Pisquei os olhos algumas vezes. A luz era intensa, e por isso demorei um pouco para deixa-los efetivamente abertos. Correntes prendiam meus pulsos e não me permitiam mover mais do que um metro e meio para longe. Eu estava numa sala fechada, com apenas uma porta localizada no centro da parede à minha frente. Havia uma mesa e uma cadeira de ferro à minha esquerda, distante demais para eu conseguir acesso. Dois guardas perto da entrada me analisavam, temerosos, como se eu fosse um animal feroz. Um deles disse algo sobre eu ter acordado para alguém em um rádio comunicador móvel.
Eu me sentei no piso friento e percebi os seus olhares vidrados em mim, a cada movimento meu. Eles se entreolhavam de minuto a minuto, assustados. Na verdade, assustados era pouco para como eles transpareciam estar agora.
Resolvi me levantar e as correntes tilintaram. Dei um passo adiante, e imediatamente um deles apontou sua arma para mim.
— Não se mexa! — O guarda da direita me alertou.
Voltei o passo que havia dado.
— Onde estou? — Quis saber.
— Não temos autorização para informá-la sobre nada, então, por favor, não fale conosco novamente. — A rispidez era carregada em sua voz e seu olhar era duro para mim.
Eu havia compreendido que o melhor que eu podia fazer era apenas esperar, o que quer que viesse a seguir, em meu lugar. Por isso, agachei-me apoiando as costas na parede fria e ali fiquei.
Não tinha ideia de quanto tempo havia estado desacordada. Não sabia que dia era. Não sabia se Mark, Tom e Borges estavam bem. Não sabia se já havia se passado tempo suficiente para minha mãe estar ciente do meu sumiço e ter acionado a policia. Eu não sabia de nada, e essa falta de respostas me torturava internamente.
Eu ainda estava encostada na parede fria, em posição fetal, quando a porta a minha frente se abriu abruptamente. Avistei Leon entrar com a raiva pairando em seu rosto. Ele não parecia estar em si. Encolhi-me ainda mais. Ele se aproximou e, agarrando o meu pescoço com uma das mãos, puxou-me para perto de si, me fazendo visualizar de perto suas íris cor de mel.
— Onde está? — Esbravejou, ainda que eu estivesse a centímetros de seu rosto. — Onde o escondeu?
Eu não conseguia respirar. Puxei suas mãos, na tentativa de afastá-las do meu pescoço, mas elas não se moviam. Eu estava ficando sem ar e minha vista começou a ficar turva.
— Não brinque comigo, Agnes! Não ouse fazer isso.
Senti suas mãos, ainda mais fortes, apertarem o meu pescoço e me desesperei. Esperneei e arranhei suas mãos com minhas unhas.
Leon, finalmente, me soltou.
Suguei o ar com força, tentando preencher todo o meu pulmão, compensando-o pelo tempo que havia ficado sem ele. Massageei meu pescoço enquanto olhava para Leon, temerosa.
— Onde está Aleteia? — Ele vociferou novamente.
— Eu...Eu não sei. Devia está na bolsa. — Respondi. Lágrimas silenciosas desciam pela minha bochecha.
— Não está! — Leon socou a parede, e eu tinha certeza de que alguns dos ossos da sua mão haviam se quebrado. Ele se aproximou novamente de mim, tão próximo que nossos rostos quase se tocavam, pôs uma mão entre os meus cabelos e puxo-os para trás, aproximando sua boca do meu ouvido logo em seguida. — Se estiver mentindo, — Sussurrou. — Já lhe dei uma breve prévia do que irá acontecer com você.
Leon me soltou e saiu, deixando-me a sós com os guardas novamente.
Se passou o que deviam ser horas e os homens ainda estavam congelados em suas posições à minha frente. Nesse tempo, eu já havia chorado, estremecido de raiva, chorado novamente e me contido de minhas emoções, que era como eu me encontrava agora.

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Sangue Leal
Teen FictionAgnes Williams é uma garota comum, que vive uma vida comum como qualquer outra adolescente da sua idade. Isso começa a mudar quando Mark Davies, o mais novo aluno da Anne Stuart School e também o mais cobiçado, se interessa subitamente por ela. Muit...