Ela é uma princesa

210 56 21
                                    

— Vamos Nattarin, o sol não ficará parado à sua espera – a voz irritante continuava a resmungar do lado de fora do meu quarto. Meus nervos já estavam aflorados e ele ainda ficava me pentelhando, ahh dai me paciência. O problema é que ainda não conseguimos cancelar esse maldito casamento, por tanto agora estou sendo arrastado pra um compromisso de noivado no condado do Sol.

Termino de arrumar minha mala, Sofia se ofereceu para fazê-la, mas eu já estava tão irritado que queria algo pra me distrair.  Ao abrir a porta o infeliz quase cai sobre mim já que fingia dormir escorado na madeira— Quem é você ?? Seria meu neto, você me lembra sua avó – por um minuto franzo as sobrancelhas completamente perdido. Será que aquela hora da manhã ele já estava bêbado ? — Andou cheirando petúnias da noite Suppasit ? – ele vem se aproximando no mesmo ritmo em que eu me afastou, mas logo estou encurralado entre a parede e o conde, que baixinho sussurra bem próximo de meu rosto — Você demorou tanto la dentro que perdi a noção de quanto tempo passou, mas agora falando sério o que acha de Alesxander pra menino e Nattasha pra menina ? – eu tinha que controlar minha respiração pra não denunciar o tremor em meu corpo, que claramente só podia ser de raiva — Definitivamente está bêbado ? Que droga tá falando ? Nomes pra que seu maluco – o empurro pois sua respiração contra minha bochecha estava me deixando desconfortável — Nossos filhos ué, o que mais poderia ser, eu, você, dois filhos e um cachorro, eu acho perfeito – ele sorria de lado, ainda me encarando — Eu prefiro gatos.. Não peraí, eu... Ahh seu maluco – que merda Kanawut, que droga você está falando, por que você sempre faz papel de bobo na frente dele. E agora eu ainda era obrigado a ouvir aquela risada escandalosa que infernalmente me causa um frio na espinha — Idiota – o empurro ainda mais enquanto caminho em direção a carruagem que esperava la fora, por sorte ele ficou pra tras, sendo assim não poderia ver o fogo que tomava conta de minha bochechas. 

O balanço da carruagem era rítmico, até agradável, se não fosse pela companhia ao meu lado. Suppasit ainda me olhava com um sutil sorriso nos lábios e um irritante ar de soberania. Mantenho minha atenção voltada para janela, as árvores passam devagar lá fora, o toc toc das patas dos cavalos sob o chão de terra é quase como um encantamento sonoro, e quando me dou conta já estou cochilando. Não sei quanto tempo passou, mas acordo com alguem me cutucando — Acorda princesa, já chegamos... Anda sua cabeça é muito pesada, levanta logo – ainda sonolento me levanto limpando a baba que sinto no canto da minha boca, só quando o fio de consciência retorna ao meu cerebro é que percebo que estava deitado no colo de Suppasit  — Teve bons sonhos amor ? – sinto meu rosto ferver, pego minha mala e corro pra fora da carruagem sem nem saber se ela estava de fato parada, por sorte estava, mas não era como as do castelo.
A diferença de altura dos decraus da pequena escada me fazem tropeçar e cair de joelhos sobre o fino cascalho. Sinto meus joelhos arderem, mas o que me desespera é a frase do duque atras de mim — HAHAHAH, não posso acreditar. Foi por isso que insistiu em fazer a propria mala, por causa do seu ursinho de pelucia, hahahah ahh Kanawut você é sem igual – Mew segurava a pequena coelha pelas orelhas. A ursinha vestia um lindo vestido rosa claro, e um delicado colar de perolas, que combinavam com o pequeno laço sob uma das orelhas — Me dá – ainda que meu joelho ardesse, me levanto rapidamente avançando em sua direção — Por que !? O pequeno Nattarin não consegue dormir sem seu bichinho ? Precisa de uma chupeta tambem ? Eu posso providenciar – a risada dele me enchia de odio, mas mais do que isso a tristeza me dominava pela forma como ele segurava a princesa coelho, meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz saiu trêmula mesmo sem minha permissão — Era... Era da minha mãe – o silêncio é quase pesado ao nosso redor, suas palavras duras se calam e a pequena pelúcia me é entregue sem nenhuma palavra, sem nenhuma implicância. O clima pesado só é quebrado pelas empregadas que se aproximam oferecendo ajuda com a bagagem. Suppasit as orienta a me levar pro quarto reservado a mim, e simplesmente some pela entrada do castelo. 

Era Uma Vez... Pela EternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora