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𝔸𝕣𝕪𝕒

Abrimos um buraco no chão, aonde tiramos os pisos. Enquanto Robin cavava com as mãos, eu jogava a terra fora e dava descarga.

Depois que terminamos, colocamos um tapete sobre o chão, disfarçando.
O buraco ainda não estava pronto.

Me sentei na cama, encolhendo os joelhos próximos ao peito e encarando o telefone.
- Você não vai dormir? -Ele perguntou.
- Não. Tenho que estar acordada, o telefone pode tocar de novo.

- Você devia dormir um tempo. -Ele disse- Eu fico acordado um pouco, deita aí.

- Não... Esse colchão é terrível. Prefiro ficar acordada.
- Dorme. Precisamos revezar, é arriscado dormirmos os dois ao mesmo tempo.

Me escorei na parede, batendo no colchão com a mão, o chamando para fazer o mesmo.
- Vamos jogar papo fora? É o que nos resta a fazer.

Ele se sentou do meu lado, se escorando também.
- Falar sobre o quê?
- Sobre os seus barracos.
- Os meus barracos?
- É. Eu até perdi as contas de quantas brigas você se meteu... Só nesses últimos três meses.

- Ah, não foram tantas assim.
- Foram.
- Não!
- Você é um dos maiores barraqueiros daquela escola!
- Não sou barraqueiro! Eu bato em quem merece.

- Então você pode ser considerado um valentão. Só que, tipo, você não é mau, só dá uma lição naqueles garotos nojentos e irritantes que fazem bullying.
- Valentão? -Ele fez uma careta- Não gosto dessa expressão.
- Por quê?
- Me faz parecer aqueles idiotas feiosos que eu geralmente quebro na porrada. Qual é! Me comparar com eles? Isso é humilhação. Eu sou bonito e não sou um babaca.

- É, isso é verdade.
- Então me acha bonito? -Ele perguntou, com um sorrisinho.
- Eu não disse isso. -Dei risada.
- Não precisa dizer. Eu sei que você me acha um gato.
- Você é um convencido, isso sim. -Levantei as sobrancelhas. 

- Um convencido, não. Um gato. Anda, admite.
- Admitir o quê? Não tenho absolutamente nada a admitir.
- Você concordou comigo. -Neguei com a cabeça- Relaxa, não precisa ficar tímida. Eu também te acho uma gatinha.
- Não estou tímida.
- Conta outra! O seu rosto está uma pimenta de tão vermelho. E, se não me achasse um gato, não tería me beijado.

- Eu não te beijei. Foi você que me beijou.
- Você retribuiu!
- Quería que eu recusasse?
- Não. Isso sería vergonhoso. Mas você retribuiu com tanta vontade... É só admitir. Você me acha um gato, sim.

Pelo amor de Deus, para de me constranger.

- Está bem, esse assunto está ficando constrangedor. Estávamos falando das suas brigas, não dos nossos beijos.
- E o que é mais interessante?
- As suas brigas.
- Qual delas?

- Lembra daquela vez que você brigou com aquele moleque loirinho?
- Aquele que eu quebrei o dente?
- É. -Assenti, mas fiz uma expressão surpresa- Porra! Você quebrou o dente dele?
- Sim.

- Me lembra de nunca arrumar briga com você.
- Claro. Eu com certeza quebraria a sua cara. Com certeza! -Ele fez uma careta, falando com sarcasmo.

- Aquela briga foi engraçada! Eu assisti uma parte, antes das pessoas começarem a passar na minha frente. Você ficava gritando "Toma em tu culo!" e aquele garoto estava confuso e estava olhando para os lados, com uma cara tipo "Que diabos é 'culo'"?

- Acho que é mais divertido falar do dente dele.
- Não é, não! Aquela foi a sua melhor briga, eu juro! E depois aquele garoto gritou "O QUE É 'CULO' SEU PUTO"? e você ficou gritando "TU RABO! TU RABO!" -Falei, não segurando a risada.

- Para.
- A cara dele foi incrível! O melhor foi ele gritando "MEU RABO? VOCÊ ME MANDOU TOMAR NO CU?"

Fiz uma pausa para me recuperar, já que estava lembrando perfeitamente das expressões e das falas.

- E aí vocês caíram na porrada e ele saiu com a boca sangrando. Mas eu não sabia que você tinha quebrado o dente dele. -Falei.
- É. Tirando o resto, até que a briga foi boa.

- Mas, acho que a mais satisfatória foi a com o Moose. Foi bom ver ele apanhar.
- Eu quería ter visto você meter a pedra na cara dele.
- Isso foi bom, também. Mas acho que ele tería feito bem pior comigo, só não teve tempo. Finney chegou com o diretor, e eu recebi a merda de uma advertência. Mas... Isso nem importa mais. Estão mais preocupados com meu sumiço do que com a minha advertência.

E com essa fala eu nos puxei para a realidade novamente.
Aonde estamos, como estamos e como vamos estar daqui a algumas horas.
Nós realmente não sabíamos. Aquele maluco podería nos matar ou fazer qualquer outra coisa horrível. Estamos sozinhos e trancados aqui.

Eu já estava com bastante fome, mas decidi não falar nada para não preocupar Robin.

- Eu quero sair daqui.
- Nós vamos sair.
- Eu quero sair viva. -Ele ficou quieto. E nós já sabíamos que corremos o risco de não sair dessa forma.
- É, eu também quero.

- Sabe... Eu sei que isso não tem nada a ver, mas, se minhas notas estivessem boas, eu iria ganhar um cachorrinho de presente. Acho que essa ideia foi para o ralo...
- Eu não gosto de cachorros.

- Por quê não? São fofos. Eu quería muito um, pequeno.
- Tenho medo de cachorros.
- Por quê tem medo? Eu sempre gostei.
- Já fui atacado por um quando eu era criança. E, sei lá, desde então, fiquei com medo. Talvez não seja um medo... Mas um receio de ser mordido de novo. Eu não sei. Mas não curto muito.

Talvez o meu desejo por um cachorrinho seja para dormir com companhia durante a noite. Já que meus sonhos andavam me assombrando e me deixando com medo.
Não gosto de me sentir sozinha. E em casa, eu geralmente me sentia assim: sozinha e observada.

- Eu ainda não 'to acreditando que você vê e fala com esses bagulhos. -Ele falou, indignado- Você não tem medo?
- E você acha que eu não tenho? É lógico que tenho.

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Oioi, publicando aqui hoje!!
O que estão achando dos dois?
Estão gostando da história?

𝑫𝒂𝒓𝒌 𝑹𝒐𝒐𝒎 // ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora