[ATO 14] CONSTATAÇÃO

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Olá, seres ou amoras docinhas – como preferirem.

Antes de começarmos, gostaria de pedir desculpas por ainda não ter postado o especial de Ano Novo que prometi a ume leitore aqui. Escrever este capítulo foi especialmente difícil, como sempre é em se tratando de Porchay, por alguma razão.

Espero que apreciem.

Abraços ternos da yuudae.

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Recomendação de música: "Malandragem", por Cássia Eller, e "Poema", por Ney Matogrosso. (Essa segunda música definitivamente é a que melhor descreve nosso querido e confuso Porchay.)

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Porchay puxou o ar profundamente, finalmente sentindo-se capaz de preencher plenamente os pulmões sem que eles parecessem opor-se a isso. Olhou discreta e dificultosamente para um dos braços de quem o acompanhava, sendo então envolvido num abraço, sem saber muito bem por onde começar. Havia muitas coisas para explicar, ou talvez não, mas não conseguia chegar a uma conclusão. Novamente, constatou que sua relação com Kimhan o vinha forçando a tomar atitudes diversas às que ele estava inclinado.

E, pela primeira vez, pensou que talvez não fosse tão maduro quanto imaginava.

— Porsche… desculpa. — O mais novo se recompôs, afastando-se e, desfeito o enlace entre os homens, endireitando as costas. — Eu só… — Esfregou o rosto com as mãos, desviando o olhar. — Eu não tô sabendo como começar… Que droga.

Seu irmão foi direto:

— Ele fez alguma coisa ruim com você? — Sua expressão estava afiada, como se perfurasse o alvo de sua ira, Kim, em pensamento.

O menor fez que não com a cabeça.

— Não… o Phi é muito bom pra mim… — Esboçou um sorriso discreto. Podia-se jurar que seus olhos brilharam por um segundo.

O olhar de Porsche acompanhou os fios de ternura e tranquilidade que se anunciaram naquelas órbitas acastanhadas, amenizando-se também.

— Chay. Seja sincero. O que há entre vocês?

O mais novo respirou o mais fundo que conseguia, como se reunisse coragem e força — para confessar-se, e igualmente desengasgar-se. Possivelmente o que estava prestes a enunciar queria há tempos transformar-se em verbalização. Um engasgo, efetivamente, descrevia bem o modo que se sentia.

Por que vivia num mundo — e num meio — que o forçava a se esconder?

— Ele… Eu não sei. Quer dizer…

Espiou Porsche, a fim de avaliar sua reação, e apertou as pálpebras sobre os olhos, finalmente dando nome ao que o deixava aflito:

— Ele me pediu em namoro… 

O maior não conteve um erguer discreto de suas sobrancelhas. Não esperava que se tratasse de algo assim, embora supusesse que algo de teor romântico estava se desenrolando entre os dois.

— Namoro? — Perguntou num tom quase afirmativo, mais enfatizando do que questionando.

O jovem fez que sim com a cabeça.

— E eu não disse que sim… nem que não…

Porsche recuou um pouco no assento, apoiando as mãos em concha ao redor de nariz e boca, deslizando as pontas dos dedos por suas maçãs do rosto como se tentasse secar o excesso de suor. Era, no entanto, um gesto contidamente tenso. Porchay ergueu os ombros, como se estivesse sendo julgado pelo irmão, e abaixou discretamente a cabeça. Não tinha coragem de fitar o mais velho após revelar seu envolvimento com outro homem.

[KimChay] Entre takes e manchetes (A primeira vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora