Capitulo V: A coelha, o felino e os humanos

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Alexander

Eu tenho a mais plana certeza que Kayla tem problemas com canídeos. E como eu tenho "problemas" com bovinos sei bem como ela se sente. Por isso decidi tomar a atitude mais empática possível, ignorei completamente este assunto e voltei a cantar.

Pega meu violão, um copo, uma cerveja, um uísque e um cigarro. — parei para fazer o som dos instrumentos de fundo, que é claro que é algo muito importante quando se está cantando uma música. - Eu não estou nada bem, vi minha "ex" beijando outro dentro do carro...

— Pode me dizer o que você está fazendo de novo? — Kayla me interrompe com grosseria.

Algo me diz que o medo passou e a fúria voltou tão rápida quanto velociraptors e tão potente quanto um Turão, o que é um turão?! Hã... É como um cordeiro gigante com chifres enormes e tão duros quanto rochas, geralmente eles são mansos, contudo suas causas cortantes podem ser um perigo iminente.

— O que você quer dizer com "o que você está fazendo?" Não é meio óbvio?! Estou cantando. — devolvi a pergunta.

— Mas que língua é essa? E porque você canta tanto?

Virei um pouco o corpo para encará-la melhor. — São línguas mortas e eu canto porque é divertido demais. — volto à minha posição inicial olhando para frente.

— Como? Essas línguas são extremamente complexas só os melhores do Éden conseguem ler, mas ninguém sabe como pronunciar corretamente e não que eu acredite que sua pronúncia é perfeita, mas... É diferente de tudo que já ouvi.

— Eles viram algum filme com áudio?

— O que é um "filme"?

Parei nossa montaria completo desacreditado, a sétima e mais bela arte completamente esquecida para o novo mundo.

— Sua vida deve ser tão triste. — suspiro com piedade.

— Como é?! — a pobre e ingênua criatura continua confusa, agora é compreensível porque ela aparenta não entender metade das coisas que eu digo.

Olhando ao redor reconheci parte da vegetação e um lago específico que me fez ficar apreensivo. Ao mesmo tempo nostálgico, mesmo dizendo que não voltaria, acho válido tentar ao menos por essa boa causa.

— Mas que sorte a nossa, conheço um lugar por aqui onde tem alguns bons exemplares de livros, vai ser divertido. — puxo as rédeas de Davi e o animal muda seu curso.

Kayla se surpreende e segura minha cintura com força, surpresa.

— Nosso objetivo é o Éden.

— Concordo, entretanto não temos ideia da direção e já estamos próximo de um lugar conhecido deveríamos ir até lá ao menos para... — tentar encerrar os traumas de um garotinho triste, droga isso não soa como uma boa justificativa.

— Conseguir recursos e buscar por pistas? — sugere complementando minha frase.

— Anh? Oh! — exclamo animado, que sorte que ela deu uma patinha, mesmo que acidental. — É! Era isso que eu estava pensando, tirou as palavras da minha boca. — começo a rir disfarçando o misto de desconforto e ansiedade que está se formando em meu estômago. — Partiu Davi. — o dinossauro avançou com sua velocidade impressionante, Kayla volta a se segurar em minha cintura sem reclamar.

— Você... Você tem problemas com a velocidade do Davi?

— Está... Está tudo... Bem... - ela diz pausadamente. — Pode continuar correndo.

Acenei guiando nossa montaria por entre a floresta, mesmo diante de uma mata tão densa emana tanta luz.

— Desde que te vi pela primeira vez, eu senti algo, demorei um tempo para pegar o que era, agora sei que é a sua música que me atraiu até você.

Em busca do ÉdenOnde histórias criam vida. Descubra agora