[ATO 5] EXPIAÇÃO

831 82 69
                                    

Recomendação de música:

Fools, por Troye Sivan (subjetividade de Kim).
Poema, por Ney Matogrosso (novamente um retrato da subjetividade de Porchay).

———

Finalmente o quinto capítulo nasceu! Ele demandou um movimento de introspecção bem intenso, mas fiquei muito feliz com o resultado. Espero que o apreciem tanto quanto eu.

Vocês podem encontrar as músicas indicadas nos capítulos na playlist do Spotify, cujo link deixarei na minha bio do Wattpad.

———

Finalmente, aqueles dizeres entalados foram vomitados garganta afora.

De um lado havia, por conseguinte, um homem de 29 anos que retirava um peso enorme de suas costas; do outro, um de 20 anos experenciando algo como um soterramento sob os escombros de um prédio em ruínas.

Ou de um palco.

Naquele momento, o mais novo supunha que Kim mantinha-se em pé na estrutura de madeira que o esmagava, dificultando sua respiração. Os soluços que ecoavam por aqueles cômodos integrados repentinamente cessaram, bem como o expandir e retrair do tórax da pessoa que era aninhada dentro de um terno abraço. Aquilo só podia ser um mal-entendido. Ou isso, ou Porchay tinha ouvido errado.

— ... Eu não sei bem como isso aconteceu. Depois daquilo, o modo como eu me sentia em relação a você simplesmente mudou... e eu não parava de pensar em você, de querer estar com você... de... — Kim hesitou, achando por bem omitir seus desejos carnais — de querer abraçar você, como agora...

O peito do jovem adulto gelou, e essa sensação irradiou-se-lhe por toda a espinha. Sua mente era povoada pelo mais pleno vazio — ou por afetos e pensamentos caóticos demais para serem considerados organizadamente —, e apenas quando a ausência de ar nos pulmões começou a incomodá-lo é que ele lembrou-se de respirar. Inspirou e expirou vagarosamente, antes de interromper o abraço pousando as mãos nos ombros do par. Empurrou-o gentilmente e disse com dificuldade:

— ... P'Kim... Isso que você tá dizendo não faz sentido. — forçou um sorriso.

O mais velho fez que não com a cabeça, a expressão denotando dúvida.

— Eu sempre fui muito honesto com você. Veja bem, eu-

— Eu sei que a gente sentiu coisas que não deveria sentir — Porchay interrompeu, recolhendo as mãos e cruzando os braços desajeitadamente —, mas não tem nenhuma chance de, quer dizer, foi intenso demais, e depois brigamos, e... — ele não fazia ideia do que estava dizendo, e sabia disso.

Estava tentando se enganar.

Kim soltou o ar como quem acha algo engraçado, mas o fez forçadamente.

— Olha, Porchay... Eu sei que parece repentino... Para mim, também o é, mas eu não suporto ser desonesto com você... — o homem, nervoso, passeou com as mãos pelo rosto e pelos cabelos, pondo estes para trás. Seus dedos deslizaram até sua nuca tensa, em seguida, e um de seus braços deixou-se cair paralelamente ao seu corpo.

Porchay encostou-se na bancada atrás de si. Uma lágrima escorreu por sua face já úmida e avermelhada, a qual ele tentou secar antes de apoiar as palmas no mármore frio. Ele moveu a cabeça em negativa.

— Eu acho que aquela imersão deixou a gente confuso, Kim... Talvez o melhor sej-

— Eu tenho certeza do que estou te dizendo! — a interrupção fez com que o mais novo erguesse o olhar, que cruzou com o do homem. — Você acha que é fácil eu perceber que tô sentindo uma coisa dessas? Com você tendo um irmão que me odeia? Com a gente sendo figura pública e sendo obrigado a pensar em tudo que faz e diz?

[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora