Capítulo 7

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— Você não vai acreditar em quem me pediu seu número. — Rebeca falou enquanto se sentava no banco do carro.

— Não quero nem saber. — Respondi.

— Josh. — Ela disse ainda assim. — Ele é um gato. Você devia lhe dar uma chance.

Revirei os olhos. Passei pela Avenida Houston chegando perto do cruzamento com a Avenida 12th. Meus dedos estavam congelando devido ao frio avassalador daquela manhã. O inverno havia começado a dar as caras e isso me deixava um pouco mais para baixo do que eu normalmente ficava.

Puxei as mangas do casaco e virei na Avenida Northey.

— Você sabe por que ele pediu o meu número, não é? — Perguntei o óbvio.

— Sim. Mas não acho que seja necessariamente por causa de Mark que todos os garotos da escola estão atrás de você. Pode ser que isso tudo só tenha aberto os olhos das pessoas sobre o quão incrível você é. — Rebeca respondeu.

Mark bufou ao meu lado.

— Ok, você já está exagerando.

— Agnes, você sempre se escondeu das pessoas e agora que todos os olhos estão focados em você, não tem como não repararem nisso. Você não acha, Mark?

Engasguei. Olhei para o seu reflexo no retrovisor. Rebeca só podia estar brincando comigo. O quê? Ela resolvera desistir de Mark e agora o empurrava para mim? Para Rebeca tudo era como um filme clichê, no final um casal sempre tinha que aparecer.

Fiz uma careta para ela, que na mesma hora me devolveu um sorriso torto.

Antes que Mark pudesse responder à pergunta, um Sedã prata avançou em uma Hilux branca na faixa ao nosso lado. Gritei ao ver que o impacto fez a Hilux vir em nossa direção.

O carro se chocou contra o nosso. Segurei firme o volante enquanto Urso Polar girava pela avenida. Bati a cabeça no vidro lateral quando o meu carro colidiu em algo e parou. Pus a mão na testa e senti sangue quente em meus dedos. Durante alguns segundos, tudo pareceu girar à minha volta.

Olhei ao redor. Meu carro havia colidido com um poste. Se não fosse por isso, teríamos invadido uma loja de artigos de praia que havia no local.

Olhei para Mark, e ele estava atento ao que acontecia do lado de fora. Sons de tiros iniciaram e meu estômago embrulhou. Ouvi Rebeca gritar. Virei-me, e ela olhava para fora do carro horrorizada. Segui seu olhar. Tom e mais três homens, entre eles Carter e Hari, se escondiam atrás da Hilux enquanto atiravam contra algo que estava fora do nosso campo de visão.

Um tiro atingiu Urso Polar na parte de trás e o vidro se estilhaçou. Virei-me novamente, temendo o pior. Rebeca estava abaixada no chão do carro, mas não parecia estar ferida. Um alívio tomou conta de mim.

Mark saiu do carro, se movimentando com a agilidade de um espião, e se juntou ao seu pessoal. Alguém correu para lhe entregar uma arma, e um segundo depois, Mark se posicionava atrás da Hilux, pronto para atirar.

Resolvi que também já estava na hora de sair do veículo. Rebeca ainda estava no chão do carro em posição fetal, com os braços por cima da cabeça. Abri a porta de trás e puxei-a. Ela não se moveu. Puxei Rebeca com mais força, e ela cedeu.

— Quando eu disser, corremos para dentro da loja, está certo?

Rebeca fez que sim.

Estávamos de cócoras no chão ao lado de Urso Polar, esperando o momento certo.

Outro tiro soou pelo ar e se chocou contra o meu carro. O vidro ao meu lado se estilhaçou, caindo no chão próximo a mim. Se eu ainda estivesse sentada naquele banco, ele teria me atingido e eu estaria morta.

Sangue LealOnde histórias criam vida. Descubra agora