047

4.1K 451 113
                                    

2/2

— Eu já disse que você tem que se calar. — S/n repreendeu após longos minutos de discussão com sua irmã. — Depois do que você fez…

— E o que eu fiz?— Annabel indagou irritada e S/n riu com escárnio.

— Não se faça de sonsa, garota. — S/n disse. — A minha conversa com você eu deixo para depois. Agora vou levar a mamãe.

— Você não vai, sua idiota! Annabel, por que está falando assim com a sua irmã? — Carol indagou ao voltar já pronta para o local e a garota respirou fundo.

— Mãe, você não precisa ir com ela, você está bem! — Annabel disse.

— Não. Ela não está e você sabe disso. — S/n retrucou. — Qual é a droga do seu problema, Annabel? Está esperando que o episódio se repita? — A garota então se calou, fitando o chão por segundos intermináveis.

— Não posso deixar que tire a mamãe de mim. — Ela disse finalmente em um tom baixo, todavia, desesperado. — Eu só tenho ela. O papai se foi.

— Só vou ao médico, querida. Não exagere. — Carol disse rindo.

— Não, mãe. Ela vai te internar. Ela quer te trancafiar num maldito sanatório. — O sorriso de Carol morreu ao ouvir a voz firme de sua filha. A mulher piscou confusa e se virou para S/n.

— Não. — Ela disse. — Nós só vamos ao médico, não é, querida? — Carol perguntou e S/n suspirou. 

— Você não devia ter feito isso. — S/n disse irritada para Annabel. — Mãe, escuta, você precisa ficar lá por um tempo.

— Não. — Carol disse sentindo a irritação a inundar. — Eu não preciso. — Falou magoada. — Não acredito que me apunhalaria pelas costas. — Ela disse, começando a negar com a cabeça freneticamente conforme seu corpo começava a tremular de raiva. — São eles. Sempre eles... Esses malditos demônios que querem me ver morta, filha. Eu não sou louca. Não sou. Você sabe, não sabe? — Ela indagou, fazendo S/n assentir.

— Você só precisa de ajuda, mãe, e está tudo bem isso. Todos nós precisamos em algum momento da vida. — S/n disse, sacando o celular de sua bolsa para chamar uma ambulância.

— O que está fazendo? — Annabel indagou.

— Consertando novamente as merdas que você faz. — Replicou.

— Não sou louca. Não sou, — Carol repetiu negando ainda com a cabeça freneticamente. — Foi só ficar longe de mim que você se transformou em uma cobra, uma falsa que quer me destruir, acabar com a minha vida. — Carol disse irritada, elevando o tom de voz. — Você se aliou com eles para me matar. Sua perdida, infeliz…

S/n sabia que aquela não era a sua mãe, era só alguém tentando atingi-la, porém não conseguiria, afinal ela já estava acostumada. Assim que finalizou a ligação (apesar da tentativa de Annabel para ela desligar) ela fitou novamente sua mãe.

— Maldita filha que eu fui ter...

— Titia? — A voz fina vinda do topo da escada fez S/n se apavorar. Ela sabia que a qualquer momento Carol começaria a jogar coisas nela.

Tal pensamento a fez subir as escadas às pressas e pegar Adelaide no colo, descendo com ela antes de correr em direção ao primeiro empregado que encontrou pelo caminho. Ela sentia sua mãe correr em seu encalço, mas nem sequer olhou para trás. 

— Preciso que se tranque no meu carro com ela e só saia de lá quando eu for avisar. — S/n disse, entregando a garota rapidamente para a mulher e pegando sua chave de seu bolso para logo fazer o mesmo com ela.

Presa Por Acaso (Billie Eilish / You) Onde histórias criam vida. Descubra agora