Capítulo 2

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|Narração Jordan|

Fazia um tempo que meu coração não batia dessa forma, não é que eu não seja romântico, ou não tenha sentimentos, eu apenas não tinha encontrado uma mulher que tivesse mexido comigo dessa forma.
Raquel era linda, inteligente e instigante. Eu não fiquei admirado apenas com sua beleza, mas com o seu jeito por completo, pelo pouco que conheci da mesma percebi que ela é muito extrovertida, que não desanima jamais, diferente de outras pessoas com quem convivo todos os dias.
Catarina soltou um longo suspiro fazendo com que eu a olhasse, o silêncio predominava no ambiente, estava somente ela e eu na sala trabalhando, por enquanto, porque a partir de semana que vem teremos a Raquel.
— O que houve Catarina? — indago enquanto deslizo os dedos sobre o teclado.
— Nada. — deu de ombros.
— Nada, sei... — soltei um riso frouxo.
— Essa advogada aí... Chegou querendo sentar na janela. Viu como o Ricardo tratou ela? Melhor que todos nós juntos, e ela nem começou a trabalhar.
— Para de ser amargurada mulher. — revirei os olhos discretamente.
— Nada tira da minha cabeça que eles estão juntos. Um velho rico e solteiro como ele chama a mulherada, ainda mais ela toda meiguinha. — fez uma careta e eu a olhei arqueando uma sobrancelha.
— Você está maluca. — neguei com a cabeça.
— Não estou não, ele é enjoado para funcionários, com a novata ele não pensou duas vezes. Não vai demorar muito para que eles se assumam. — franziu o nariz voltando a sua atenção para a monitor em sua frente.
Torci os lábios um pouco pensativo. Catarina pode ser amargurada, maluca e mal humorada, mas de uma coisa eu tenho certeza, ela nunca se engana com as pessoas. Pode-se dizer que ela é um tanto quanto sensitiva, quando ela não gosta de alguém, o motivo sempre aparece depois.
Fiquei com a pulga atrás da orelha, mas não levaria em consideração a amargura da Catarina, ela era sempre assim, não tinha uma pessoa que agradasse ela, me admira eu aguentar essa mulher por cinco anos, temos uma história juntos, mas isso fica para outra hora.
Infelizmente não me esbarrei mais com a nova advogada, Ricardo voltou sozinho e com um sorriso nos lábios, de repente me veio em mente o que a Catarina havia dito.
E se eles tivessem um caso realmente?
Bom, eu sou solteiro. Se ela for também, eu não vou hesitar em dar algumas investidas, se ela estiver a fim, ótimo.
Eu sou assim, quando estou a fim de uma mulher, eu não hesito, tento ficar com ela e se der certo que bom, se não eu sigo em frente.
— Está pensando no que hein? — Catarina indagou.
— Nada. — murmurei sem olhar para ela, Catarina me conhecia muito bem, se visse a minha feição descobriria que eu estava pensando na Raquel.
— Você está quieto demais, se deixar você fala o dia todo. Isso não é normal vindo de você. — disse com deboche.
— Estou cansado... — me espreguicei e ela cerrou os olhos em minha direção.
— Está pensando na notava, não é? — levantou se aproximando.
— Na verdade eu estava pensando em fazer um jantar, e convidá-la. — dei de ombros.
— Não mesmo. — negou de imediato.
— Ela será a nossa vizinha e colega de trabalho, temos que tratá-la bem. — falei obvio e ela revirou os olhos se aproximando mais da minha mesa.
— Você tem que parar de ser muito prestativo e receptivo. A novata não te deu pelotas, ela está com o chefe, não percebeu ainda? — disse firme e eu soltei um longo suspiro.
— Mas quem disse que estou querendo convidá-la para um jantar com segundas intenções? — arqueei uma sobrancelha e ela riu.
— Quem não te conhece que te compre senhor Santana. — apoiou o corpo na minha mesa.
— Bom, se você não quer ir no jantar, por mim tudo bem. Eu só vou fazer aquela lasanha de frango que você ama. — dei de ombros.
— Você só pode estar me zoando. — cruzou os braços cerrando os olhos em minha direção.
— A escolha é sua. — dei de ombros.
— Isso é covardia Jordan... Eu não estou a fim de virar amiguinha da novata, entenda. — bufou.
— É uma escolha sua e eu respeito, não quero te obrigar a ser gentil se você não quer, mas eu vou ser. — falei firme.
Catarina é difícil de lidar, quando nos conhecemos eu sabia que seria complicado de conviver com ela.
Ela é brava, seca, fria e muito antipática. Foram raras as vezes que a vi sorrindo, e as coisas só pioraram quando o nosso romance não deu certo, foi uma das piores fases ao lado dela.
Diga-se de passagem, assim que nos conhecemos ela demonstrou ser uma pessoa de poucos amigos, mas com o tempo àquela postura de durona foi se desfazendo, e quando dei por mim já tínhamos dormido juntos, era tarde demais para apenas manter uma amizade com ela.
Não vou mentir, Catarina é uma mulher maravilhosa, incrível e muito inteligente, mas seu gênio faz com que todas as suas qualidades fiquem perdidas no meio do seu mau humor e da sua amargura.
Eu estava envolvido com ela, pude conhecer uma Catarina que poucos conheciam, muitas vezes ela abriu seu coração pra mim, mas seus ciúmes obsessivos fez com que isso não bastasse.
Decidi por um ponto final em algo que nem tinha começado, eu queria um relacionamento saudável, sem dores de cabeça, algo que me fizesse evoluir e querer estar com a pessoa mais e mais.
Por incrível que pareça ela aceitou bem as coisas, e não tinha como evitarmos a companhia um do outro, somos vizinhos de mesa e de apartamento, tínhamos que nos ver todos os dias.
Depois de alguns meses, Catarina se tornou um pouco mais gentil comigo e desenvolvemos uma grande amizade, hoje somos bons amigos, mas às vezes ela me trata com grosseria sem ao menos perceber, por mais que eu tenha dito que isso não era necessário.
— Não sei como, mas você sempre consegue me convencer de algo. É inacreditável! — soltou um longo suspiro.
— Você não resiste a minha lasanha de frango, pode falar! — fiz graça, e consegui arrancar um meio sorriso da mulher durona.
— Preciso falar com vocês, agora! — fomos interrompidos pelo Ricardo, era sempre assim, ele surgia do nada e nem se quer dava um "olá", tenho a impressão que Catarina aprendeu a ser fria com ele.
Catarina e eu assentimos, e assim que ele voltou para a sua sala nos entreolhamos, quando ele nos chamava para uma breve reunião, não era nada bom.
Caminhamos até a sua sala e deixei que minha colega fosse à frente como um bom cavalheiro. Nos sentamos de frente para a sua mesa e ele observava cada movimento nosso com um sorriso de canto.
— Vocês parecem tensos... Relaxem, hoje só tenho boas notícias. — disse firme e eu soltei um longo suspiro.
— Você nos chamando para dar notícias boas? Isso é raro! — Catarina disse com deboche.
— Catarina, hoje não vou cair nos seus joguinhos. — fez uma pausa depositando suas mãos entrelaçadas sobre a mesa. — Como vocês já sabem, temos uma nova advogada com a gente, automaticamente o trabalho aqui irá diminuir e eu conseguirei mandar vocês para trabalhos fora, vocês sabem como isso é vantajoso! — sorriu nos encarando, e ele tinha toda a razão.
Estávamos até o pescoço de trabalho por aqui, com mais uma advogada o trabalho aliviaria e poderíamos trabalhar em casos nos outros estados, ganhando uma grana a mais.
— Que ótimo, eu estava querendo mesmo trocar de carro! — Catarina disse esboçando um sorriso amarelo, ela parecia descontente com a notícia, já eu estava mais animado, conseguiria visitar a minha família em breve, já que por conta do trabalho acumulado eu nem conseguia pensar em férias.
— Perfeito, Raquel começará na segunda-feira, quero que ajudem ela com a adaptação, entendeu Catarina? — Ricardo olhou firme para a minha colega e ela soltou um longo suspiro assentindo.
— Pode deixar chefe, não vou assustar a novata com o meu jeito de ser. Porque eu sou assim, você sabe! — se levantou pronta para sair. — Estou aqui há anos, você me conhece muito bem, só não me peça para ser o que eu não sou! — afirmou lhe dando as costas, olhei para o Ricardo sabendo que ele não falaria nada, o nosso chefe não ligava para os surtos dela.
— Obrigado pela sua atenção Jordan! — disse ele soltando um longo suspiro e eu apenas assenti.
Não sei porque Catarina se revolta com as pessoas por nada, as vezes ela surta por coisas mínimas, que não fazem o maior sentido, espero um dia entender essa mulher.

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