Desci as escadas pronta para a escola e assim que cheguei a cozinha encontrei mamãe sentada à mesa. Ela estava pronta para o trabalho, vestida com seu uniforme cinza. Mamãe me viu e sorriu. Como ela conseguia estar tão disposta de manhã tão cedo? Mamãe havia chegado ontem, por volta da meia-noite, mas hoje se movimentava como Giselle de Encantada. Sentia que a qualquer momento ela abriria a boca e pássaros entrariam pela janela.
— Bom dia, querida! — Ela me cumprimentou.
Ao contrário de mamãe, eu estava indisposta por conta de uma leve dor de cabeça latejante que resolveu surgir assim que eu acordei. Parecia que alguém havia me dado alguns pontapés na cabeça enquanto eu dormia. Eu precisava de um analgésico.
— Bom dia! — Respondi e mamãe me convidou a sentar à mesa com ela.
Ela tinha feito panquecas para mim, as quais estavam em cima da bancada. Me servi com uma boa dose de café preto, peguei o remédio na caixa de primeiros socorros e me sentei de frente para ela.
— Você está bem? — Seu olhar preocupado foi posto em minha direção.
— Somente com um pouco de dor de cabeça, nada demais.
Mordi um pedaço da panqueca. O gosto adocicado invadiu meu paladar melhorando um pouco o meu humor naquela manhã. Eu amava as panquecas de mamãe bem mais do que as minhas, ainda que eu considerasse que as minhas estivessem bem acima da média. Eu aprendi a cozinhar aos onze anos, depois que mamãe foi contratada como vendedora de peças automotivas na cidade vizinha. Mamãe passava o dia fora e me deixava na casa da minha tia-avó Petty, que ficava a meia hora da nossa casa. Infelizmente, tia Petty morreu alguns meses depois por conta de um aneurisma cerebral e eu não tinha mais nenhum parente próximo com quem eu pudesse ficar. Mamãe me disse que sairia do emprego e que procuraria outro pelo o nosso bairro, mas eu implorei para que ela não o fizesse. Eu disse que tia Petty havia me ensinado a cozinhar e que eu já era bem grandinha e podia ficar sozinha em casa. De inicio, ela se recusou a aceitar, mas era bastante complicado para uma mãe solo largar o emprego depois de meses procurando por um, então ela cedeu. Fiquei até os quinze cuidando de mim mesma com mamãe quase o dia todo na cidade ao lado, até que ela foi contratada pelo Sr. Collins para uma vaga de secretária. O trabalho é bem remunerado e nós vivemos bem, mas ela ainda se culpa por ter ficado longe durante tanto tempo.
Ergui o olhar e mamãe não tirava os olhos de mim. Eu sabia que ela ainda estava preocupada comigo.
— Se quiser, não precisa ir hoje para a escola. Eu ligo informando que você não está bem. — Ela iniciou.
Mamãe bebericou o café e uma mancha rosada surgiu na xícara no formato de sua boca.
— Não, estou bem. — Repousei minha xícara de café e olhei para ela. Ela não parecia que tinha se convencido. Mamãe e sua superproteção. — É sério, mãe. Não precisa se preocupar.
Limpei um migalha ao lado da minha boca com o dedo. Eu não me portava como uma lady quando não tinha que me portar. Dava muito trabalho.
— Ok, você quem sabe. — Ela levantou as mãos em sinal de rendição e se levantou.
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Sangue Leal
Ficțiune adolescențiAgnes Williams é uma garota comum, que vive uma vida comum como qualquer outra adolescente da sua idade. Isso começa a mudar quando Mark Davies, o mais novo aluno da Anne Stuart School e também o mais cobiçado, se interessa subitamente por ela. Muit...