Circus

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AVISO: Capítulo sem revisão‼️

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Era uma vez, um castelo de papel. Com lindas janelas, enormes torres estreitas e pontudas, muitas bandeiras e muitas cores pintadas com aquarela. No centro das torres havia uma torre larga, com uma abóbada de vidro no topo e um círculo aberto no meio dela, onde a lua encontrava todas as noites um pequeno príncipe. Ah, os dias eram felizes e as noites eram quentes. Os animais eram dóceis, as flores bem desenhadas e saudáveis, o pequeno riacho na frente da ponte era cristalino e calmo. Havia paz, muito amor e alegria naquele reino. O pequeno príncipe cresceu com graça e beleza, correndo sobre os campos de trigo, escalando os pés de manga e brincando com as fadas cultivadoras de mel. Mas a fantasia possui um preço alto. Quanto mais criatividade, mais dor. Mas tudo bem já que a dor inspira e quanto mais dói, mais bonito soa.

Um dia, enquanto o pequeno príncipe aprendia a ler com os coelhos letrados de terno, o céu antes límpido escureceu. Os pássaros fugiram para o norte, os coelhos se afugentaram em suas tocas e os outros animais também se esconderam. O pequeno príncipe não soube o que fazer, estava assustado e confuso demais para se mover. Ao longe no céu lúgubre, o príncipe viu uma sombra vermelha se aproximar cada vez mais rapidamente. Ele estreitou os olhos tentando enxergar alguma coisa, e logo suas orbes viraram duas bolas enormes completamente abismadas. Era um dragão, um enorme dragão de escamas vermelhas e asas colossais. O príncipe teve medo, mas pensou que talvez pudessem ser amigos, mas quando viu a boca gigantesca se abrir, repleta de presas afiadas, para cuspir fogo, ele correu. Correu enquanto as chamas consumiam o chão, reduzindo as gramíneas em cinzas.

O príncipe se abrigou em seu castelo, que ele acreditava ser sua fortaleza, mas não demorou muito para que as lindas torres de papel fossem devoradas pela chama. Aquilo não podia ser verdade! Seu castelo, seus amigos desenhados com aquarela, seu mundo, o dragão destruía tudo com seu fogo faminto por combustível. O pequeno príncipe se viu perdido na torre larga encarando o céu sombrio pelo vidro da abóbada e lá pousou o dragão. O rosto se encaixou perfeitamente no formato do círculo na abóbada de vidro. Com sua cara horripilante e escamosa, olhos penetrantes como de uma cobra, garras afiadas e dentes salivantes afiados. A criatura disse algo, palavras que o príncipe não se lembra sequer de ter ouvido e então ela incendiou tudo. Naquele dia, o príncipe pagou o preço por sua fantasia. Naquele dia ele perdeu o seu bem mais precioso e foi arrastado de seu reino mágico destruído para a realidade dolorosa.

『••✎••』

Eu ainda estava deitado em minha cama, sentindo um pesar angustiante. Abracei a pombinha unicórnio de pelúcia, escondendo-me sob os grossos lençóis. As grossas lágrimas, taciturnas escorreram por meus olhinhos. A razão, porém, por trás de toda a minha tristeza, não era o que eu havia feito, na verdade a tristeza vinha em função da minha falta de remorso. Eu havia matado duas pessoas. Ceifado a vida de dois seres humanos e um deles, uma criança. Mas em meu peito, não havia culpa ou arrependimento, apenas tristeza. Decidi então, culpar aquele lugar, aquele maldito lucar repleto de loucos. Eles estavam corrompendo minha mente e me tornando, gradativamente, em um deles. Eu precisava escapar, encontrar um novo lugar para onde ir. Em contrapartida, eu sequer me recordava de onde vim, talvez, se eu conseguisse me lembrar, as coisas pudessem ficar mais fáceis. Tosh, com suas asinhas pequenas demais para seu corpo roliço, fez um esforço para voar e subir em minha cama.

-Tu deverias te aprontar, logo o mestre Jeon chegará. -Avisou. -Ficar vos lamentando nada mudará o fato de que logo sua magnificência virá.

Nada proferi, apenas cobri meu rosto com a coberta. Tosh insistiu e tentou me convencer a me levantar, mas hoje estava sendo um daqueles dias horríveis, assim como todo o tempo em que estive nesse lugar. Como eu poderia sequer cogitar sair com o mestre Jeon quando ele havia me tratado daquele jeito apenas porque mexi naquele livro e ainda me mandou para o centésimo décimo primeiro andar para morrer! Ele que enfiasse suas falsas desculpas no buraco do nariz.

Half Hotel (Jikook) Onde histórias criam vida. Descubra agora