[ATO 7] RECORDAÇÃO

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Indicações de música:

"Asleep among endives", por Ichiko Aoba (cena KimChay; leia a tradução!).

"Sexo casual", por Álvaro Assmar, "202", por Kweller & Enzo Cello, e "I'll do it how you like it", por PP Krit (flashback sobre o passado de Kimhan).

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Porchay sabia que seria necessário ainda mais tempo para cuidar de Kimhan, o qual envolvia em seus braços naquele momento, mas não se importou. Sentiu-se, na verdade, de algum modo lisonjeado, pois aquilo lhe parecia um voto de confiança. De uma confiança recíproca. Diante da fragilização do outro, ele agia, quase instintivamente, a partir do que considerava mais adequado e gentil.

Deu um beijo na testa do sênior, que estava sonolento após o choro intenso.

— Você precisa tomar banho, P'Kim. Está quase adormecendo aqui... Quando estiver limpo, vai dar para ficarmos na cama. Lá é melhor — naquele momento, preocupava-se com a possibilidade de vestígios de esperma caírem sobre o estofado acinzentado do móvel em que estavam.

Ouvindo seu bem, Kimhan fez que sim com a cabeça, extremamente vulnerável, e nada disse. Era possível ver um sutilíssimo sorriso despontar de seus lábios ao ouvir Chay enunciar a palavra "ficarmos", mas isso era tudo. O mais novo levantou-se cuidadosamente e foi ao banheiro, pois precisava limpar a si e ao outro do ápice de prazer que os banhava. Assim que lavou as mãos, recolheu um bom pedaço de papel higiênico do rolete fixado ao vaso sanitário, cujo modelo tinha a caixa de descarga acoplada, e retornou à sala para cumprir seu objetivo.

Após isso, segurou as mãos de Kimhan, que estava emocionalmente esgotado, e o levou até debaixo do chuveiro. Cuidava dele como se cuidasse de alguém doente, embora se tratasse de uma pessoa que havia acabado de se curar. Quando deu as costas e fez como se fosse sair do cômodo, o mais velho sussurrou, quase sem forças:

— Fica aqui comigo... um pouco mais...

Porchay retornou pela trilha imaginária que seus passos haviam percorrido e, entrando no box, ligou o registro de pressão atrás deste. A água morna caiu abundantemente sobre os dois corpos, levando o restante da estranheza que sentiam para longe. Num ritmo paciente, condizente com a passagem de uma mente nebulosa para o fluxo de pensamento habitual, tomaram um silencioso banho. Tamanha a exposição da troca há pouco performada, imaginavam que se lavarem juntos era o de menos. Muita coisa havia acontecido, e ambos precisavam se reorganizar.

Especialmente Kimhan.

O veterano se sentiria estúpido, caso não estivesse absolutamente exausto. Passeava o sabonete por suas curvas, enquanto o júnior ditava o fluxo da ducha. O rapaz pegou o frasco de xampu que estava sobre uma prateleira de vidro transparente, situada quase na altura de suas cabeças, e derramou um pouco do produto em sua palma. Devolvendo a embalagem a seu lugar, friccionou ligeiramente as mãos e apoiou-as sobre o cabelo de Kim, que apenas fechou os olhos e seguiu ensaboando seu tórax e axilas preguiçosamente. O jovem adulto realizou movimentos circulares naqueles fios negros, a fim de produzir espuma, e depois enxaguou-os, assistindo a água escorrer pelos contornos do corpo diante de si.

Era um homem muito bonito, concluiu naquele intervalo de contemplação. Queria cuidar dele e entendê-lo. "Ele sempre foi uma pessoa aparentemente tão segura e íntegra! Por que chorou tão de repente? O que ele veio guardando em si por todo aquele tempo?" Porchay mentalizou tais questionamentos à medida que se higienizava sem muita demora, e após ambos estarem limpos, foi buscar toalhas no cômodo vizinho. Descalço e nu, deixou rastros de umidade pelo banheiro e pelo corredor.

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Vestindo apenas uma grande camisa social azul-clara e uma cueca box cinza, Kimhan repousou a cabeça de cabelos ainda molhados no travesseiro de sua cama king size. Seu bem, utilizando uma samba-canção azulada que pegara emprestado dele, entreabriu as cortinas black-out da grande janela acima do móvel em que estavam e sentou-se ao seu lado, após cobri-lo parcialmente com um edredom branco e ajustar a temperatura do cômodo para um grau mais ameno.

[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora