Capítulo 43 - PRIMEIRO DIA NA NOVA ESCOLA

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Todos os dias acordo cedo, faço ioga, medito. Arrumei Kiraz ainda dormida, o novo uniforme era uma graça, bem bonitinho. Arrumei a mochila de rodinha, na lancheira coloquei os lanches sugeridos pela escola, não sei se ela gostaria, mas era bom que todos levassem coisas semelhantes.

Fui preparar o café da manhã dele, arrumei tudo na mesinha de rodas e fui acordá-lo. Precisava despertar, fazer sua higiene e se alimentar porque logo o fisioterapeuta iria chegar.

Ele acordou bem humorado, concordou comigo, foi para o banheiro andando bem devagar, fiquei do lado só para apoiar, logo saiu de cabelos soltos, disse que iria trocar o pijama por um moletom, eu peguei um bem bonito de cor vinho, a camiseta da mesma cor, ficou muito bom, tomou café da manhã e ligou a TV para ver noticiário.

Fui para a cozinha, prefiro viver no nosso mundinho e deixar o mundo lá fora, alguns podem não achar correto, dizer que sou alienada, mas essa sou eu.

Arrumei tudo, limpei a cozinha e fui dar café da manhã para ela, que continuava dormindo no sofá da nossa casinha, uniformizada. Falei no ouvidinho dela que a van da escola já ia passar, ela acordou, comeu toda animada, escovou os dentinhos, correu para beijar o baba e fomos para o portão aguardar.

A van chegou 2 minutos depois, já com as crianças do condomínio e outras de fora. Kiraz entrou tímida, sentou e vi quando as meninas perguntaram seu nome. A van foi embora.

O fisioterapeuta chegou, aproveitei para perguntar se precisava de ajuda e qual era o real estado dele. Pacientemente me explicou que o AVC  não deixou sequelas perigosas, e o tratamento era mais para aumentar a autoconfiança dele, exercitar os músculos, em pouco tempo estaria recuperado. O mais importante é tentar administrar a ele uma vida confortável, sem conflitos, porque o estado de ânimo dele é o mais preocupante. 

Sou fisioterapeuta dele e também somos amigos há anos, nunca o vi desistir de nada,  logo que aconteceu o AVC parece que havia desistido de tudo. Estava sem vida, triste, seu pai estava muito preocupado. Hoje me pareceu mais alegre, arriscou algumas brincadeiras, acredito que melhorará logo.

Não o trate com mimos excessivos, pode exercitá-lo nos dias em que eu não venho, os aparelhos estão "tarados" para fazer seu trabalho no menor nível para não cansá-lo e ademais ele já os conhece todos. Pode administrar o próprio tratamento, jogou basquete na faculdade, sabe muito a respeito. 

E entrou para a fisioterapia do dia.

Eu ainda não conhecia a parte de cima da casa dele. Subi a escada para matar minha curiosidade. Havia 3 quartos com suite e mais um banheiro no corredor.

Calculando, 4 banheiros para limpar em cima, 3 quartos e uma enorme biblioteca, onde estavam os livros dele tudo bagunçados. Parecia que simplesmente tiraram da outra casa, jogaram de qualquer jeito nas estantes e fecharam a porta.

Havia um bela mesa de reuniões de madeira escura com várias cadeiras. No outro canto próximo as estantes, estava o famoso chesterfield, sofá mais sem graça, com outras 2 poltronas maravilhosas. Estavam frente a um tapete muito bonito que ornava com a madeira das estantes, da mesa e das cadeiras.

O mais bonito eram as janelas, com vitrais coloridos. Encostei minha mão nas janelas, sempre amei esse tipo de janelas. Em todos os cantos havia lindos abajures pedestais. Comecei a arrumar os livros de acordo com os meus critérios. Tentei separar por assuntos e fui ajeitando nas prateleiras. Por enquanto, estavam todos os livros em cima da mesa, e alguns já guardados para definir quais ficariam em quais lugares. Chamei estes de livros guias, assim ficou fácil e logo terminei a arrumação. Amanhã revisaria para ver se tinha algum colocado em lugar errado. Mas hoje não dava mais, estava cansada e o dia estava só na parte da manhã.

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