Sutiã rosa choque

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Que diabos?!

Assim que coloquei meus pés dentro do inferno (diga-se de passagem atrasada), um turbilhão de cochichos e outras coisas muito confusas despencaram em minha cabeça. Sentia-me o humano mais insignificante do mundo, ou seja, estar flutuando entre os assuntos mais comentados do final de semana era no mínimo anormal. Bom, anormalidade seria se descobrissem o que recebi ontem. E posso assegurar que isso causaria uma catástrofe nuclear caso divulgado.

Por falar na dona do hortifruti, sua mensagem de bom dia foi recebida com muita relutância, já que vindo dela eu não esperaria menos que um par de seios para o café da manhã. 

Caminhei apressadamente até estar em meu armário, esbarrando e ignorando as normas  de sequer respirar perto desses alunos requintados demais para conviver com pobres. Classes sociais, hierarquia estudantil e popularidade era os princípios desta escola. Pôde-se dizer que sempre estar fugindo do time de atletas e ser alvo de piadas das líderes é comum para cadeia alimentar de uma nerd.

Apalpei meus bolos atrás da chave. Assim que destranquei o cadeado, a pequena porta de metal se abriu bruscamente, pegando-me desprevenida. Esfreguei as costas de minha mão afetada pelo impacto, mirando meus olhos para a porta que sustentava um tecido rosa choque preso pela alça.

UM SUTIÃ?!?!?!?!?!

Ouvi cochichos e desesperei-me. Puxei aquela pouca vergonha neon do meu armário amassando o mesmo para colocá-lo no bolso do blazer, tomada de vergonha e tremedeira. Quem era idiota o suficiente para deixar um sutiã sobre as mãos de uma desconhecida? Rapidamente apenas uma pessoa passou pelos meus pensamentos. A maldita cuja é esbelta.

Em meio ao caos turbulento de sentimentos desesperadores, quando mexi para alcançar  o celular guardado dentro da bolsa, o tecido escapuliu do bolso, criando um constrastaste horrivelmente chamativo pela coloração rosa choque no chão cinza da escola. Olhei ao redor e as órbitas ali presentes caçoavam internamente. Alguns não disfarçavam a incredulidade, e para ser sincera nem eu queria disfarça também.

Receber um sutiã, sete e meia da manhã não poderia me deixar de outro modo que não fosse incrédula.

Enfiei aquilo no bolso, fechando o armário desengonçada enquanto digitava freneticamente minha senha de bloqueio. Tentando não tropeçar ou esbarrar em ninguém, meu celular já tão quebrado apenas ligou durante dois minutos, dando tempo apenas de enxergar pela barra de notificação a seguinte mensagem;

"Bom dia Dahyun. Espero tenha sonhando com os os anjos."

Como pode ser tão sonsa?!

O corredor vazio causou calafrios no meu corpo. Respirei fundo para poder abrir a porta e enfrentar um professor zangado, então reunindo uma pouca coragem, adentrei  na classe escura e gelada pela exibição de alguma vídeo aula. O professor contorceu seu bigode repreendendo, corri até a carteira como um ratinho fujão, sobre o olhar curioso da classe.

— Dahyun porra... — Ao sentar-me do seu lado, Chaeyoung murmurou baixo. — Te mandei mensagem! Está difícil tentar comunicação com você e seu pocket do inferno.

— Silêncio! — O professor ralhou. Fingi sequer saber da existência de Chaeyoung ao meu lado.

— Chaeyoung eu preciso de um milagre. — Exagerei. — Você não sabe o que aconteceu...

Chaeyoung e eu somos amigas desde da creche.
Naquela dia em específico, como uma boa criança pródigo eu estava quieta brincando com a areia do parquinho. Isso até aquela birrenta japonesa de bochechas enormes começar puxar minha blusa, dizendo sobre A+B que eu deveria proteger seu reino de fadas assumindo o cargo de ogra da portaria. Eu enfureci profundamente, e não hesitei  em engolir seu laço azul de cabelo.

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