Desci um lance de escadas em direção ao térreo e me deparei com Clair já perto do fim. Clair vestia seu conjunto secretária azul-marinho. Seu cabelo Chanel brilhava contra a luz enquanto ela erguia a cabeça para me olhar. Continuei, fingindo que não a havia visto.
— Agnes. — Clair me chamou. Parei em meu lugar.
— Sim?
— Gostaria de falar com você a sós. — Ela me disse, piscando os olhos.
Considerei por um minuto o que ela havia dito. Não sabia se era uma ordem ou um pedido.
Sem esperar pela minha resposta, Clair voltou a andar. Eu a segui.
Chegamos ao seu escritório e eu me acomodei na poltrona azul perto de sua mesa. Um porta-retrato com a foto de Mark, Clair e um homem que eu não conhecia, o qual eu nunca havia reparado, descansava em sua mesa perto de seu computador. A foto não parecia bem com uma foto em família, estava mais para um grupo de gestores de uma empresa em uma reunião de negócios.
Clair sentou-se em sua cadeira acolchoada e iniciou:
— Você não devia estar praticando com Richard agora? — Ela me perguntou.
— Sim, mas não o encontrei. Também não encontrei Mark. — Respondi. Que tipo de pergunta era essa? Desde quando Clair tinha interesse no que eu estava fazendo?
— Mark não estava com Tom na sala de treinamento? — Clair me fez outra pergunta.
Neguei.
— Tom me disse que ele havia saído do prédio após a reunião. — Respondi.
Clair me olhava sem nem piscar os olhos. Direto, sem se importar como eu reagiria.
— Desculpe-me, — Iniciei. — Mas você não me chamou só para me perguntar isso, não é? — Eu já havia entendido o que estava nas entrelinhas.
Clair franziu o cenho para mim e tamborilou os dedos em sua mesa.
— Certo. Vou direto ao ponto. — Ela iniciou. — Mark é o futuro líder da Organização e gestor dos cinco maiores setores de todo o país. Desde que nasceu, ele está sendo preparado para isso; sem distração; sem nada que impedisse o seu progresso. Mark sempre esteve a frente do seu tempo. Sempre foi um exemplo para qualquer outro garoto da sua idade. — Clair suspirou, não estando certa de como prosseguir.
— Você ainda não foi direto ao ponto. — Lembrei-a.
Depois de um longo suspiro, Clair continuou:
— Quero que depois disso tudo acabar, você se afaste de Mark.
Ok. Isso não era bem o que eu esperava. Imaginei que Clair fosse reclamar comigo por Mark me querer ao invés de uma das garotas de sua lista. Mas aquilo era mais do que eu conseguia digerir. Ela não queria ter dito realmente aquilo? Ou queria?
— Você pode repetir? Acho que não entendi direito. — Pedi.
Clair remexeu-se em sua cadeira. Ao menos ela estava incomodada. Havia algo humano por detrás daquela pedra de gelo que era seu coração.
— Você é filha de Vicenti, o nosso maior adversário durante mais de uma década. Estando ao lado de Mark, você trará a desconfiança e o descrédito das pessoas sobre ele. — Havia cautela em sua voz. — Se você se importa com Mark, vai compreender porque lhe peço isso.
— As pessoas não podem me julgar por algo que eu não fiz. Não sou como o meu pai. Não sou inimiga de vocês. Eu estou do seu lado. Do lado de Mark. Do lado da Organização. — Rebati, elevando um pouco a minha voz.

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Sangue Leal
Teen FictionAgnes Williams é uma garota comum, que vive uma vida comum como qualquer outra adolescente da sua idade. Isso começa a mudar quando Mark Davies, o mais novo aluno da Anne Stuart School e também o mais cobiçado, se interessa subitamente por ela. Muit...