Sempre foi você

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Pov. Nico

Poderia ser só mais um quinta-feira, mas essa era especial, era aniversário do meu raio de sol. Will era a pessoa mais importante da minha vida e eu queria que hoje fosse um dia memorável pra ele. Por isso, combinei com Lorenzo de acordarmos ele cedinho e preparar um café da manhã, já que era sempre ele quem fazia isso. Eu e meu filho não conseguimos ter a mesma aptidão que Will para acordar às 6h da manhã, no entanto, o "paizinho" merecia o sacrifício.

– Pai, está tudo pronto! Vamos! – Lorenzo sussurrava com um buquê de flores nas mãos enquanto eu tentava andar pelo corredor sem derrubar a bandeja ainda lutando contra o sono.

– Vai com calma aí, filho. Abre a porta devagar, seu paizinho tem o sono leve.

Entramos fazendo o mínimo de barulho possível e Will estava deitado de costas. Fechamos a porta e eu apoiei a bandeja na cama com cuidado vendo o corpo de Will balançar.

– Nico... Lorenzo... são vocês? – A voz sonolenta de Will nos faz arregalar os olhos um para o outro e eu travo sem saber o que fazer.

– Isso é pra você paizinho, mas também é pra você papai. – Lorenzo tira um papel do meio das rosas e lê tímido.

Ser pai é um estado diferente
É um sentimento intermitente
Que só se sabe quando se é pai

Ser pai é ser responsável
É ter medo de morrer
Se preocupar com o futuro do filho
É cumprir um ciclo
Querer viver

É viver atento, preocupado com relento
Que pode resfriar
É brigar para ensinar
E por dentro sentir vontade chorar

É viver por alguém e não para si
É sacrificar com a dor pelo bem de alguém

É sentir que a vida faz sentido
Concluir que existe um pedaço de você para seguir o ciclo e prosseguir sua tradição
É ter alguém que mal sabe o sentido da palavra traição
É ter a certeza que sua vida já valeu a pena e nada foi em vão

Foi difícil saber quem estava chorando mais, se eu ou Will. As palavras de Lorenzo tocaram tão profundamente a nós dois que eu precisei abraçar Will e consolá-lo para só então ser consolado também. Nem sequer imaginei que ele tivesse preparado algo para nós, mas foi tão bom saber que ele se sente em relação a nós porque eu e Will ficamos inseguros no começo. Por algum motivo nos tínhamos medo de ele não se acostumar ou até mesmo nos rejeitar.

Se alguém me falasse que há um ano atrás eu teria um filho com certeza eu diria que essa pessoa era louca, mas agora não vejo nenhum sentido na minha vida sem a presença de Lorenzo.

– Meus deuses, eu tô tão feliz que nem consigo me expressar direito. Meu filho, obrigado, o paizinho ama você. – Will disse e puxou o menor para um abraço apertado. – E você, meu anjo, obrigado por tudo isso, você é o amor da minha vida, eu te amo! Vocês são tudo que eu tenho, eu vivo por vocês e... – ele soluçou chorando –, esse é o melhor aniversário da minha vida.

– Não chore, Raio de sol, hoje é dia de sorrir. Nós preparamos um café da manhã especial pra pessoa que nós mais amamos no mundo. – Digo colocando a bandeja no centro da cama enquanto nós três nos sentamos em volta.

– É, paizinho. Nós fizemos algumas coisas e compramos outras porque o papai quase pôs fogo na casa inteira tentando fazer cookies! – Lorenzo me entrega fazendo Will rir enquanto limpa o rosto cheio de lágrimas.

– Deuses do olimpo! Seu pai nunca foi um bom cozinheiro, isso é verdade. Mas eu agradeço a dedicação e a intenção, aqui tem tudo que eu gosto de comer, é incrível, meu amores! – Ele diz já atacando os morangos.