Past

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AVISO: Capítulo sem revisão‼️

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Eu sou uma besta amarela

E adoeci de tanto dizerem que eu era doente

Envenenei-me de tanto dizerem que eu era serpente

Morri de tanto dizerem que eu parecia morta

Falam que sou pálida, fria. Quem suporta?

Eu sou uma besta amarela

E sumi de tanto dizerem que eu era ausente

Migrei para outro tempo de tanto me excluírem do presente

Odiei meu corpo por dizerem que me sobrava carne

Já me diziam: Desencarne

Odiei meu corpo, além dos ossos, como diziam, então

Pensei que seria melhor passar a dormir em um caixão

Eu sou uma besta amarela

E me diziam que meus pneus eram flácidos

Que minhas entranhas eram elásticas

Quis me banhar em ácidos

Quis me encher de plásticas

Falaram que eu deveria cortar, deixar crescer o cabelo, alisar, definir os cachos

Falaram que fêmeas são fêmeas e machos são machos

Queriam me dizer o meu lugar

Queriam calar a minha voz

Queriam me ausentar

Excluíram-me do que chamavam de "nós"

Eu sou uma besta amarela

E me chamaram de louca por viver no meu mundo estranho

Sempre distante da realidade

Chamaram-me de abantesma sem tamanho

De tanto me dizerem, acreditei ser verdade

Em meio ao negrume do dilúculo, passei mal

Tive ataques de pânico, chamaram-me de artificial

Fizeram-me engolir os bolos de sua cultura

E os cortes na minha alma? Chamaram de frescura

Dizem-me quem eu fui

Dizem-me quem eu sou

De tanto dizerem o que não sabem

De mim, nada restou

『••✎••』

Adentrei a porta de número 663, após ouvir a doce voz me concedendo permissão. Eu ainda me tremia pelo ocorrido com Squeezel e Boris. O quarto era um tanto peculiar. Era um cômodo pequeno, com grama no chão, havia uma árvore de cerejeira no centro e ao seu lado, uma escrivaninha repleta de papéis, livros, pequenas caixas de madeira e tintas, rente à uma parede verde musgo. Na parede, cortinas vermelhas estavam abertas, revelando uma coleção de máscaras estranhas e assustadoras. Ao redor havia túneis feitos de galhos de árvores tão escuros que não se podia ver para onde eles levavam. Aquele quarto parecia uma toca de coelho, ou quem sabe, de raposa. Ouvi um barulhinho de água, olhando para o chão, podia-se ver um pequeno caminho de água percorrendo o cômodo e sumindo em um dos túneis. Aproximei-me da escrivaninha para olhar as máscaras de perto. Uma delas era de um demônio vermelho de cabelos longos e brancos, ele tinha uma expressão macabra e presas grandes. Havia outra branca, sem olhos, com quatro buracos do que seria sua narina, ela dava língua com um sorriso sinistro no rosto. A maioria das máscaras pareciam rostos de mulheres, umas com desenhos de lua na testa, buracos, camadas de dentes, boca costurada e sorrisos horripilantes, mas todas tinham uma característica em comum: do buraco vazio de seus olhos escorria tinta vermelha. Havia ainda uma máscara semelhante às usadas em lutas livres mexicanas dentre outras.

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