Capítulo 10

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Rebeca me esperava em sua casa com uma xícara de chocolate quente em mãos. Após ouvir suas reclamações acerca da minha demora, subimos para o seu quarto. Joguei-me em sua cama, e ela me entregou o chocolate quente que tinha me preparado.

Eu havia demorado o triplo do tempo que imaginara para chegar à sua casa. Acontece que descobrir que eu estava sendo acusada de matar um líder criminoso o qual nunca vira na vida me deixou fora de mim por algum tempo.

— Jonas está agindo estranho comigo. — Rebeca iniciou.

Analisei-a enquanto assoprava meu chocolate quente na tentativa de esfria-lo. Esperei ela continuar, mas não me parecia que Rebeca iria dar continuidade.

— Por quê? Você fez alguma coisa a ele?

Rebeca mordiscou o lábio inferior e suspirou.

— Lembra que no sábado eu quis voltar mais cedo da festa?

Lembro sim. Era difícil esquecer a noite em que havia descoberto que pessoas com superpoderes existem, que foi um pouco depois de quase ter sido esmaga pela Suburban.

—O que tem? — Perguntei a ela.

— Estava conversando com Jonas, e em um certo momento, ele me beijou.

Eu arregalei os olhos e me engasguei com minha bebida, pelo menos o líquido não estava mais tão quente.

— Então, vocês estão juntos?

Eu vivi para ver isso acontecer. Nem acredito.

— Nós não estamos juntos, Agnes. — Rebeca me corrigiu.

Ela suspirou, trazendo os joelhos para perto do peito e pondo os braços ao redor.

— Não estão?

Ela negou.

— Eu fugi. Depois do que ele fez, eu... Eu simplesmente fugi.

Minha mente tentava entender por qual motivo Rebeca teria escolhido, de todas, essa opção.

— Depois disso. — Ela retomou. — Evitei-o durante alguns dias, e então resolvi falar com ele quando tive coragem, mas ele foi frio, mal olhava para mim e não quis conversar comigo.

Minha amiga estava chorando, e isso era algo que poucas vezes havia visto em nossos longos anos de amizade.

— Ok, é óbvio que Jonas está irritado por que você o ignorou depois que, após vários anos completamente apaixonado por você, ele teve, finalmente, coragem de fazer algo ousado.

Rebeca confirmou.

— O que não compreendo é que você aparenta estar mais abalada do que deveria para alguém que não é apaixonada por ele.

Rebeca fungou e confirmou novamente.

— Você está apaixonada por ele, Rebeca? — Perguntei.

— Eu... Não sei. Talvez. — Ela me respondeu.

Abri a boca. Fechei a boca. Resolvi ficar em silêncio tentando absorver toda aquela informação.

— O que faço agora?

Rebeca estava com o rosto inchado, e esta era uma das poucas vezes que a via tão despreocupada com o aparência. Ela vestia um blusão cinza com um short de pijama. Não usava maquiagem e seu cabelo estava preso em um choque alto.

— Converse com ele, peça desculpas e conte a verdade, que você está caidinha por ele.

Rebeca me fuzilou com o olhar.

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