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𝔸𝕣𝕪𝕒

Arrumamos meu colchão ao lado da sua cama, para que eu dormisse.

- Eu ainda estou agoniada com aquelas cenas do filme. -Reclamei.
- Nem é para tanto.
- Claro que é! Nunca mais eu assisto filmes de terror com você.

- Isso tudo é medo?
- E se for? Eu provavelmente vou sonhar com alguma daquelas cenas!
- Eu te protejo, não precisa ficar com medinho.
- Vai a merda.

(...)

Já fazia um tempo que estávamos deitados, Robin já devia estar dormindo, mas eu não conseguia.

Acordei faz poucos minutos de um sonho horrível.
Um pesadelo, para ser mais exata.

Estávamos trancados novamente naquele lugar. Tudo estava escuro, empoeirado, tenso.
Não entendi muito bem o que estava acontecendo no sonho, mas Grabber, o assassino, estava nos atacando.

Eu o vi bater em Robin e depois vir para cima de mim.
E isso foi pavoroso.
E quando ele estava prestes a me matar, acordei pelo susto.

Esperei mais alguns minutos, tentando voltar a dormir.
Mas fiquei apenas virando de um lado para o outro e mudando de posição, na tentativa de cair no sono.
Mas nada estava funcionando e havia algo me incomodando.

Leves arrepios e sensações estranhas estavam me deixando levemente irritada.

Me sentei na cama, desistindo de dormir e aceitando que eu não faria isso tão cedo.
- Robin? -Sussurrei, assustada. Nada de respostas- Robin? -Me apoiei em sua cama, cutucando levemente seu braço- Está acordado?

- Hm? O que foi?
- Você está vendo aquilo? -Perguntei. Ele se mexeu inquieto, dando uma olhada pelo quarto.
- Aquilo o quê?
- Ele, no canto do quarto... -Senti meus olhos encherem de lágrimas.

- Não tem nada...
- Ele está no canto do quarto! -Me sentei do seu lado na cama, agarrando seu braço- Porra, ele 'ta no canto do quarto!
- Ele quem?
- Aquele ordinário! Grabber, o sequestrador! Robin, ele está aqui!
- Calma!
- Ele está aqui! -Falei, desesperada- Por favor, faz alguma coisa!
- Fazer o quê? Arya, calma.
- Ele está alí, parado!

Ele se levantou as pressas, ascendendo a luz.

- Aonde? -Ele perguntou, voltando a se sentar do meu lado.
- Do lado da sua porta. -Fechei os olhos com força, sentindo meu estômago embrulhar.

Ele estava nos encarando irritado.
O olhar cruel e assustador de quando pretendia nos matar, ele chegou até mim.

Robin parecia um pouco assustado, mas não estava com medo. Ele já havia passado pela mesma coisa naquele lugar, isso não era uma surpresa.
Ele veio até mim, segurando meu rosto.
- Você está vendo?
- Não.
- O que eu faço? -Perguntei, com a respiração já acelerada- Que merda. Ele não tinha conseguido chegar até mim antes! O que eu faço?

- Manda ele embora.
- Como eu faço isso?
- Você não conversava com os garotos naquele lugar? Eles te ouviam.
- Mas não me respondiam...
- Ele não precisa responder. Ele vai obedecer.
- Robin, ele está furioso.

- Ele está te falando algo?
- Não. -Neguei com a cabeça, ainda olhando para baixo.
- Ele que precisa ter medo de você, e não ao contrário. Olha para ele e manda ele embora.
- Você não está entendendo. Ele está furioso!

- Mas você não tem medo dele.
- Eu não quero olhar para ele. Ele está... Ensanguentado. Nós que fizemos isso nele.
- Assim como ele fez com os garotos. Arya, manda ele embora.

- Eu não consigo... -Neguei com a cabeça- Me desculpa, eu não consigo... Eu estou ficando sem ar!
- Calma.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, um grito agoniante e extremamente agudo me fez estremecer.
Coloquei as mãos nos ouvidos, os apertando com força.
Era o grito de Vance.

Abri os olhos para ver o que estava acontecendo, e por um momento, a luz piscou algumas vezes.
Vance Hopper apareceu em minha visão também, puxando Grabber e o levando. O livro que estava em cima da cômoda de Robin caiu no chão.

Tudo ficou embaçado por alguns segundos, até eu balançar levemente a cabeça e derramar as lágrimas.

- Ele saiu? -Robin perguntou, passando os braços por meu tronco e me apertando em um abraço. Assenti.

Esperamos alguns minutos, enquanto eu tentava me recompor. Escorei minha cabeça em seu ombro.

- Ele foi embora. -Falei, suspirando- Vance o arrastou.
- Vance?
- É. Isso é entre eles. Vance não vai o deixar em paz.

- Você estava com medo quando foi dormir? -Ele perguntou- Foi mal, deve ter sido por causa do filme de terror...
- Não. Eu não estava com medo, não fiquei com medo do filme. Mas... Sonhei que ele estava nos matando. Eu não sei, mas isso deve ter dado alguma brecha. Preciso aprender a lidar com isso. Me desculpa.

- Tudo bem. Está tudo bem. -Ele deu de ombros, se levantando e pegando o livro do chão.

- Obrigada por ter ficado calmo. Porque, acho que se você estivesse assustado, eu iria ficar com ainda mais medo. E isso podería piorar tudo.
- Já vi você mais desesperada do que hoje... E sei que você pode se proteger. Só precisava mandar ele embora, eu acho.
- Me desculpa, eu estava ficando sem respirar...
- A culpa não é sua. Mas você não precisa ter medo dele. Não tinha medo dos garotos, por quê ter medo dele?

- Porque eu matei ele.
- E ele matou aqueles meninos. Está pagando por isso. É ele quem precisa ter medo, porque eles não vão o deixar em paz. Como você me disse um dia desses... Ele não vai sair daquele porão. Vance não vai o deixar.

- Eu preciso urgentemente aprender a controlar isso. Não posso travar caso aconteça novamente de o ver.

- Vance o buscou dessa vez. E caso aconteça de novo, você tem o Bruce.
- Não sei se daria certo chamar ele. Não o vejo mais. Nem ele e nem os outros garotos.
- Não significa que ele não te protegeria. Te protegeu naquele lugar, não deixaria de fazer isso agora.

- Desculpa por te acordar.
- Você não fez nada. Quer uma água?
- Quero.

Foi bom ele ter ficado calmo e não ter demonstrado medo.
Porque eu simplesmente fiquei apavorada por ver meu sequestrador em minha frente pela primeira vez.

Espero que seja primeira e última. Isso me pegou de surpresa, não quero passar por esse desespero mais uma vez.
Pensei que eu fosse parar de respirar.

Robin voltou ao quarto com um copo de água e me entregou. Bebi alguns goles até que a água acabasse e ele colocou o copo em cima da cômoda.

- Daqui algumas horas, o despertador vai tocar para a aula. -Ele disse- Ainda está com sono?
- Não muito, na verdade.
- Quer dormir comigo? -Assenti.

Ele se curvou, puxando meu rosto para um beijo calmo e desligou a luz.
Nos cobrimos com o cobertor e eu o abracei, enquanto ele afagava meus fios de cabelo.

Robin parece não ter ficado tão assustado, por não o ver.
Fez a mesma coisa que fazia quando estávamos naquele porão, tentando me acalmar.

- Você não ficou com medo? -Perguntei.
- Eu mentiria se dissesse que não.

Demorei um tempo até cair no sono.

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Oioi, publicando mais um aqui!!
Por favor, comentem mais. Nos últimos capítulos quase não tem comentários.
Não sejam leitores fantasmas, isso desmotiva muito!

𝑫𝒂𝒓𝒌 𝑹𝒐𝒐𝒎 // ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora