[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)

[ATO 9] VIOLAÇÃO

*ALERTA DE GATILHO: relações sexuais sem consentimento e/ou com consentimento duvidoso (noncon/dubcon), ideação suicida e relacionamento abusivo. Aconselho moderação, bom senso e compreensão. Se você é sensível a algum desses temas, sugiro, como profissional da saúde, que não leia este capítulo. Isso não afetará sua experiência de leitura. No mais, destaco que não tenho como propósito tratar dos temas sensíveis supracitados levianamente. Busque alguém capacitado em caso de abuso ou sofrimento psíquico intenso.

Abraços ternos da yuudae.

Indicações de música:

"Culpa", por O terno; "Over", por Portishead; e "Volta", por Ana Cañas.

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Kimhan acordou. A primeira coisa que avistou foi um par de enormes cortinas brancas semitransparentes, que iam do chão até praticamente o teto, reduzindo o nível de luminosidade que adentrava o quarto através das grandes portas de vidro que cobriam. Tentou mover-se, sentindo dor e exaustão em cada milímetro de seu corpo, e deu-se conta de que estava sendo abraçado por trás. Por Tawan. Não conseguiu perceber sua presença prontamente porque aquele sempre inconfundível aroma de lavanda estava mesclado aos de álcool e tabaco.

Com a constatação, seu estômago foi tomado por um embrulho leve mas crescente. Estava enjoado. Espere um pouco: o que tinha acontecido na outra noite? Sem conseguir recordar-se de nada, ele decidiu, ao menos por ora, levantar-se para tomar um pouco de ar na varanda. Talvez assim conseguisse aplacar um tanto de seu enjoo. Conversaria sobre aquilo com o parceiro mais tarde. Ao engolir, notou ainda uma incomodativa irritação na garganta.

Após apertar os olhos em razão do latejar de sua testa, livrou-se lenta e delicadamente dos braços alheios, que o envolviam, e começou a mexer-se. Tentava alcançar uma das extremidades da enorme cama de bagunçadas cobertas brancas em que estava, mas travou repentinamente. Sentira uma dor aguda irradiar por sua lombar. "Mas que porra...?"

— Tawan. — Kim chamou o amante pelo nome, baixinho, imóvel e com um semblante em parte confuso, em parte assustado.

— Hm... — ele grunhiu em reclamação, deitando-se de costas para quem o chamara. — Nós fomos dormir tão tarde, meu amor... Por que você não descansa mais um pouco?...

Foi a vez de Kimhan, reticente, abraçar o outro por trás. O desconforto estomacal persistia, mas era deixado de lado em razão do outro incômodo, o qual o estava fazendo sentir certa perplexidade. Entretanto, tomado por uma ressaca e uma enxaqueca incapacitantes, não conseguia pensar direito. Sua cabeça pesava e doía.

— O que nós fizemos ontem à noite?

Tawan envolveu seus antebraços nos de Kimhan, sussurrando:

— Você bebeu e dançou para mim... não se lembra, minha putinha?

Por alguma razão, Kim sentiu um arrepio desagradável atravessar-lhe ao ser chamado pelo apelido. Era algo como um asco, uma aversão estrangeira. Quis recuar, mas confiava em Tawan mais do que em qualquer outra pessoa, então insistiu naquela troca. Imaginava que suas sensações tinham a ver com sua debilidade de então.

— Sei lá... eu estou todo quebrado e não consigo me lembrar de nada. Certeza de que mais n-

— É claro que tenho — foi replicado em um tom ligeiramente ríspido. — Você quis vir dormir logo depois.

Kimhan hesitou. Estava duvidando de quem amava? Ele rejeitou imediatamente o pensamento, mas não pôde deixar de questionar:

— Mas você não disse que deitamos muito tarde? Então eu pensei q-