If you Hold my Hand

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AVISO: Capítulo sem revisão‼️

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-Vamos começar pelas apresentações. Me diga seu nome, idade e algo que esteja fazendo atualmente. -Diz o homem magro de pele pálida, quase cinza, olhos opacos, óculos de grau quadrados, cabelos grisalhos, postura rígida e tom tão sorumbático quanto sua própria fisionomia de abantesma.

-Meu nome é Park Jimin, tenho oito anos e estou lendo um livro... complicado. -Ditei. Eu tinha bochechas gordinhas e rosadas, assim como a ponta do meu nariz e meus lábios carnudos. Meus olhos grandes brilhavam como se estivessem constantemente lacrimejados e estavam sempre rodeados de olheiras profundas. 

-Certo senhor Park, eu sou o doutor Lee. Se importa se eu gravar? Posso te assegurar que ninguém além de mim ouvirá a gravação. Eu costumo gravar as consultas para fazer uma segunda análise mais tarde.

-Okay. -Concordei me sentindo diminuto naquela poltrona divã de couro falso vermelho desbotado. A sala era completamente branca, do teto ao chão, não havia muitos móveis ali. Eu analisava os posters típicos de psiquiatria nas paredes, eram ainda mais módicos que o próprio ambiente. Vi o médico estender o braço e apertar um dos botões do gravador antigo sobre a escrivaninha. 

-Quer me contar o porquê de você estar aqui? -Pergunta o doutor, mesmo já sabendo a resposta, logo após apertar o botão do gravador.

Suspirei. O barulhinho do botão emperrado ecoou nos meus ouvidos concomitantemente ao tic tac do relógio de pêndulo de gatinho na parede.

-Eu a matei... -Proferi encarando um ponto específico do teto: uma única mancha preta em todo aquele branco. Eu não sabia se a mancha realmente estava ali ou era mais uma das alucinações da minha cabeça. -Desde então, ele nunca mais me olhou nos olhos. -Comecei me sentindo desconfortável por estar dizendo coisas pessoais a um estranho. -Eu sempre tive dificuldades em fazer amizades, em me comunicar... -Suspirei mais uma vez. -Eu estava me sentindo cada vez mais sozinho. Vivendo em uma casa enorme e vazia. Foi então que os sonhos começaram. No início era bom, mas depois acabou saindo do controle e é por isso que estou aqui. -Conclui.

-Quer me contar sobre os sonhos? -Pergunta o doutor sem ao menos olhar para mim, mas não fazia mal, já que eu também não o olhava. 

-Não sei dizer quando exatamente eles começaram, mas lembro de um dos primeiros sonhos. Eu andava em um bosque. Caminho e caminho sem parar. É dia mas no céu só há escuridão. Há um caminho escuro entre arbustos, não consigo ver o que tem lá. Eu fico cada vez mais curioso, me aproximo cada vez mais e isso só se intensifica quando o vejo. -Proferi ainda encarando o ponto fixo como se eu visse tudo o que falava se formando na mancha preta.

-Quem? -Agora o doutor olhava para mim, com os mesmos olhos apáticos de antes.

-Um homem. Não consigo enxergá-lo direito já que ele está abaixado no espaço pequeno entre os arbustos, como se fosse a entrada de um pequeno túnel. Eu apenas vejo seus olhos vermelhos brilhando em meio ao breu.  

-Você sente medo dele? -Pergunta o doutor.

-Ele me causa muitas sensações das quais desconheço a origem. Eu tenho medo dele, mas eu sinto vontade de me aproximar, de falar com ele e de tocá-lo. -Ditei a última palavra num fio de voz. 

-E o que acontece depois? 

-Ele some nas sombras. Eu corro para alcançá-lo, os galhos das árvores me machucam e fazem pequenos rasgos na minha roupa e pequenos cortes na minha pele. Eu o vejo ao longe na escuridão, com o rosto borrado, como se esperasse por mim enquanto segurava algo dourado que brilhava, como um pedaço de papel flavo, talvez um tíquete. Eu podia ouvir um tic tac ecoar. Parecia vir de todos os lados e de lugar nenhum. E então quando estou quase o alcançando ele entra em algo que o negrume não me permitia ver.

Half Hotel (Jikook) Onde histórias criam vida. Descubra agora