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Pov. Nico di Ângelo

O gosto do beijo dele permaneceu na minha mente até que eu pegasse no sono. Depois daquele nosso momento, fomos para nossas respectivas atividades e nos encontramos apenas nos horários das refeições. Era chato ficar à mesa de Hades sozinho, por mais que a mesa agora fossem dos três grandes, os outros semideuses filhos deles não estavam aqui o que me deixava sozinho. Jason permaneceu no acampamento apenas por um semana após o fim da guerra e depois saiu para cumprir sua missão de pontifex sem data certa pra voltar.

Acordo ouvindo batidas à minha porta e me arrasto até lá, abrindo-a em seguida. A primeira coisa que vejo tão cabelos louros e imediatamente sinto um calafrio passar pelo corpo, mas ao ouvir a voz do ser a minha frente me sinto um pouco decepcionado.

– E aí rei dos fantasmas, bom dia!

– Jason, o que faz aqui tão cedo. – Respondo emburrado, eu odeio acordar cedo.

– Nem um "bom dia" sequer, Di Ângelo? Você já foi mais educado. – Ele diz entrando sem eu ter convidado.

– Bom dia. – Falo e me jogo na cama cobrindo meu rosto como travesseiro.

– Fala sério, Nico. Acorda! Já está na hora do café da manhã! Acabei de chegar e você nem ficou feliz, fique sabendo que vou permanecer por cinco dias e você prometeu que era meu parceiro de treino enquanto eu estivesse por aqui.

– Grace, pra quem tantas palavras tão cedo? – Resmungo sentando na cama.

– Ta bom senhor emburrado, vá pro banho, eu encontro com você no refeitório. – Ele se despede e sai fechando a porta.

Bufo com sono e me arrasto para o banheiro. O chalé de Hefesto desenvolveu uma espécie de rádio que tocava a música que você quisesse, bastava cantar um trecho ou dizer o nome e fez o enorme favor de instalar o mecanismo em cada chalé, o que me proporcionou tomar banho ouvindo minhas músicas favoritas. Me peguei pensando que o mais engraçado é que ninguém deve conhecer as músicas que escuto já que não sou desse país e nem desse século.

Saio do banheiro ainda cantarolando uma música, com a toalha enrolada na cintura e caminho até o guarda-roupas. Não é como se eu variasse muito ou tivesse tantas peças, mas abro pegando uma cueca cinza, uma bermuda preta e uma camisa cinza com detalhes pretos, previsível, não?

– Até que você não canta mal... – A voz de Will surge no ambiente me fazendo gritar de susto.

– William!

– Desculpe, não quis assustar você. – Ele diz alto do outro cômodo. – Vim ver se estava acordado pra irmos juntos ao refeitório, mas você tava no banho e eu decidi esperar. Fiz mal?

A pergunta final me desarmou.

– Não fez mal, Will. Espere apenas eu vestir uma roupa.

Ele disse um "ok" baixo e eu larguei a toalha de lado e comecei a me vestir. Pus um all star preto, minhas pulseiras, que eu não saio sem, e meu característico anel de caveira. Saio do quarto vendo Will sentado no pequeno sofá duplo e sorrio deixando meus olhos passearem pelo corpo dele.

O loiro vestia a típica camisa chamativa do acampamento, uma bermuda caqui e chinelos. Um relógio pequeno, quase infantil, e uma pulseira de couro com um pingente de sol era os únicos acessórios dele. O desgraçado não precisava de muito pra ficar terrivelmente lindo.

Trocamos olhares e Will fica de pé sorrindo pra mim, ele parece tão mais risonho hoje.

– Bom dia, meu anjo. – Ele diz me fazendo encará-lo e logo deposita um selinho nos meus lábios.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora