Versos meus tão seus | Soukoku

𝑻𝑹𝑬𝑺.

– Com licença, onde ficam os livros de ficção científica?

– O que? – A mulher olhou para o homem e fez uma careta. Pela cara dela, Chuuya tirou a conclusão que ela não tinha entendido a pergunta, ele também não tinha entendido o que ela falou, mas ele fingiu que sim, pois parecia uma palavra muito pequena e fácil para ele simplesmente não entender.

– Onde fica a estante de livros de ação? – Ele falou um pouco mais devagar dessa vez, esperando que assim ela entendesse. O que aparentemente não foi o que aconteceu.

– Me desculpe, eu sou novata. Comecei hoje e não sei falar inglês. – Foi a vez de Chuuya olhar confuso para ela.

– I'M NOT SPEAKING ENGLISH. – O ruivo tomou um susto com o grito da loira. Ele olhou para ela e balançou a cabeça positivamente, tentando passar a mensagem de que ele entendeu. Achava que tinha dado certo e que aquilo era fácil, até que ela começou a gritar de novo.

– Ok, stop! – Ele tentou fazer um gesto com a mão para ela falar baixo e se acalmar, o que pela primeira vez, desde que entrou naquela livraria, deu certo.

– Oh, sorry, sorry! – Ela fez um sinal com a mão, que Chuuya não entendeu, e então voltou a mexer no seu celular.

Ele não tinha como ter ajuda assim, então foi procurar sozinho o livro. Achar a estante que ficavam os livros de ficção científica não foi difícil, a palavra em português era quase idêntica a em inglês. Por sorte achou o exemplar número um da saga, em inglês. Ficou bem surpreso em ver que só tinham exemplares daquela saga em inglês na estante, pensava que somente iria achar em português. Aparentemente era seu dia de sorte.

Seu celular tocou em algum lugar da mochila, que agora estava em suas costas para que ele pudesse achar o livro. Provavelmente seu pai, ele tinha demorado horrores já.

*1 chamada perdida de Albatross*

– Não é possível. – Ele riu e guardou o celular no bolso da calça. Iria ligar de volta quando saísse da livraria.

Pegou-o e foi até o caixa, colocou o livro na bancada e olhou para a mulher, não chegando a falar nada.

– Nunca li isso, mas a capa é feia. – Olhou para ela sem entender. – Ah é, você não entende. – Olhou nos olhos dele e riu. Tinha a leve impressão que a mulher estava rindo de sua cara, mas como não entendia o que ela falava não podia tirar uma conclusão.

Ele começou a bater na tela do computador com a unha, mostrando o valor que ele deveria pagar. Chuuya não sabia se ela só tava tirando uma com a cara dele por ele não entender a língua do país que estava ou se ela achava que ele era burro.

Ele pegou o livro e saiu da livraria, ignorando a mulher atrás dele gritando um "thank u", pelo menos ele achava que ela quis dizer isso, pois saia mais como um "think u".

– Chuuya, porque você não atendeu? Pensei que tinha acontecido algo no avião. – A voz do amigo soou desesperado e um pouco preocupado assim que ele retornou a chamada.

– Se eu tivesse no avião eu não teria atendido mesmo, né Albatross.

– Eu sei, eu sei. Mas obviamente eu sabia que você não estaria. Eu entrei no site antes de você viajar e vi os horários que mais ou menos você ia parar em cada escala.

– Se você não fosse meu melhor amigo, eu teria medo de você. Mas bom, eu tava comprando um livro, por isso não atendi na hora.

– Qual? E como foi? A mulher falava inglês?

– Maze Runner. Foi estranho. Não, ela não falava.

– Queria informações mais detalhadas, meu querido. – Seu relógio mostrou uma notificação de chamada perdida do seu pai e depois uma mensagem dizendo que faltavam somente 20 minutos para embarcarem no próximo voo.