas me disse que tem a mesma estrutura, muros altos, cerca elétrica, bloqueio de drones, a mesma quantidade de garagens, é no mesmo condomínio, mas sua mãe não sabe disso.
A casa de vocês foi pintada, os móveis já estão instalados, está como era antes. Me parece que esta casa não tem piscina, disse que não é necessário porque dá trabalho e ninguém usa. A casa antiga está a venda e já tem compradores.
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AMOR IMPROVÁVEL
CasualeEsta história é um pouco diferente, não esclareço o local onde se desenvolve, nem qual é o ator principal, poucos nomes, mas a história é bem envolvente. Detalhe: tem numeros, gosto deles. Assim que você iniciar a leitura terá sua epifania, se deli...