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𝔸𝕣𝕪𝕒

Acordei e abri levemente os olhos, percebendo estar com a cabeça escorada no peito de Robin e com um dos braços o abraçando.

Já estava escuro lá fora, o dia já havia se transformado em noite e tínhamos pouca luz entrando pela janela. O porão não estava um completo breu, mas estava escuro.

Estávamos os dois dormindo.
Era para ele estar vigiando enquanto eu dormia, mas parece que ele também caiu no sono.
Na verdade, eu não sei em que momento praticamente o abracei para dormir.

Levantei levemente a cabeça, dando uma olhada pelo porão. Meus olhos estavam pesados, pelo sono.
Soltei um barulho de espanto ao me assustar com um garotinho morto flutuando.

O barulho e mais os meus movimentos pelo susto fizeram Robin acordar rapidamente.
Me sentei na cama e encarei o garoto, estática.

Ele estava flutuando, com a coluna curvada e de cabeça para baixo, com a garganta cortada. O sangue estava escorrendo por seus braços, sua camiseta estava manchada e uma poça escarlate estava formada logo abaixo dele.

Robin levou seu olhar até aonde o meu estava fixado, e depois se sentou na cama junto comigo, voltando sua atenção a mim.
- O quê você está vendo?
- Um garotinho morto. Ele está com a garganta cortada... Tem uma poça de sangue no chão. -Falei, apavorada.

O garoto apontou para o telefone, então me levantei devagar.
- Acho que ele quer falar comigo.

Coloquei o telefone na orelha e olhei para trás, não o vendo mais.
- Alô? -Esperei alguns segundos- Alô?
- Vocês não tem muito tempo. Ele já não está dormindo direito. Ele acha que pode ser o fim, ele acha que ele vai descobrir.
- Quem vai descobrir?
- O irmão dele, lá em cima. -Ouvi sua risada.

Senti um arrepio percorrer meu corpo e suspirei.
- Você é o Griffin.
- Quem?
- Griffin.
- Devo ser. Isso é meio turvo, mas você deve saber o nome de todos nós.
- Toda criança sabe. Mas eu não te conheci.

- Ninguém conheceu. Você passa tanto tempo invisível... E do nada todo o estado sabe o seu nome. Mas... Vocês não tem muito tempo.
- Por quê ele não nos matou?
- Não estão entrando no jogo. Vocês precisam entrar no jogo... Se vocês não jogam, ele não ganha.

- Que jogo?
- Menino levado. Ou, no caso de vocês... Crianças levadas. Se você não brincar de menina levada, o sequestrador não pode te bater. E se ele não te bater, você não pode passar para a próxima parte. A terceira fase do jogo é a preferida dele.

- Qual é a terceira parte? -Ele riu, ignorando a minha pergunta.
- Vocês não tem muito tempo.
- Você já disse isso.
- Ele não está dormindo direito.
- Você também já disse isso!

- É, mas ele está dormindo.  Agora, na cadeira. Ele apagou esperando vocês para brincar.
- A porta está destrancada... -Comentei.
- Exatamente, está destrancada.

- Então... Nós podemos sair? É só sair?
- Tem um cadeado com um segredo. Do outro lado da porta de vidro, era da minha bicicleta.
- Sua bicicleta?
- É. Ele roubou, quando me levou.
- E qual o segredo?

- Eu não me lembro.
- Griffin!
- Eu me lembro de ter medo de esquecer. Por isso eu anotei.
- Aonde?
- Eu risquei com uma tampinha de garrafa na parede.
- Griffin, em que parede?
- Aquela, à direita. Ao lado do corredor que leva ao banheiro.

Soltei o telefone, indo para perto da parede. Me abaixei, percorrendo cada centímetro rapidamente com os olhos.
Mas estava escuro.

- Que merda!
- O que foi? -Robin perguntou.
- Preciso de luz. Tem um código na parede, que abre um cadeado. Vamos precisar para sair daqui.

- Espera. -Ele disse, indo até o banheiro. Depois de alguns minutos, voltou com uma lanterna pequena- Eu tinha visto isso aqui no meio dos tapetes.
- Por quê não disse antes?
- Pensei que sería inútil. Não usamos para nada.
- Me dá isso!

Achei os riscos na parede.
- 23317... 23317...23317... -Repeti os números algumas vezes, para tentar memorizar.

- Griffin... -Voltei ao telefone- 23317?
- Se você diz...
- mas é vinte e três, trinta e um, sete; dois, trinta e três e dezessete; ou vinte e três, três e dezessete?
- Eu não sei. Você vai ter que testar todos, e vai precisar ser silenciosa.
- Está bem. Obrigado... -Coloquei o telefone novamente.

- O que vamos fazer?
- O sequestrador está dormindo. -Falei- Podemos fugir. Essa senha, 23317 abre um cadeado de uma porta de vidro. E podemos sair. É a nossa chance.

- Então, vamos.
- Em silêncio. -Ele assentiu.

23317

Abri a porta cuidadosamente, evitando barulhos.
Subi as escadas e paramos em uma porta.
Robin ficou em minha frente, girando a maçaneta com cuidado.

Quando a porta se abriu, segurei o ar ao ver o sequestrador sentado em uma cadeira, sem camisa, apenas com um casaco aberto e um cinto na mão.

Troquei um olhar com Robin, e meu medo me atingiu em cheio.
Ele caminhou em minha frente, e eu o segui.

Paramos em frente a porta e eu observei o cadeado. Robin ficou parado do meu lado, vigiando o sequestrador, enquanto eu testava os códigos.

23317

Não funcionou.

23, 31, 7.

Também não funcionou.
Minhas mãos estavam tremendo, e eu estava com tanto medo que sentia meus batimentos cardíacos acelerados e meu estômago embrulhando.
Nem percebi que estava soltando suspiros pesados, que poderiam ser notados pelo sequestrador, se ele tiver um sono leve.

Robin segurou minha mão, a abaixando e Deixando seu rosto levemente próximo ao meu.
- Calma. -ele sussurrou. Apenas assenti, voltando a colocar os códigos no cadeado.

Eu estava muito nervosa. Só de pensar no que pode acontecer se ele acordar e nos ver aqui...

2, 33, 17.

Falhou também.
Beleza... A última. 23, 3, 17.

O cadeado abriu, E com o pequeno barulho, um cachorro começou a latir.
Me desesperei e abri a porta, para começarmos a correr.

Aquele maldito se levantou, alcançando Robin assim que saímos pela porta, o puxando pelo braço e o prendendo em um "mata leão".

Olhei para trás, travando.
- VAI! CORRE! -Robin gritou, tentando se desvencilhar.

Voltei a correr, o mais rápido que eu podia.
Consegui ouvir o barulho da van sendo ligada, alguns segundos depois. Ele provavelmente já havia conseguido desmaiar Robin. Ou deve ter o matado. Eu realmente não sei.

Mas eu estava desesperada. Correndo tanto, que já estava começando a ficar cansada. Mas é óbvio que a van consegue me acompanhar, ele está sobre rodas, e eu correndo e assustada.

Corri para o lado oposto, na tentativa de despistar a van, que deu ré para me seguir.

- SOCORRO! POR FAVOR, SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! EI! ALGUÉM, POR FAVOR! POR FAVOR! -Gritei, em meio ao breu das luzes apagadas das casas. Todos estavam dormindo.

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Oioi, publicando aqui de novo porque é a única fanfic que eu tenho alguns capítulos sobrando!! Se vocês interagirem bastante aqui com curtidas e comentários, eu posso publicar outro ainda hoje!

𝑫𝒂𝒓𝒌 𝑹𝒐𝒐𝒎 // ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora