Capítulo 15

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Mark me encaminhou ao lugar que seria o meu quarto durante aqueles dias na Organização. Era simples mas aconchegante, ao menos a cama parecia confortável. Pus minha mala em cima do colchão e me virei para olhá-lo. Ele estava escorado na porta de braços cruzados.

Nós ainda não havíamos conversado sobre o que acontecera mais cedo e eu não havia conseguido falar com ele normalmente depois disso. Eu sempre fui tímida e por conta disso eu nunca havia chegado na parte onde um garoto me beijava. E, bom, Mark não era exatamente o tipo de garoto que havia imaginado para mim, ele estava mais para o tipo que eu imaginara para Rebeca. Atlético, alto e bonito. 

Ainda assim, ignorá-lo não era a opção mais racional a se fazer e eu sabia disso. Eu havia reclamado com Rebeca quando ela fizera isso com Jonas, mas agora eu estava indo pelo mesmo caminho. Eu havia mordido a língua e descoberto que falar é bem mais fácil do que fazer.

— Quando... Éééé... O quê vai acontecer a partir de agora? — Me forcei a perguntar algo, falhando miseravelmente em não soar de forma esquisita. 

— Vamos planejar um ataque contra Leon. Ele não vai descansar enquanto você não estiver morta. — Mark parecia tranquilo, o que me fez pensar que não era a primeira vez que ele se declarara para alguém. Bufei incomodada.

— E quanto aos meu poderes? — Puxei um fio desfiado da minha blusa de algodão.

— Vamos ensiná-la o que precisa saber sobre ele. Agora que você é parte da organização temos o dever de prepará-la.

— Me preparar para o que? — Perguntei depois de arrancar o fio que agora eu brincava entre os meus dedos.

— Bom, a partir de agora você provavelmente participará das missões junto comigo no futuro.

Meus olhos saltaram ativos em direção a Mark, interrompendo o meu divertimento.

— Espera aí, eu não disse nada sobre me juntar a Organização ou de missões com você.

— Você não quer? — Seu tom denunciava a sua decepção.

Esfreguei minhas mãos suadas em minha calça e olhei para elas.

— Não é que eu não queira. É só que eu não quero pensar em nada disso ainda. Minha vida tem mudado muito em um curto espaço de tempo e eu não quero pensar no futuro, quando já me dói pensar no presente.

Ouvi-o suspirar. Mark se aproximou e meu coração, automaticamente, disparou.

Eu precisava urgentemente me lembrar de como eu agia na presença de Mark antes de tudo ter virado de cabeça para baixo. Parecia que eu havia batido a cabeça forte em uma parede e alguns dos meus fios cerebrais haviam se desconectado. Se Mark não tivesse se confessado para mim tudo estaria melhor, eu não estaria pifando agora. Acontece que ainda que essa situação fosse extremamente desconfortável, uma parte de mim estava saltitando de alegria pela simples noção de saber que Mark estava apaixonado pela minha pessoa. Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer. Se existisse um jogo no qual o objetivo era adivinhar a quem o coração de Mark pertenceria no futuro, eu apostaria todas as minhas fichas em alguém como Rebeca e me colocaria no último lugar da fila. Eu até gargalharia de meu nome estar entre as opções. Mas ainda assim, mesmo eu sendo baixinha, de beleza mediana, um pouco sem sal e a nerd da turma, Mark olhou para mim. Não só olhou, como agora seu coração me pertencia.

— Você não precisa pensar nisso agora, Agnes. Me desculpe por isso.

Eu assenti, ainda encarando minhas mãos.

— Você está tão fofa agora, tentando agir com naturalidade comigo.

Ah, droga! Porque ele sempre reparava em tudo. Eu não era uma boa atriz, mas Mark ao menos podia fingir não ter reparado na minha péssima atuação. Apostava que minhas bochechas estavam em um tom pimenta malagueta nesse momento.

Sangue LealOnde histórias criam vida. Descubra agora