Passeio

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Eram duas da tarde, pouco depois do almoço. Olivier estava sentado no sofá, mexendo em seu celular. Milo estava deitado no colo de Olivier enquanto lia um livro sobre astronomia.

Olivier parava constantemente e olhava para Milo. Um de seus hobbies favoritos era admirar Milo.

-Milo -disse Olivier largando o celular e olhando para o garoto.
-Oi? -respondeu o garoto levantando o olhar, em direção a Olivier.

Olivier sorriu e passou uma das mãos sobre o cabelo do garoto.

-Vamos, sei lá, sair, dar uma volta? -continuou Olivier enrolando os dedos nos cachos de Milo.
-Claro! -disse Milo abrindo um sorriso. -Mas sair pra onde?
-Surpresa. -disse Olivier enquanto sorria admirando os olhos profundos do garoto.

Era um dia consideravelmente frio, então Milo colocou um casaco e Olivier colocou seu moletom.

Olivier e Milo saíram da casa.
Olivier ainda não sabia como agir perto do garoto. Mesmo depois de vários dias juntos, Milo ainda tinha o poder de deixar Olivier nervoso e fazer seu coração palpitar fortemente, apenas ficando perto do mesmo.

Olivier agarrou a mão de Milo, o que fez Milo dar um leve sorriso.

Os dois caminhavam até um lugar que Milo não sabia o que era, pois segundo Olivier "é uma surpresa".

-Milo... -iniciou Olivier com um nervosismo perceptível na voz do mesmo.
-Pode falar, Oli. -respondeu o garoto calmamente.

Olivier adorava quando Milo o chamava assim, Oli.

-É, assim... -continuou o garoto, fazendo uma pausa. -Eu falei da gente pra minha mãe e falei que você era meu namorado. Eu sei que você não é exatamente meu namorado, desculpa, acho que falei por impulso e para minha mãe entender melhor, enfim, queria só que você soubesse. -disse Olivier rapidamente, sem pausa para respirar.

Milo parou de andar, se virando para Olivier. Olivier estava nervoso.

Milo sorriu com sinceridade para o garoto, agarrando sua cintura e o puxando para um forte abraço.

Olivier se sentiu aliviado com o abraço do garoto, então, o abraçou com avidez, passando os braços por cima dos ombros do garoto.

-E quem disse que você não é meu namorado, amor? -sussurrou Milo, perto do ouvido do garoto, o causando um arrepio.

Olivier sorriu alegremente e puxou o garoto para um inocente beijo.

Os garotos continuaram a caminhar, agora, Olivier estava com um dos braços sobre os ombros de Milo.

Depois de mais um tempo caminhando, chegaram ao lugar. Era uma biblioteca

-E aí? O que achou? -perguntou Olivier parando em frente ao lugar.

Milo sorriu maravilhado, o lugar era gigante. Tinha diversos livros sobre diversos assuntos em prateleiras que iam até o teto.

Milo agradeceu Olivier com um forte abraço.

Olivier ia naquela biblioteca com frequência uns anos atrás, mas parou de ir depois de um tempo. Ele sempre amou aquela biblioteca, era calmo e silencioso, então achou que Milo, que era tão fascinado por livros, gostaria também.

Os dois foram para uma parte vazia da biblioteca, onde poderiam conversar sem incomodar ninguém. Eles se sentaram em uma pequena mesa e Milo selecionou vários livros para escolher algum de seu interesse.

-Sabe, eu fico impressionado em como é fácil o acesso a informações que a escola da ilha nem sabia da existência. A professora da ilha não tinha nenhum estudo superior, sabe? Ela só ensinava o pouco que ela sabia. -disse Milo para Olivier enquanto mexia nos livros. -É por isso que eu gosto tanto de livros, eu não tive um bom ensino. Eu não estou reclamando do ensino que eu tive na ilha, eu sei que não é culpa deles. Mas eu fico fascinado em como só na sua casa, com os livros que você tem em casa, eu aprendi coisas que eu nem imaginava.

Olivier o observava falar, prestando atenção em cada palavra proferida pelo garoto.

Milo se calou ao perceber o quanto estava falando. Milo sempre achava que estava falando demais. Quando falava sobre um assunto que gostava, ele não conseguia se controlar, ele sempre se descontrolava e sentia que poderia falar por horas.

Mas Olivier não se incomodava. Pelo contrário, Olivier adorava ouvir Milo falar. Milo era um garoto muito inteligente, isso fascinava Olivier.

-Continua falando. -disse Olivier sorrindo, percebendo que Milo tinha parado porque achava que estava incomodando, ele sempre fazia isso.

Milo sorriu alegremente e continuou falando.

Os dois passaram a tarde toda naquela biblioteca, conversando, rindo e levando bronca de algumas pessoas por rirem ou estarem falando alto demais.

Milo pegou dois livros, um sobre biologia e outro sobre gastronomia.

Os dois caminharam até a mansão novamente.
No meio do caminho, os dois passaram por um arbusto com flores vermelhas. Milo se dirigiu até o arbusto e pegou uma pequena e delicada flor vermelha. O garoto colocou a flor atrás da orelha de Olivier. Isso causou um frio na barriga do mesmo. Era difícil para Olivier ficar tão perto de Milo sem querer beijá-lo.

O rosto de Olivier queimava.

-Você fica lindo vermelhinho assim, sabia? -disse Milo dando um sorrisinho enquanto segurava o rosto do garoto.

Isso deixou Olivier mais envergonhado ainda.

Os dois chegaram à mansão com a noite caindo.

-Até que enfim as princesas apareceram. -disse Amelie vendo os garotos entrar pela sala. -Onde vocês estavam se comendo a tarde toda pelo amor de Deus?
-Amelie! -exclamou Bárbara, segurando para não rir.
-Cala a boca, Amelie. A gente estava na biblioteca. -respondeu Olivier enquanto subia as escadas, ainda de mãos dadas com Milo.

Olivier e Milo foram para o quarto de Milo.

Milo estava sentado na cama, lendo um dos livros que pegou na biblioteca, e Olivier estava deitado em seu colo, apenas observando o garoto.

-Oli, pega meu caderno de anotações e uma caneta pra mim? Provavelmente tá ali na escrivaninha. -disse Milo, enquanto olhava para Olivier.

Olivier se levantou e foi pegar a caneta e o caderno.
Olivier rapidamente achou uma caneta e um caderno sobre a escrivaninha.

-Esse? -perguntou Olivier mostrando o caderno para Milo.

Dois papéis caíram de dentro do caderno quando Olivier o levantou. Milo nem ligou para aquilo, o caderno estava cheio de papéis, então apenas pegou o caderno.

Olivier pegou os papéis do chão e sentou-se à beirada da cama com os papéis em mão.
Olivier começou a ler mentalmente.

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões


Olivier leu o texto com atenção, achando profundo cada verso de cada estrofe.

O segundo papel despertou um interesse maior, quando viu seu nome escrito na página.

Olivier, eu não sei o que acontece.
Você é incrível e eu estou totalmente maravilhado com isso, sempre estive, na verdade.
Seus olhos, seu jeito, seu cheiro, ah seu cheiro... Você inteiro me deixa fascinado.
Sua boca é macia assim como seu cabelo.
Seus olhos brilham mais que todas as estrelas que já observei.
Você é como uma droga para mim.

Uau. Ele realmente não esperava isso.
Olivier tirou o caderno e caneta das mãos do garoto e o abraçou fortemente.

Milo viu os papéis sobre a cama e percebeu quais papéis eram.

-Você leu? -perguntou Milo ainda mantendo o abraço.
-Eu li. -respondeu Olivier enquanto se afastava do abraço e recostava suas mãos sobre o rosto do garoto. -Você é perfeito.

Aliados do Amor ~MilovierOnde histórias criam vida. Descubra agora