J

79 8 0
                                    

Entrei na minha antiga casa, sendo informado pelos empregados que meu pai estava em seu escritório. Eu iria exigir respostas.

Caminhei pelos vastos corredores, não me dando conta de quantas portas tinham ali. O escritório do meu pai era na porta do meio, a única com duas entradas e madeira envernizada. Quando eu era criança, lembro-me de passar perto dali e sentir medo. Meu pai me passava medo, autoridade e responsabilidades que eu não queria ter. Mas hoje sou grato, se não fosse por ele, eu não teria tudo que tenho.

– Pai? - Bati três vezes na porta, esperando uma resposta vir do outro lado.

– Entre - Falou firme, não dando a mínima atenção, quando eu me sentei em frente a sua mesa.

– Eu vim questionar o senhor sobre alguns assuntos pendentes. Na verdade, algo que não devia ter sido deixado de lado por tempos. - Bati minhas mãos contra a madeira da mesa, fazendo assim, meu pai me olhar pela primeira vez desde que eu entrei em seu escritório.

– Sobre?

– É sobre o meu irmão. - Ele ia falar, mas eu interrompi antes que qualquer desculpa esfarrapada saísse por entre teus lábios. Fiz um breve sinal de silêncio para que ele se calasse, então retornei a falar. - Eu sei que ele está vivo, papai. Inclusive, eu me encontrei com ele hoje mais cedo.

– Como?! Seu irmão está vivo?!

– Não se faça de sonso, seu velho imundo. Você não acha estranho que por tantos anos, não fomos contatados sobre o reaparecimento dele? - Disse ríspido, me levantando e batendo as mãos mais forte contra a madeira da mesa. - Eu sei que tem dedo seu no meio dessa trama, e eu juro, que se você tentar mais alguma coisa contra ele, eu mesmo mato você. - Ameacei, apontando o dedo em seu rosto.

– Você tem razão. - Soltou um suspiro calmo, exalando plenitude. - Eu fiz seu irmão desparecer das nossas vidas. Forcei-o a fazer tratamentos para esquecer de nós. - Sorriu maléfico, parecendo ter orgulho de suas atrocidades. - Ameacei os jornais e a mulher com quem ele morou, para que se algum dia nos encontrasse, falar que suas "lembranças" não passavam de uma coincidência boba.

– Você é um verme!

– Eu fiz isso para te colocar no poder! - Bradou, se levantando e tentando alcançar uma postura que a tempos não me deixava mais com medo. - Eu não podia colocar o filho daquela vadia no pódio da minha empresa - Se exaltou, quebrando alguns porta-retratos que estavam sobre a mesa. - Eu fiz de tudo para que não me restassem lembranças da mãe dele, eu os repúdio.

Alguns anos antes de eu nascer, meu pai deixou a mãe do meu irmão, que estava gravemente afetada por uma doença letal. Ela já não tinha chances ou esperanças de sobreviver, então pediu ao meu pai para que arrumasse uma mãe jovem e gentil para Yoongi. Um tempo depois, eu nasci. Os meus avós nunca aceitaram o amor entre o meu pai e a senhora Min, mas eu sei que ele a amou. Não suportava ter alguém que o lembrasse da única pessoa que já teve a capacidade de amar no mundo.

– Você não os repudia; ama eles!

– Eu não posso amar alguém que já está morto, Jimin!

– Então foi por isso que tentou apagar meu irmão de nossas vidas?! Porque não o amaria se estivesse morto?! - Recolhi um dos porta-retratos que estava no chão, a foto era da senhora Min e Yoongi. - Isso é burro e, inaceitável!

– Eu pude esquecê-los por algum tempo. Funcionou por alguns anos. - Se sentou na cadeira giratória mais uma vez, colocando as mãos sobre a têmpora, massageando onde parecia doer. - Eu não vou suportar viver com essa culpa. Eu sou um monstro horrível! Eu sei. Eu não quero ver o rosto do filho a quem eu deserdei. Não vou me perdoar, ao olhar naqueles olhos puros e sinceros, sabendo que um dia, eu já quis apagá-los.

– Que bom que o senhor sente culpa, pai. Isso mostra que você não é um desalmado como sempre mostrou ser. - Caminhei em direção à porta, esperando que ele não viesse atrás de mim. Mas ele segurou meus pulsos e me puxou para um abraço. Inesperado. Eu nunca tinha ganhado um abraço sequer do meu pai. - O-que...?

– Me desculpe, filho - Agarrou meu tronco, como se eu pudesse fugir a qualquer momento. Oque mais me doía, não era saber que meu pai nunca amou a mim, e nem a minha mãe, mas que ele fez de tudo para esquecer de quem um dia já amou. Era incabível a dor que ele deve ter sentido, mas isso não apagava as coisas ruins que tinha feito.

– Talvez algum dia eu possa te perdoar... - Me afastei de seu aconchego. - Mas não é a mim que o senhor deve desculpas. - Saindo porta à fora, lágrimas caíram dos meus olhos, quando eu nem tinha percebido segurar o choro por tanto tempo. O nó angustiante que o prendia, se desfez.

Caminhei apressadamente até o meu carro, esperando que nada e nem ninguém impedisse meu caminho até em casa.

Minha visão estava embaçada demais, e minha mão não ficava firme no volante de forma alguma. Foi em um deslize, um mínimo impasse. Bati o carro contra um poste, e minha testa contra o volante.

Minha visão ficou ainda mais turva que antes, e eu acabei por desmaiar. Pelos breves momentos em que eu ainda estive acordado, cenas de antes passaram-se em minha mente. Ouvi sirenes, ainda com os olhos fechados, e também senti meu corpo ser colocado em uma maca. Logo, não consegui sentir mais nada.

🌌...

Guys!! Dica do dia: Não dirijam se estiverem devastados mentalmente.

Esses capítulos narrados pelo Jimin são realmente mais curtos que os outros, logo eles voltam a ter +Quinhentas palavras de amor, sofrimento, tensão e diversão.

Em falar de mim escrever sobre amor, as cenas mais intensas e quentes do casal principal ainda vão chegar kkkk eu só estou esperando para ver o momento em que elas se encaixem melhor no enredo.

Espero que tenham tido uma boa leitura 💕🤟🙌

Belive Jjk+PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora