10

104 7 1
                                    

Pov. Nico di Ângelo

Acordei sentindo meu corpo menos dolorido, não sei o que Will e Beatriz me deram, mas foi bastante eficaz já que quase não estou sentindo dor. Espero meus olhos se acostumarem a claridade do lugar e suspiro com o sentimento de alívio por ter meu raio de sol comigo.

– Quem bom que acordou. – Beatriz aparece do meu lado direito com alguns comprimidos e água.

– Bom dia, obrigado.

– Nico, beba esses remédios que – ela vacila – nós fizemos enquanto eu pego sua comida. – Beatriz desaparece quase tão rápido quanto entrou.

Engulo os remédios e a vejo voltar com uma bandeja.

– Beatriz, você poderia chamar Will? – Pergunto.

– Will não está.

– Que? Mas, como assim, não está? Pra onde ele foi? – Pergunto sentando na cama.

– Nico, calma, por favor. Will, bem, ele precisa ficar sozinho e...

– O que está acontecendo? – Grito sem paciência e a garota chora me deixando com o coração pesado.

– Desculpe. Me desculpe Nico – Ela cai num pranto de choro e Austin entra na enfermaria.

– Eu não queria te assustar, desculpe. – Peço com pesar.

– Tudo bem Bia, eu falo com Nico. – O garoto loiro diz consolando a irmã.

– O que está acontecendo? – Repito a pergunta.

– Nico, depois que vocês chegaram Will contou como tudo aconteceu, inclusive sobre a maldição.

– A maldição... Deuses, onde está o Will, eu preciso ir vê-lo agora! – Pergunto aos berros tentando me levantar da cama, mas vou impedido por Austin.

– Espere e se acalme! Me deixe explicar, você precisa entender antes de ir vê-lo. – ele grita e eu fico quieto na cama.

– É tão ruim assim? – Pergunto quase sem forças.

– Will perdeu a memória.

– Mas...?

– A memória dos últimos cinco anos. Sinto muito Nico, Will não lembra de você. – Ele diz com os olhos marejados e eu sinto toda a dor se concentrar no meu peito.

Sem forças ou coragem pra levantar eu desabo novamente na cama sendo preenchido pelo medo de nunca mais ter Will e pelo ódio daquela quimera maldita. Fico em silêncio digerindo aquela notícia e Austin, que eu penso que vai embora, senta-se ao meu lado chamando a minha atenção.

– Eu sei que, provavelmente, você não quer conversar e eu não vou forçar. Só quero dizer que você deveria procurar Will, deveria falar com ele mesmo assim, Will ama você Nico e eu duvido que o corpo e o coração dele tenham esquecido de você. – Ele fala e, em seguida, se levanta caminhando para o escritório da enfermaria.

As palavras de Austin ecoam na minha mente e eu analiso qual a probabilidade daquilo acontecer. Suspiro deixando o peso dos acontecimentos assentarem no meu coração e fecho os olhos por alguns segundos. Relaxo na cama apenas sentindo... Sentindo a dor de perder Will pro esquecimento, o medo de nunca mais tê-lo comigo e a impotência de não conseguir salvá-lo por completo.

Não sei se é delírio, mas o cheiro dele invade minhas narinas e eu me mantenho quieto e de olhos fechados. Sinto um calor próximo a mim e me reteseio ao sentir um pequeno calafrio que, costumeiramente, eu sentia ao toque quente de Will na minha pele fria.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora