AVISO: Capítulo sem revisão!!
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"Diário de P. - J.J: Uma viagem por Lugar Nenhum.
Capítulo Dezesseis: O Princípio Do Fim.
Às vezes sinto que estou perdendo a minha humanidade, se é que posso ser considerado humano. Sinto ainda que perdi a essência do que eu deveria ser, do que nos tornamos. Somos estranhos? Tu não me conheces mais? Eu posso mesmo me casar quando não confiamos um no outro? Não posso continuar fingindo que não há nada de errado. Há uma coisa em mim, uma besta amarela, raquítica, de longos dedos e olhos grandes e vazios. Uma besta infeliz, invisível, injustiçada, de caligrafia atrofiada e plangor melancólico. Esta besta se alimenta do meu peito, comendo o vácuo entre o bombear do sangue e o encher dos pulmões. Jungkook não entende, não pode entender, porque algo nele, uma sombra, preenche sua mente, tapa seus ouvidos e guia seus olhos como um cabresto.
As coisas nem sempre foram assim, tão estranhas. A culpa é deste hotel. Tudo mudou depois de erguerem este edifício. Jungkook e eu nos conhecemos há alguns séculos atrás, antes de completarmos nosso primeiro milênio. A primeira vez que nos vimos foi no Tribunal dos Treze. Seus pais eram réus. Na época éramos muito jovens para entender o que estava acontecendo. Após o conselho de juízes, dentre eles os meus pais, tomar o veredicto, foi decidido que o senhor Jeon, Lord da Subestrina, não poderia mais sair de lá. Assim como o senhor Lee não poderia deixar a Sobrestrina. Deste modo, os amantes nunca mais se viram. Jungkook, por outro lado, foi abandonado sozinho no vazio da Alabastrina, por ser considerado "incompatível" com qualquer um dos lados. Incompatibilidade esta que se traduz por rejeição. Não havia lugar para tal criatura horrenda, ele ficou então conhecido como a criança que ninguém quis. Ainda no início de nossas décadas, eu às vezes descia para fazer companhia à pobre criança indesejada. Nós brincávamos por incontáveis milênios de tempo no completo vazio, colorindo a tela alabastrina com a nossa imaginação. Quando completei as primeiras luas da mocidade, Jungkook me presenteou com uma explosão secreta. Foi quente e esponjoso, mas não pude mais ser seu amigo após o simples toque de seus lábios. Até tentei surpreendê-lo algumas vezes pelas costas, mas meu coração batucava no ritmo da festa em meu estômago, o denodo se esvaía de minhas mãos e eu fugia como um covarde. Nunca mais voltei e também deixei a criança que ninguém quis.
Jungkook cresceu e não demorou muito para se rebelar. De "criança que ninguém quis" passou a se denominar como "demônio furtivo". Não era atoa, além de furtivamente aprontar todas, perdendo ovelhas ou desestabilizando o sistema da burocracia dos escritórios, o malandro demônio ainda furtou o meu coração. Nos encontramos após dois séculos em um bar. Ele se sentou ao meu lado e nós bebemos juntos. No início meu coração batia desenfreado e eu mal podia respirar, mas o álcool ajudou a relaxar. No fim deste novo início, eu não pude resistir aos sussurros no meu ouvido, aos apertos em minha cintura, aos beijos eu minha nuca e ao cheiro amadeirado e adocicado simultaneamente. O dia se findou em uma cama de hotel, a minha primeira vez, a dele, eu já não garanto. Mas eu não fiquei no dia seguinte e deixei a criança que ninguém quis pela segunda vez, talvez este tenha sido enfim o erro. Nunca vi Jungkook tão furioso. Todos puderam ouvir seu plangor como o ressoar de bilhões de demônios, Lugar Nenhum tremeu e uma rachadura se abriu entre os três reinos. Um véu se tornou visível e assim conhecemos o que veio a se chamar Terra.
Claro que não posso dizer com certeza se o meu novo desaparecimento fora a causa em totalidade da catástrofe, mas o temor fora grande e até os SS de Luz, aqueles que estão um degrau abaixo do topo da pirâmide, sentiram o perigo de negligenciar a criança horrenda Frankenstein. Após esvair sua raiva, Jungkook se encolheu em um ovo negro, como uma mancha de tinta preta na tela alabastrina. Fora então que eu retornei. Conversei com sua casca intacta e melancólica por algumas décadas, o trouxe quitutes e mimos, mas ela somente rachou em um fim de lua quando eu encarei a escuridão do ovo e lhe disse:
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Half Hotel (Jikook)
FanfictionHá uma alma vazia, que vagou erma por um longo tempo em uma terra devastada pela taciturnidade. Em uma noite, tempestuosa e sangrenta, a alma encontrou um novo mundo. Uma tela alabastrina. A alma solitária sou eu, Park Jimin. Half Hotel é o melhor...