[ATO 6] GERMINAÇÃO

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Queria, em primeiro lugar, agradecer muitíssimo pelo apoio de cada uma, ume e um de vocês. Em razão da confiança que depositam em meu trabalho, tenho alcançado rankings antes inimagináveis nas tags de minha fanfiction, sobretudo na que destaca se tratar de um escrito de gênero psicológico. É extremamente relevante para mim que este tenha a colocação mais alta, pois é o que mais penosa, prazerosa e esforçadamente desenvolvo aqui.

Saiba que vocês são a principal razão de eu seguir, na vida e na ficção.

Obrigada.

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Indicações de música:

"Youth", por Troye Sivan (subjetividade de Porchay).
"Answer: love myself", por BTS; e Loved you better, por Holland (subjetividade de Kimhan).
"Angel baby", por Troye Sivan (toda a cena).

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Kim escutou, parado onde estava, o apressado trancar da porta do banheiro. Confessara-se. Sentia-se mal em razão do sentimento de rejeição, mas acreditava ter feito a melhor escolha. Não era capaz de esconder aquilo de sua pessoa especial. Virou a cabeça e espiou discretamente o corredor que dava para o cômodo aonde Porchay havia ido, a expressão magoada.

O outro fugira de novo.

Não só fugira, como duvidara dele.

Sentia-se tolo.

Sempre ponderava muito sobre seja lá o que fosse dizer ou fazer, mas mesmo assim foi contestado. Pensando nisso, um tanto frustrado e um tanto ofendido, ele arrastou um dos tamboretes que estavam sob a bancada da cozinha e sentou-se vagarosamente. Estava disposto a esperar até que o mais novo processasse aquela informação repentina. Imaginava ter se expressado de maneira suficientemente nítida.

E o tempo perpétuo começou a correr como se de algum modo não passasse, similarmente a uma ampulheta sem areia para marcar a passagem dos segundos. A lembrança da feição complicada de Porchay invadia-lhe como um soco no estômago e seu coração acelerado palpitava dolorosamente. Ele já havia se esquecido de como era ser rejeitado. Um nó em sua garganta se formava, irradiando em uma sensação fria de formigamento por todo o seu tórax.

O que será que Chay estava pensando dele? Será que ele se sentia enojado por ter beijado alguém que não gosta de homens apenas diante dos holofotes?

O compasso dos ponteiros, que ecoava na ausência de um relógio, era os murros dilacerantes que recebia em seu peito. Ouvia-os, pois o silêncio que ali fazia era absoluto e chegava a ser ensurdecedor em seus ouvidos. Passeou com os olhos marejados pela mobília diante de si, recordando-se do que ocorrera ali pouco antes. Apoiou os cotovelos na bancada e deslizou as mãos sobre os cabelos, acomodando parte deles por trás de suas orelhas.

Sentia vontade de chorar, mas não conseguia. Não conseguia porque a aflição era intensa demais. Porque a expectativa era grande demais. Porque o desejo insistia em corroer-lhe. Porque preservava uma esperança que considerava inútil. Estava preocupado com o outro mais do que consigo mesmo. Pensava: "Chay está bem?", "Será que ele está com medo de mim?", "Será que eu o fiz sentir nojo?", "Eu não quero forçá-lo a nada, então talvez seja melhor dizer a ele que ele pode ir para casa e que eu...".

[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora