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Pov. Will Solace

Pipoca, confere. Refrigerante, confere. Chocolate, confere. Namorado limpo e cheiroso, confere. Notebook cheio de filmes de heróis e animes, confere.

Normalmente, nós, semideuses, não tínhamos muito tempo de viver nossas vidas como pessoas normais. Ir a qualquer lugar, quer seja, cinema, shopping ou festas era muito complicado, pois a qualquer momento um monstro poderia aparecer e nos atacar. A maior parte das nossas vidas nós passávamos tentando salvar o mundo e consertando as merdas que os deuses fazem.

Bato na porta do chalé negro e ouço o grito de Nico me mandando entrar, sorrio feliz com o fato de não ser considerado mais visita e fecho a porta atrás de mim.

O lugar está limpo e organizado, Nico estava deitado na cama lendo um livro que eu não consegui ver o título.

– Deixa eu te ajudar. – Ele diz pegando tudo que eu trazia e colocando em cima da cama de Hazel. – Fique a vontade, nós podemos ficar aqui na minha cama mesmo.

– Certo, eu vou só ligar o notebook.

Pego o aparelho e Nico o observa curioso. Ele ajeita os travesseiros e põe uma cadeira ao nosso lado onde está a pipoca e o refrigerante, em seguida apaga a luz e senta ao meu lado.

– Você sabe usar essa tecnologia? – Pergunto ainda vendo ele olhar curioso ao meu lado.

– Não. O computador que conheço e usei era bem maior que esse e não lembro dele ser portátil.

– Imaginava. Sabe, muitas coisas evoluíram muito e uma delas foi a tecnologia que não para de surpreender. Que tal conversarmos um pouco sobre o mundo e o que você não conhece e depois vemos o filme?

– Você quer me ajudar a ficar atualizado? – Ele pergunta franzindo o cenho.

– Quero. Tem muitas coisas que você precisa saber, minha mãe sempre dizia que "o conhecimento existe para ser compartilhado". – Sorrio lembrando dela.

– Dizia? – ele pergunta baixo.

– Ela morreu há um ano. Não sei exatamente como aconteceu. Ela era cantora country, um estilo de música rural norte-americana ou de inspiração interiorana e folclórica, e houve uma briga no bar, os homens estavam armados e ela foi vítima de uma bala perdida. – Explico sentindo meu coração apertar.

– Eu sinto muito. Odeio que você tenha passado por essa dor. – Nico diz singelo segurando minha mão.

– Tudo bem, meu anjo. Obrigado por isso. Eu consegui superar com a ajuda dos meus irmãos e bem, digamos que eu tenha pensado muito em um certo filho de Hades que sempre me deixou caidinho por ele, então eu vi que a vida continuava e eu precisava ser forte pra seguir em frente.

– Desde quando você foi "caidinho por mim", Solace? – Ele pergunta surpreso e eu rio da tentativa ridícula dele de imitar minha voz.

– Desde que te vi pela primeira vez descendo do carro solar de Apolo. Aquela foi a primeira vez que eu vi meu pai e a primeira vez que vi o garoto que eu amo. – Minha voz ficou trêmula ao dizer a última frase, mas ela era totalmente verdadeira.

Os lábios de Nico se chocam com os meus e eu gemo em surpresa ao sentir a língua dele vasculhar a minha boca num beijo nada calmo. Retribuo da melhor forma que posso sem deixar o notebook cair e arfo ao sentir ele morder meu lábio inferior.

– Sempre tenho vontade de fazer isso quando te vejo morder o lábio. – Ele confessa me fazendo ri e corar ao mesmo tempo.

Ficamos conversando sobre o mundo e suas mudanças e novidades, sobre a história e a geografia dos estados do nosso país. Nico me conta sobre Itália e como pretende me levar lá um dia. Ele fala sobre a mãe, o pai, Bianca e as lembranças que têm dos três no país de origem. Ele me conta com aprendeu o inglês e me fala sobre as escolas que passou.

Quando finalmente decidimos assistir ao filme ouvimos o toque de recolher.

– Droga! Justo agora! – Resmungo com raiva. – Não dá tempo assistirmos ao filme, eu queria tanto que você conhecesse os heróis da Marvel e da DC! – Esbravejo chateado.

– Você não precisa ir se não quiser. – Nico fala desviando o olhar e eu mordo o lábio digerindo o que ele disse.

– Sério?

– É, sério. Mas, talvez, seus irmão vão perceber sua ausência e vai dar problema. – ele pondera.

– Na verdade eu avisei a Kayla e Austin que ficaria aqui com você até a noite, acho que eles vão entender o motivo de eu não voltar e vão acalmar os outros.

– Você tem certeza que não vai te causar problemas?

– E você, Di Ângelo, tem certeza que não vai te causar problemas também? Afinal a regra é para todos.

– Tenho certeza que ninguém virá reclamar nada pra mim. – Ele dá de ombros com um olhar sombrio que o deixava irresistível.

– Sabe que eu não resisto a essa cara de mal... – Digo já o puxando para outro beijo.

Deitamos na cama ainda com as bocas unidas e eu me afasto sorrindo enquanto ajeito o travesseiro.

– Você acaba com a minha reputação de sombrio. – Nico bufa fingindo raiva.

– Vem, deita logo que eu vou iniciar.

Nico obedece e se acomoda ao meu lado com a cabeça no travesseiro, colocamos o notebook em cima de outro travesseiro sobre os nossos abdômens e prestamos atenção. Falamos apenas quando era par tirar as inúmeras dúvidas de Nico.

Ele ficou realmente encantado com os personagens e me fez prometer que assistiríamos a todos os filmes da linha cronológica.

Era quase 1h da manhã quando fechei o notebook e o coloquei no chão, estávamos caindo de sono e decidimos parar. Nico virou se aninhando no meu peito e eu o abracei acariciando seus cabelos negros.

Fiquei alguns minutos processando aquela imagem, Nico di Ângelo ronronando tranquilamente abraçado a mim, era bom demais.

– Boa noite, meu anjo, amo você. – Sussurrei beijando a testa dele que eu pensava estar dormindo.

– Também amo você, raio de sol, boa noite. – Ele disse se remexendo mais um pouco ao nos cobrir com seu lençol e adormeceu em meus braços.

Acordei cedo, como sempre, e fiquei observando Nico dormir. Ele parecia tão angelical que precisei controlar o desejo de apertá-lo com força. Fiz carinho nos cabelos dele por uns vinte minutos e tentei despertá-lo em seguida.

– Ei, meu anjo, o que acha de acordar, hum? – Falei baixo e depositei um beijinho na bochecha dele.

– Hmmm....

– Que preguiçoso... Temos vinte minutos até a trombeta do café da manhã soar e eu ainda preciso mudar de roupa.

– Will...

– Oi, meu anjo. Acorde... – Pedi novamente e Nico resmungou irritado. – Depois diz que não tem parentesco com os vampiros.

Ouço um quase riso dele e sei que está desperto.

– Vou pro banho. – Digo já levantando da cama.

No banheiro tento não demorar e faço minha higiene rapidamente, escovo os dentes com a escova de Nico mesmo e me seco no banheiro vestindo as mesmas roupas. Saio e encontro o moreno ainda cochilando na cama.

– Nico di Ângelo está na hora de levantar.

– Eu odeio acordar cedo.

– Nem está mais tão cedo. – Devolvo e sento na cama.

– Você já vai?

– Vou, meu anjo. Preciso passar no meu chalé, ver meu irmãos e organizá-los para o café da manhã. Te encontro no refeitório, combinado?

– Combinado. – ele responde sonolento.

– Eu amei a nossa noite. – Sussurro e dou alguns selinhos dele.

– Eu também. – Nico respondeu e eu senti vontade de apertar ele por conta do cabelo bagunçado e o rostinho amassado.

– Preciso ir senão vou deitar novamente e morder você por ser tão fofo. – Levanto e caminho até a porta.

– Eu não sou fofo! – ele resmunga e eu saio sorrindo.

Sempre foi vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora