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𝔸𝕣𝕪𝕒

Depois que dormi por um tempo, foi a vez de Robin.

Tive certos pesadelos enquanto dormia.
Sonhei com a morte de cada um dos garotos, sendo brutalmente agredidos com um cinto por aquele maluco com a máscara.

E ver a cena de Bruce apanhando... Foi extremamente doloroso.

Me sentei na cama, cruzando as pernas e relaxando os ombros.
Depois de alguns longos minutos me concentrando e tentando fazer contato, senti um tremor e abri os olhos, vendo Bruce.

- Gwen tem algo parecido com o que tenho. -Falei, um pouco baixo, mas Robin ainda sim, se mexeu inquieto na cama.

Esperei alguns segundos e ele continuou dormindo.

- Mostre a ela nos sonhos. Mostre a van, mostre os balões, mostre a rua em que estamos, mostre o sequestrador, a máscara... Só... Dê dicas a ela. Mas não a assuste, em hipótese alguma. Não a aterrorize. Por favor, me ajuda. Eu preciso de ajuda.

Prefiro que ele busque essa ajuda, do que Vance.
E, em algum momento, talvez ele tentaria recorrer a Gwen. Mas ele iria a assustar, sua energia é muito pesada para ela, iria a aterrorizar. Não quero que ela passe por isso.

Me desconcentrei e Bruce desapareceu, não voltei a vê-lo.

Voltei a me escorar na parede, colocando os joelhos próximos ao peito e abraçando as pernas.

Encarei Robin, ainda adormecido. Ele estava bastante cansado. De estar aqui, de não conseguir fazer muita coisa e de pensar em diversas possibilidades; de sair daqui ou de como vamos morrer, porque isso nos atormenta, querendo ou não.
Ele não fala muito sobre, mas tenho certeza de que está muito frustrado com a situação.
E eu entendo, até mesmo eu estou.

Seu cabelo não estava mais tão liso como antes, as pontas de seus fios estavam levemente ondulados, assim como os meus também estavam.
Porém, meu cabelo era apenas um pouco mais longo.

Seu rosto estava relaxado, e com alguns machucados cicatrizando ainda.
Ambos estávamos pálidos, devido a pouca comida, fome e falta de sol. E eu realmente estava sentindo falta de caminhar, de poder comer algum doce, ou de beber um suco a hora que eu quiser.
Aqui eu não posso fazer nada disso.

Esse lugar já estava me deixando sufocada. O espaço era grande, mas só de lembrar que estou trancada e presa aqui dentro, já me falta ar. Durante a noite, é um pouco frio, e durante o dia é quente. E a poeira fazia meu nariz coçar. Simplesmente horrível.

Permaneci assim por um tempo, quieta e o observando.
Eu não sabia o que pensar. Não em relação a ele, pelo menos.
Analisando a situação, fomos pegos de surpresa.
Como estaríamos agora se não estivéssemos aqui?

Teríamos continuado com os beijos? Nos aproximado mais?
Eu tería continuado de certa forma gostando dele?
Porque eu estava. E talvez ainda esteja.

Mas não é a mesma coisa.
Aqui dentro, temos outras preocupações. O que eu sinto por ele ou o que ele sente por mim não interessa, o nosso foco aqui é sobreviver. Um ajudar o outro.
E isso realmente está me deixando confusa.
Será que eu ainda sinto o mesmo? Ele ainda sente, se é que realmente sentia algo?
Ou talvez eu devesse somente deixar isso de lado.

Apenas sei que estou abalada. Com tudo.
Ainda mais vendo o que vejo, ouvindo o que ouço. Essas coisas são assustadoras e eu não estava preparada.
É aterrorizante.
Ainda mais os avisos. Você está em silêncio ou distraída, e quando vê, algo aparece na sua frente. Ou você está no silêncio e derrepente o telefone toca. Ou, na pior das hipóteses, você está dormindo naquele maldito colchão hircoso e sonha com cenas horripilantes, traumatizantes e nada agradáveis.
E isso não me deixa tranquila.

São sonhos rápidos, eu acordo pouco tempo depois que as imagens começam a aparecer. Me bate um desespero enorme, os choros, os pedidos de socorro... Saber que isso pode nos acontecer. Saber que são avisos. Os garotos passaram por isso.

E tudo o que eu consigo fazer é chorar silenciosamente, segurando o máximo de lágrimas que consigo enquanto Arellano dorme. Porque não quero chorar na frente dele. Já estamos em uma situação detestável, acho que eu não preciso piorar as coisas.
Ou, se não há choro, fico apenas paralizada, encarando o nada e repensando todas as cenas. Eu não consigo pensar em mais nada além, nenhuma ideia para sair daqui ou de como matar aquele maluco desprezível.

- Você está me encarando a quanto tempo? -Robin perguntou, abrindo levemente os olhos. Desviei o olhar.
- Não estou te encarando.
- Hm. Eu estava sentindo seu olhar me queimar, sabia? Acho que você está olhando a um bom tempo.
- Talvez. -Dei de ombros.

- O que foi?
- Nada. Só... Estou pensando na repercussão do nosso caso, agora.
- Como assim?
- Os jornais devem estar eufóricos. Afinal... Como é possível um assassino fazer tantas vítimas e não ser descoberto? Isso é irresponsabilidade da polícia. Ou, então, os adultos devem estar apavorados, prendendo suas crianças em casa para que não saiam. Imaginam que nós estamos mortos? Eu não sei, provavelmente imaginam.

- É, eu também não sei.
- Só sei que a minha mãe deve estar surtando. Como a sua estava.
- Pelo menos alguém sentiu a minha falta... -Ele deu de ombros, abaixando a cabeça.

Ouvi rumores na escola de que Arellano tem alguns problemas com a família. Ele se dá bem com a sua mãe. Pelo menos, é o que parecia...
Os boatos diziam que sua mãe reclamava de sua conduta na escola, de suas notas. Que ele geralmente estava sendo julgado pela família. E, não sei bem se é verdade, mas parece que seu pai se afastou da família e não os procura.
Então, realmente não sei dizer. Eram rumores, eu não posso ter certeza.

- Sabe... Esse cara é um maldito filho da puta. Eu estava sozinha, em uma rua deserta, caminhando distraída, e do nada... Um louco tentando me atacar. Eu gritei, eu corri, eu fiz de tudo.

- É, parece que a gente não tem sorte, mesmo...
- Talvez isso não seja questão de sorte. -Dei de ombros- Mas com certeza nós não temos. Só... Éramos vítimas fáceis, talvez. Ele já estava de olho em você, te observou e esperou o momento certo. E, eu... Bom, eu estava quase sempre grudada em você. E como eu podería me defender? Eu só sei que vou ficar muito puta se morrer aqui.

- Pode apostar que eu também vou ficar. -Ele disse. E é claro que ele não acredita tanto na ideia de que vamos sair daqui, e ainda vivos. Mas ao mesmo tempo, ambos não queremos perder a esperança.

- Eu juro que, se eu morrer, esse idiota vai me ver em todos os seus sonhos. Ele vai ouvir meus xingamentos e minhas reclamações o dia todo, eu vou atormentar tanto a cabeça dele... Até ele achar que não está mais são. Seja lá o que exista do outro lado, esse homem vai pagar por tudo o que está fazendo. Mas, de verdade, eu espero conseguir o matar. Ele não merece viver depois de ter tirado tantas vidas. Depois de fazer o que fez.

- E nós vamos. Não vamos desperdiçar nossas chances. Somos bons demais para morrer, você não acha?
- Talvez. -Dei de ombros.
- Talvez eu deva conseguir uma pedra para você enfiar na cara dele, do mesmo jeito que fez com Moose. -Ele fez piada, e eu ri fraco.

- Ah, ele com certeza merece.
- Eu ainda quería ter visto isso. Iria ser hilário.

Eu sabia que essas piadas eram apenas para nos distrair. Ou tentar, ao menos.

O olhei, fixando meus olhos aos seus por alguns segundos, sem nem perceber.
- O que foi?
- Nada. -Neguei com a cabeça, ainda um pouco atormentada pelos pensamentos e soltei um suspiro logo em seguida.

Ele se sentou também, com as costas apoiadas da mesma forma que eu na parede, agarrando minha mão e a apertando gentilmente. 

Não falei nada, apenas fiquei em silêncio, escorando a cabeça na parede e tentando pensar em outras coisas.
Pensar em algo que não seja morte, que não seja violência, que não seja os sonhos, que não seja minha imaginação sobre o que vai nos acontecer.

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Oioi, publicando aqui. O que estão achando deles juntos? Eu sei que não houve mais beijos, mas acalmem o coração! Estou tentando fazer cenas que mostrem um pouco de desenvolvimento deles. Não sei se está ficando tão bom, mas estou tentando!



𝑫𝒂𝒓𝒌 𝑹𝒐𝒐𝒎 // ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora