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Pov. Nico

Eu nunca vou me acostumar a claridade desse lugar. Acordo e vejo Lorenzo na outra cama, Will desfilava pelo cômodo e cantarolava baixinho sem perceber que estou acordado.

– Bom dia, filho de Apolo. – Digo com voz rouca e o loiro vira pra mim semicerrando os olhos. – Adoro quando você canta. – Brinco me sentando.

– Bom dia, meu anjo. E Você sabe que eu sou um péssimo cantor. – Ele diz se aproximando e me beija.

– Não há nada em que você seja péssimo – Falo e vejo as bochechas de Will ficarem vermelhas.

Ficamos imersos um no outro, nossos olhares incapazes de se afastarem e como sempre acontece nos beijamos carinhosamente.

– Vocês são um casal! – A voz de Lorenzo nos assusta e Will salta um metro pra longe de mim pondo as mãos na boca.

Lorenzo senta na cama com o rosto amassado e os olhos sujos, o que o deixa ainda mais infantil e fofo.

– É... Sim, nós somos um casal, mas... – Tento explica, mas sou interrompido.

– Que legal! Eu sempre gostei dos papais, não que minha mãe fosse ruim, mas é que eu nunca a conheci e minha avô era mandona demais. Santo Hades, Nico! Você gosta de meninos, eu pensei que fosse proibido, mas que bom que não é! Além de tudo você é meu irmão e pai ao mesmo tempo!

Engoli seco com as palavras travadas na garganta e Will se aproximou sorrindo.

– Pai? Você acha que Nico é seu pai? – Will pergunta sentando ao lado do garoto.

O garoto ficou visivelmente envergonhado e tentou esconder o rosto no braço de Will que já estava ao seu lado.

– Desculpe eu não quis ser mal criado. – ele diz triste.

– Está tudo bem, Lorenzo, apenas explique o que você falou. – Will pede fazendo carinho nos cabelos grossos do garoto.

– É que eu nunca tive um pai... Um de verdade! – Ele funga emocionado. – Quando Hades apareceu eu sabia que eu era filho dele, mas-mas eu não tenho um pai e Nico foi a primeira pessoa a me salvar e me proteger... Eu-eu... me desculpe...

Will e eu trocamos olhares e eu não tenho certeza de como está a minha expressão, mas provavelmente é um mistura de surpresa e afeto. Meu marido desviou o olhar enxugando algumas lágrimas.

– Sabe, anjo, ontem eu disse que tinha algo pra te falar e bem... – Will limpou o rosto novamente e logo ficou vermelho. – Apolo me visitou e disse que depois dessa missão nossas vidas mudariam. – Will sorriu e fungou. – Ele me fez prometer que não diria nada até você voltar porque você voltaria diferente e traria um presente.

– Diferente? – É tudo que consigo dizer.

– É. Apolo disse que nós receberíamos uma tarefa que parece difícil, mas que é recompensadora. Ele disse que "O filho de Hades se tornou sábio e até os deuses sabem reconhecer isto", agora eu sei do que ele estava falando, amor. Apolo recitou um bom presságio em forma de poema.

A vida a dois é cheia de paz

E com os anos tudo melhora

Porém o número três é

A perfeição dos deuses.

– Will? – Lorenzo chamou.

– Oi, pequeno.

– Eu sonhei que você e Nico cuidavam de mim. Uma garota de cabelos vermelhos me disse que eu cheguei no meu lugar. – Ele disse confuso.

– Rachel. – Eu e Will falamos ao mesmo tempo e sorrimos.

– Nós vamos, meu pequeno. Você está seguro com a gente. – Will abraça Lorenzo que me olha envergonhado.

– Então Apolo previu tudo isso? – Pergunto num meio sorriso. – Deuses, que loucura. – Salto da cama e ficou de frente para as duas pessoas mais importantes da minha vida e sorrio sem conseguir conter a emoção. – Lorenzo, eu prometo que vou cuidar de você – sorrio e bagunço os cabelos do garoto – , prometo que você terá uma família agora. Bem, eu e Will somos um casal e eu amo esse médico mais que tudo na minha vida e se você conseguir entender isso você pode sim me chamar de pai. – Completo.

– Então eu posso chamar você de paizinho, Will? – Lorenzo pergunta e Will sorrir quase chorando.

– Pode, é claro que pode, meu amor.

– Ei, eu sou o seu amor. – brinco e os dois sorriem me fazendo gravar aquela imagem na minha mente.

– Você é o meu amor, mas ele é o meu neném. – Will diz e o menor faz bico.

– Eu não sou um neném, já tenho seis anos! – Nós rimos da cara fofa que ele estava fazendo.

Um barulho chama a nossa atenção e é Reyna olhando a cena com um quase sorriso no rosto.

– Oi, bom dia. Eu não queria atrapalhar, mas gostaria de saber como Lorenzo está. – A morena pergunta entrando no quarto.

– Senhorita Reyna, bom dia. – Lorenzo diz educado. – Eu estou bem e agora eu tenho dois pais, você acredita? Eu não tinha ninguém e agora tenho uma família! – Ele sai da cama e pula algumas vezes intensificando o que falava.

Reyna cai na risada vendo a felicidade do garoto e olha pra nós encantada.

– Eu sabia que vocês saberiam o que fazer. Nico e Will parabéns. Agora, Will, tire o dia de folga e vá cuidar da sua família. Isso é uma ordem! – A mulher acenou dando adeus e saiu por onde havia entrado.

– Bom, se é uma ordem quem sou eu para descumprir. – Will brincou e nós saímos juntos do hospital.

O plano era mostrar Nova Roma para Lorenzo e apresentá-lo aos nossos amigos mais próximos, seria um longo dia!

...

– Will, Will, olha só isso! – O pequeno Lorenzo corria pela sala mostrando um objeto nas mãos.

Eu entrei fechando a porta para fugir do frio intenso que atingia Nova Roma essa época do ano e Will veio da cozinha enxugando as mãos num pano sorrindo ao ver a alegria do menor.

– Oi garotão, o que você tem aí? – o loiro pergunta pegando o pequeno nos braços e sentando no sofá.

– Nico me ensinou a viajar nas sombras e eu trouxe isso do acampamento meio-sangue especialmente para você. – Lorenzo diz estendendo as mãos para Will.

Meu marido olha com carinho pro garoto e recebe a pequena caixa de morangos com o os olhos marejados. Ele abraça o menino que retribuiu o ato sorrindo.

Ele sentia falta do nosso acampamento de origem e mais ainda de seus irmãos. Os morangos também podia entrar nessa lista.

– Quase conseguimos passar despercebidos, mas Rachel tinha previsto a nossa chegada e o centauro chamado Quiron quis me conhecer. – Lorenzo explicou mordendo um morango enquanto Will fazia o mesmo. – Você gostou paizinho?

Will parou de comer na hora e olhou cheio de amor pro menor.

– Você me chamou de paizinho? – Ele pergunta emocionado. – é a primeira vez que você me chama de...

– Paizinho, você é o meu paizinho, Will. – Lorenzo diz abraçando Will.

– Ah é assim? Eu não sou nada então? – Resmungo fingindo ciumes.

– Ah não, pai, não vale ter ciúmes dele. Você sabe, o paizinho é o melhor! – Lorenzo fala naturalmente o que me faz sorrir bobo.

– Então seu paizinho é o melhor? – Ameaço ficando de pé.

Lorenzo salta do sofá e corre pela sala comigo logo atrás. Will entra na brincadeira e no fim estamos os três no chão da nossa sala de estar rindo e comendo morangos do melhor lugar do mundo.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora