Eu te derrubaria nas estrelas, mas não é isso que você quer, não é?

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não revisado

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Estar de volta a Grimmauld Place 12 é pior do que Harry jamais imaginou que seria.

Uma coisa é que ele está trancado aqui há meses e voltar aqui parece estar enjaulado novamente, preso entre paredes cinzentas e mofadas com um futuro sombrio pela frente. 

O que é ainda pior, o que torce uma faca serrilhada e enferrujada em seu coração, são as lembranças. Fragmentos de um sonho vivido, um universo distante em que existiram uma vez, agora o assombram como fantasmas de uma dimensão alternativa.

Durante suas visitas diárias, Ron e Hermione não podem percebê-los. Ninguém, exceto Harry, pode testemunhar as criaturas sombrias que se movem pela casa, intocáveis, sem levantar poeira, sem fazer barulho, mas ainda lá, causando dor. 

Harry pode observá-los muito claramente sentados na mesa da cozinha, como figuras de uma vida diferente se movendo. Ele e Severus tomando chá, lendo o Profeta pela manhã, e sim, também naquela noite fatídica que começou tudo, com Harry tentando esconder o estado de seu corpo com uma das cartas de Hermione. 

A biblioteca, ele evita a todo custo, não entra lá. Os fantasmas estão em abundância lá dentro. Ele permanece na porta, porém, assistindo a uma repetição do passado. 

Há uma sombra escura sentada em uma poltrona perto da janela, dedos longos enrolados em um copo de uísque, uma sombra no sofá, algumas vezes sozinha, mais frequentemente emaranhada com outra lembrança. Fantasmas carnais estão na mesa, encostados na estante, e as bochechas de Harry ficam rosadas com um mero vislumbre deles. 

Ele permanece na porta e os observa, porém, sentindo-se estranhamente vazio enquanto suas memórias lembram a emoção e a alegria daqueles momentos, o riso, a ganância, o amor.

Ele evita seu próprio quarto e o de Severus também, tentar dormir em qualquer um deles seria inútil. Além disso, ele não pode trazer serenidade para sua própria mente, para sua imaginação, uma vez que está lá. Os fantasmas, um em particular torna-se real demais, e agora ele sente os toques em sua pele, os beijos queimam sua carne. Ele sente cheiros que não podem estar lá, ouve ruídos, súplicas lascivas e suspiros suaves, ofegantes e selvagens, e o sono está longe de seus pensamentos.

É loucura; uma estrada lenta e rastejante para a insanidade. Por mais torturante que tenha sido o começo, sempre duro, sempre ansiando por algum alívio, por um toque de dedos frios, por uma carícia de longos cabelos negros contra seu ombro nu, por uma carícia de lábios finos, suaves, mas evocando uma fome nele, ele não percebeu que existia. 

Ele precisa sair, mover-se, deixar para trás este lugar e as memórias e os fantasmas e todo aquele sonho estranho.

Ele precisa descobrir o futuro, preencher esse vasto campo vazio de oportunidades com objetivos reais, sonhos que deseja alcançar, mas não importa o quanto ele pense, nada se materializa lá além de uma figura alta e escura com mantos pretos, uma capa enrolada em seu corpo. pernas e cabelos como tinta fluindo por seus ombros. 

Às vezes, ele deseja estar morto, porque seria mais fácil, mas a sensação de pena é passageira.

Ele ama a vida. Enquanto as infinitas possibilidades parecem assustadoras em um momento, elas são libertadoras no próximo.

Ele recebeu uma oferta para jogar Quadribol pelo Derby Dragons. O novo Chefe Auror, Robards, o procurou para se juntar à força. Bill ofereceu para ele acompanhá-lo em sua próxima viagem ao Equador como seu assistente, e até se falou dele se tornar um professor em Hogwarts (embora de acordo com Alvo, para isso ele deve ganhar um pouco mais de experiência).

We'll be Dead in a Year Anyway [ TRADUÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora