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Pov. Nico di Ângelo

Deveria ser um pouco mais que 9h da manhã, a enfermaria estava calma apesar de todo mundo aqui parecer se machucar a cada dez minutos. Observei o lugar atentamente me dando conta de que nunca tinha estado aqui por muito tempo, por isso, não sabia exatamente como era por dentro. Haviam vários leitos e alguns deles eram afastados e separados, o que eu julgava ser para casos graves ou especiais. Havia, também, uma parede ao fundo com uma abertura para a esquerda e uma plaquinha que dizia "Sala dos medicamentos", e outra para a direita que dizia "Escritório", provavelmente era lá que Will estudava ou organizava tudo da enfermaria.

Era claro, claro até demais, mas eu já estava meio que me acostumando com a luz, apesar da escuridão ser o meu lugar preferido.

– Ao invés de pensar, coma, Di Ângelo. – O loiro disse saindo da sala de medicamentos com uma bandeja nas mãos.

– Não sinto tanta fome pela manhã, Solace. – Digo semicerrando os olhos pra ele que sorri de lado. – Onde está todo mundo? – Pergunto fingindo desinteresse.

– Aqui não é sempre cheio, às vezes, aparece um caso ou outro. – Ele responde suspirando enquanto poe a bandeja numa espécie de carrinho e pega a bandeja de comida ao lado da minha cama.

Observo ele apoiá-la nas minhas pernas e organizar como se cada detalhe fosse importante. Por incrível que pareça me senti faminto ao sentir o cheiro do sanduíche de queijo e do suco de laranja, Will parecia ter escolhido bem.

– Não é como se você precisasse arrumar a comida... – Digo ainda o observando.

– Só gosto que esteja organizado. Não quero que pareça que fiz de qualquer jeito. – Ele torceu o lábio sem me encarar.

– Eu nunca pensaria algo assim de você. – Digo sincero e ele sorri ainda encarando as mãos. – Obrigado.

– Não precisa agr...

– Precisa.

– Não precisa!

– Precisa!

– Ok, senhor teimoso, agora coma tudo e depois tome essas vitaminas aqui. Enquanto isso vou preparar o banheiro para você ir, em seguida. – Will fala levantando-se rápido e desaparece indo em direção ao banheiro.

Suspiro depois de olhar o loiro caminhar apressado e mordo meu sanduíche saboreando o gosto do queijo quente. O acampamento não era um lugar silencioso, mas hoje parecia estar bem calmo. Depois dos romanos voltarem para São Francisco tudo pareceu se encaixar, as pessoas pareciam estar apreciando um sentimento raro, e quase escasso no nosso mundo, chamado paz. Essa semana, provavelmente, iniciariam as construções dos novos chalés, além de retornar as atividades normais, com isso, o silêncio do lugar ficaria comprometido.

Levanto da cama me sentindo forte, por incrível que pareça meu corpo parece mais resistente e substancial. Ingiro as vitaminas que o loiro recomendou e sigo até o local onde deveria ser o banheiro. Depois de bater na porta entreaberta, entro ouvindo o cantarolar baixo e bonitinho de Will Solace enquanto preparava uma banheira com sais para mim.

– Eu poderia fazer isso senhor cantor. – Digo o assustando que salta sem sair do lugar colocando uma mão sobre o peito.

– Nico! Você quase me mata! – ele bufa passando as mãos molhadas no cabelo, se acalmando.

– Desculpa, eu até bati, mas você estava entretido cantando. – Digo vendo o rosto dele adquirir uma coloração vermelha.

– Meu deuses, não diga que ouviu isso? Eu sou péssimo cantando! – Ele resmunga ainda mais corado que antes.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora