Paixão? Amor?

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  Era tarde, Olivier tinha ciência disso, sabia que eram cerca de 02:30 da manhã. Ele já havia tentado de tudo, mas o sono simplesmente não vinha.

Milo acordará em um susto naquele momento, algo que não acontecia há um certo tempo havia acontecido novamente. Milo havia tido mais um de seus pesadelos terríveis, isso o lembrou da ilha e, consequentemente, das coisas horríveis que ocorreram lá. Essa era definitivamente uma das lembranças que Milo faria de tudo para apagar de sua memória, mas sabia que tal coisa era praticamente impossível, um trauma raramente é simplesmente esquecido.

Olivier não sabia mais o que fazer, seu sono havia lhe abandonado. O mesmo sabia que precisava dormir, mas não conseguia.
Seus pés atingiram o chão gelado. Um arrepio, devido ao frio que se instalava no local, percorreu seu corpo.

Olivier respirou fundo, fazendo aquele ar gelado adentrar seus pulmões.

O garoto pôs sua mão sobre a maçaneta da porta, estava prestes a abrir a porta, quando ouviu uma notificação chegar em seu telefone. Olivier se assustou com o barulho, ele nunca deixava o celular alto daquela forma, talvez houvesse esquecido de deixar no silencioso ou apenas para vibrar.

O garoto caminhou até o telefone e o desbloqueou. A notificação era uma mensagem, uma mensagem de Milo. A mensagem parecia esquisita, estava com letras trocadas, ele não sabia explicar, mas sabia, de alguma forma, que Milo não estava bem.

Olivier dirigiu-se rapidamente para fora do quarto, caminhando até o quarto de Milo. Segundo a mensagem do garoto, a porta do quarto estava apenas encostada, então era somente Olivier abrir.

Olivier colocou a mão sobre a maçaneta e sentiu novamente um arrepio percorrer sua espinha, como um pressentimento, ele não sabia explicar. Olivier abriu a porta e deparou-se com Milo sentado à cama. Ele parecia mal.

—Milo? O que aconteceu? Você não parece muito bem. Eu li sua mensagem, aconteceu algo?—disse Olivier rapidamente em um tom preocupado, enquanto adentrava o quarto e encostava a porta novamente.

Olivier não obteve resposta alguma, Milo apenas o abraçou. Era um abraço inesperado por Olivier e sincero por parte de Milo. Olivier estava sem reação, sem explicação e sem respostas, mas de alguma forma não precisava de nada disso, apenas abraçou o garoto de volta, intensamente. Olivier sempre o abraçava intensamente, mesmo não gostando de abraçar ninguém. Milo o deixava confortável o suficiente para o abraçar de forma tão intensa que os fariam sentir seus átomos se mesclarem, formando um só ser.

Milo sentia-se mal, tudo que ocorreu na ilha, todas as mortes, exposição ao paranormal, pessoas perdidas, traumas, tudo aquilo se juntava e formava uma grande bagunça da cabeça do garoto. Mas, de alguma forma ele sabia que Olivier o confortaria, sempre o confortava. Não com palavras e era exatamente isso que o confortava. Olivier nunca o bombardeava de perguntas, apenas o abraçava, o ouvia e o confortava de forma não verbal, as vezes, era tudo que Milo precisava, um abraço e alguém para o ouvir. O abraço de Olivier era para Milo melhor e mais confortante que tudo que possa imaginar.

Lágrimas invadiram rapidamente os olhos de Milo. Há um certo tempo ele queria chorar, mas não conseguia. Era como se um bloqueio gigante o invadisse toda vez que cogitava a possibilidade de chorar. Algo o dizia que ele tinha de ser forte e que ele não poderia chorar, isso o tornaria fraco. Mas, agora, se via completamente vulnerável. Ali, nos braços de Olivier. Ele sabia que Olivier não o julgaria de forma alguma. Após minutos segurando o choro, ele chorou, algo simples para muitos, mas definitivamente reconfortante e extremamente aliviante para Milo.

Olivier percebeu o choro do garoto, ele não sabia o motivo daquilo, mas sabia que ele precisava de conforto, apenas de uma pessoa que não o bombardeasse de perguntas, mas apenas o ouvisse e o confortasse independente do motivo do choro.

Olivier entrelaçou seus dedos nos cachos do garoto, o trazendo para perto.

Milo deitou sua cabeça sobre o peitoral de Olivier, molhando completamente sua camiseta de lágrimas, mas Olivier não dava a mínima para aquilo.

—Olivier… —Milo disse com a voz trêmula, após minutos de apenas choro e soluços.
—Hm? —murmurou Olivier, sem se afastar do abraço.
—Como… —Milo foi diminuindo a voz ao decorrer da palavra. Ele pareceu não conseguir falar.

Olivier estava prestes a dizer que ele não precisava falar se não quisesse, quando Milo continuou.

—Como você se sente em relação a mim? —sua voz pareceu mais firme, ele parecia estar tentando se controlar, mas sua voz ainda era claramente de alguém que estava chorando.

Olivier não esperava aquilo. Definitivamente. Ele nunca havia sequer refletido sobre aquilo. Como ele se sentia em relação a Milo? Bom, quem sabe? Acho que paixão é uma palavra legal, mas Olivier não achava a palavra forte o suficiente para descrever o sentimento ardente que sentia por Milo. Amor. Amor? Amor não é forte demais? Bom, não é. Mas talvez Olivier parecesse desperado se descrevesse seu sentimento com "amor".

A cabeça de Olivier estava definitivamente uma bagunça. Mil pensamentos passavam por sua mente, quase que na velocidade da luz.

—Eu gosto de você, Milo. Eu amo você. —disse Olivier finalmente quebrando o silêncio.

Milo se afastou minimente do abraço, apenas para poder olhar fundo nos olhos de Olivier.

—Quando eu cheguei na ilha —Olivier continuou e soltou uma leve risada nasal. —, a primeira coisa que eu pensei quando eu te vi foi "meu Deus, eu sou gay?". Eu sou perdidamente apaixonado por você desde o primeiro segundo que eu te vi. Milo, você é uma das únicas coisas boas que a gente conseguiu salvar daquela ilha. Eu amo você, amo o fato de poder te ter comigo e eu nunca vou me cansar de dizer isso.

  Olivier disse tudo sem respirar. Como? Ele também não sabia, talvez a adrenalina. Ele ainda diria mais coisas, caso não tivesse sido interrompido por um inesperado beijo. Tão inesperado, que nem Milo esperava, foi como um impulso.

Milo se afastou do beijo, em um som estralado. Ele não se afastou, eles ainda estavam perto o suficiente para sentir a respiração quente sobre a pele um do outro.

—Você é a única pessoa que eu já amei dessa forma. A única pessoa que fez eu me sentir assim. A única pessoa que eu já me apaixonei. —continuou Milo, à cada palavra se aproximando mais do garoto, até selar novamente seus lábios.

O mundo parecia girar. Tudo parecia estar rodando. Um sentimento ardente tomou conta dos garotos.

Olivier segurou fortemente a cintura de Milo, de forma que o transferia conforto e segurança.

De repente, os pensamentos terríveis que ocupavam completamente a mente de Milo simplesmente haviam desaparecido. Ele estava em paz, tudo que ocupava sua mente agora era ter o corpo de Olivier só para si mesmo e o fazer apenas dele, assim como queria ser apenas de Olivier.

  Olivier pensava em Milo a todo segundo de sua vida, isso ao mesmo tempo que era irritante, era confortante, Milo era confortante. Um sentimento ardente o invadia sempre que pensava em Milo, mas quando ele via Milo, era como se esse sentimento fosse 10 vezes mais forte. Olivier era completamente fascinado por Milo e por tudo nele. Era fascinado por cada cacho, cada sarda, cada palavra que o mesmo proferia, Milo em si era a personificação de tudo que Olivier desejava intensamente.
Olivier descontava agora todos esses pensamentos, todo seu desejo, em um beijo que se intensificava a cada milésimo passado.

Ambos sabiam onde aquilo iria parar e ambos sabiam que não estavam preparados para aquilo. Os dois se desejavam intensamente, mas respeitavam o espaço um do outro, então, nunca fariam nada sem os dois terem certeza.

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⏰ Última atualização: Feb 18, 2023 ⏰

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Aliados do Amor ~MilovierOnde histórias criam vida. Descubra agora