[ATO 4] CONFRONTAÇÃO

877 92 55
                                    

Indicação de música:

"Let you break my heart again", por Laufey (subjetividade de Kimhan).

Sinceramente, não me ocorreu nada sobre Porchay, porque e isso eu devo admitir ele é uma incógnita até mesmo para mim. Em meu processo de escrita, sou quase que integralmente conduzida pelos personagens, e não o contrário, então é como se o mistério desse garoto também afetasse o que consigo escrever e compreender dele. Prometo que irei me esforçar para que isso não afete o conteúdo que produzo por aqui.

Boa leitura!

———

O mais velho enterrou os dedos de uma das mãos entre os cabelos do menor, suspirando dentre aqueles fios escuros. Sentia em seu peito um calor indescritível, o que tornava o corpo do outro algo extremamente viciante. Já não precisava apertá-lo para uni-lo a si; apenas com aquele toque repleto de ternura, apesar de aflito, o percebia mais fundido do que nunca antes. Tão fundido, que sentia em si o temor que emanava daquele corpo magro e vacilante. Os dois corações rugiam, o suor frio, as mãos trêmulas.

Os homens se abraçavam demoradamente, as palmas inquietas passeando pelas costas e braços um do outro. Porchay deixava escapar grossas lágrimas de suas órbitas, soluçando copiosamente. Tentava falar alguma coisa mais extensa, mas não conseguia enunciar nada além de engasgados e insistentes "Me desculpe". Kim também chorava, silencioso, enquanto aspirava o aroma de que tanto sentira falta.

O maior finalmente o lia. Lia como se folheasse um livro escrito num idioma extremamente familiar. Percebia que o garoto arrepiava-se por inteiro com sua respiração e seus toques. Notava seu coração saltando, o tremor fino passeando-lhe pelas extremidades e a hesitação em aproximar mais o corpo. Como resposta, sustentou o abraço sem nada dizer, pois jamais desrespeitaria aquela pessoa novamente, por mais que aqueles sinais pudessem confundi-lo.

Chay fervilhava por dentro. Ambos haviam acabado de expressar-se a respeito de coisas que sequer compreendiam bem. Acreditava que, se conversassem sobre o que aconteceu, esse afeto estranho seria extirpado e eles poderiam ser apenas Phi e Nong novamente. Mas não. Pronunciar aquelas palavras despertou nele sentimentos e sensações cada vez mais ambíguos, o que o assustava.

— Eu não sei o que estou sentindo, P'Kim... — disse entrecortadamente. — Eu não entendo, e isso me dá medo.

Ele finalmente se deixava extravasar toda a desordem que o vinha consumindo, revelando uma fraqueza a qual tentava esconder de qualquer outra pessoa, exceto de Kim — fraqueza essa que se avizinhava de uma coisa estrangeira que há algum tempo começara a fazer um ninho em si.

O maior beijou os cabelos do rapaz, distribuindo alguns afagos por suas costas, e disse:

— Você gostaria de falar mais sobre isso comigo, Chay? — sua voz saiu mais suavemente do que o planejado. Era como um sopro ao pé do ouvido do outro, que estremeceu e não conseguiu impedir que suas mãos apertassem as longas mangas da camiseta verde-escura de seu sênior.

A excitação que isso havia despertado se aproximava como um vulcão prestes a entrar em erupção. O jovem mordeu os lábios para conter um gemido, dado o risco de esse gesto atualizar uma cena pecaminosa. Aquilo não poderia acontecer mais uma vez! Ele não podia render-se logo após estar tudo bem de novo. Não entendia. Realmente não entendia seu próprio corpo.

— Porchay... — Kim quebrou o silêncio que se formara enquanto o mais novo estava perdido em pensamentos.

— Hum?... — o jovem esforçou-se para engolir qualquer vacilação em sua resposta.

[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora