Saí de casa na manhã de segunda pronta para a escola. Apesar do final de semana assustador, dormi feito uma pedra na noite anterior. Estava muito cansada. Ainda assim, a primeira coisa que fiz ao acordar foi me certificar de que Tom e seus homens estavam rondando a casa. Depois de checar pela janela e não conseguir avistá-los, resolvi mandar uma mensagem e logo recebi uma confirmação de sua parte.
Estava chegando ao carro quando ouvi um som de buzina. Virei a cabeça e avistei Mark montado em sua Rocket 3R.
— O que está fazendo? — Perguntou-me.
— Estou indo para a escola. O que mais estaria fazendo a essa hora do dia em uma segunda-feira?
— Em seu carro? Sozinha? Você acha mesmo que isso é uma boa ideia? — Mark cruzou os braços.
— Acha que eles me atacariam durante o trajeto?
— Lembra onde estava da última vez que quase foi morta? — Ele ergueu uma sobrancelha.
Suspirei alto. Mark deu duas batidinhas no banco acolchoado atrás de si, indicando onde eu deveria me sentar.
— Mas tenho que passar para buscar Rebeca, e este veículo aqui, além de mais seguro, cabe mais de duas pessoas.
Dei um sorriso amarelo e o imitei, dando duas batidinhas na lateral de Urso Polar. Mark fez uma careta, estacionou a moto e foi em direção ao passageiro do carro com a cara emburrada. Dei a partida e Urso Polar se moveu.
Tinha que pensar em uma desculpa para dar à Rebeca antes que aparecesse em sua casa. Eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela não acreditaria em qualquer história. Precisava inventar alguma coisa bem elaborada.
— Escuta, Mark, qual desculpa devo dar à Rebeca sobre o fato de que, a partir de agora, você não vai sair da minha cola? Não quero que ela pense besteira.
Vi, de soslaio, ele me olhar.
— Está realmente preocupada com isso? Você tem coisas mais importantes para se preocupar agora.
Dei um longo suspiro.
— Ainda não caiu a ficha, sabe? Estou tentando não pensar tanto em toda a situação para não enlouquecer.
Houve um silêncio por algum tempo. Mark coçou a garganta e falou:
— Diga que eu pedi sua ajuda em Matemática. — Ele sugeriu. — Mrs. Yang não facilita para a gente mesmo.
— Mas por que eu aceitaria? — Questionei. — Como vocês dois bem sabem, eu não sou muito sua fã.
— Ela acreditaria nisso caso Mrs. Yang lhe oferecesse uma troca. Até onde eu sei, você é sua melhor aluna e eu sou um novato com dificuldades em Matemática. Na sexta, Mrs. Yang falou de você para mim, dizendo que você poderia me ajudar com a matéria. Eu, totalmente interessado em passar de ano, me aproximei de você, e você aceitou em troca de alguns pontos na próxima prova. Essa é uma boa desculpa.
Essa era uma ótima desculpa, na verdade. Mrs, Yang poderia ter falado de mim para Mark, e ele se aproximado com o objetivo de me induzir a ajudá-lo na matéria. Rebeca sabe que eu não cairia no seu jogo, mas Mark não me conhece bem o suficiente para saber disso, e Rebeca sabe disso. Acontece que eu só concordaria em ajudá-lo caso Mrs. Yang me oferecesse uma moeda de troca. Se eu dissesse à Rebeca que Mark pedira minha ajuda e que Mrs. Yang me prometera pontos extras na próxima prova caso eu aceitasse ajudá-lo, havia boas chances dela acreditar.
— Além disso, as pessoas têm uma habilidade incrível de usar as outras fingindo interesse nelas. Por esse motivo você não sairia da minha cola. — Complementei.
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Sangue Leal
Teen FictionAgnes Williams é uma garota comum, que vive uma vida comum como qualquer outra adolescente da sua idade. Isso começa a mudar quando Mark Davies, o mais novo aluno da Anne Stuart School e também o mais cobiçado, se interessa subitamente por ela. Muit...