Capítulo 4

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|Narração Jordan|

Depois de uma conversa agradável com a Raquel, decidi deixá-la descansar, sei que ela não me pediria isso, mas eu percebi que a mesma estava exausta com a mudança, e eu não queria ser inconveniente.
Percebi que ela não correspondeu aos meus flertes, será que ela e o chefe realmente tem um caso? Não quero acreditar que sim, por isso prefiro pensar que ela não percebeu minhas investidas.
Assim que abri a porta do meu apartamento, dei de cara com Catarina sentada na poltrona da sala no escuro, ela chorava muito enquanto bebia o uísque na boca da garrafa, e sem bem me recordo, esse uísque era meu.
— Catarina, o que houve? — perguntei alarmado, me assustava vê-la nesse estado, ela não era de se abalar.
— Levei outro pé na bunda, será que eu nasci pra ser descartada facilmente? Será que eu não sou interessante para os caras desistirem de mim na primeira oportunidade? — sua voz estava embargada e eu soltei um longo suspiro.
Não é de hoje que ela tenta encontrar a pessoa certa, ou melhor dizendo, o amor da sua vida, mas todas as suas tentativas foram um fracasso, não a julgo, o mundo não é o mesmo.
As pessoas estão tóxicas, não tem mais aquele frio na barriga antes de encontrar alguém por quem você está afim, as coisas estão tão monótonas que as pessoas não insistem mais em algo.
Acredito que as pessoas perderam a vontade de viver um grande amor como antigamente, onde o romantismo era a chave pra tudo.
— Calma Catarina... — me aproximei esticando a mão em sua direção para que ela levantasse.
— Eu estou arrasada, estou cansando dos homens... — disse se levantando.
— Você não pode ser fraca como eles e desistir, persista, a pessoa certa vai aparecer, você só precisa saber escolher. — entrelacei sua mão a puxando para o sofá, nos sentamos um ao lado do outro.
— Mas eu sei escolher, eles que não me querem... Entende? Eu acho que é o meu jeito que afasta eles de mim, eu sou muito rude na maioria das vezes. — espremeu os olhos.
— Pode ser que sim, pode ser que não... — peguei a garrafa de uísque da sua mão e dei um gole generoso, a bebida desceu rasgando pela minha garganta.⠀
— Onde você estava? — perguntou, eu já temia que a mesma me perguntasse isso.
— No apartamento da Raquel, levei um bolo pra ela. — dei de ombros.
— Você não iria fazer a lasanha pra ela?
— Vou fazer, mas não hoje... Não quero assusta-lá. — suspirei.
— Você levou um bolo pra ela, se isso não a assustou, então eu não sei. — deu de ombros e eu cerrei meus olhos em sua direção.
— Pois é...
— Você está afim dela, não está? Eu já te conheço, você agia comigo da mesma forma quando nos conhecemos e você queria me pegar. — afirmou convincente e eu a olhei no mesmo instante.
Por mais que eu não quisesse ser um babaca, acabei de me dar conta de que eu havia acabado de ser um, sou um conquistador barato que exige romantismo mas não sabe agir como um homem romântico, isso é patético.
— Nossa... — desviei meu olhar do seu devidamente encabulado, eu estava me sentindo mal depois de ouvir isso, não pensei que me afetaria ouvir que eu estava sendo o mesmo homem de cinco anos atrás.
— Desculpa, eu não queria te ofender. Eu estou mal. Espero que entenda... — torceu os lábios se aproximando de mim.
— Está tudo bem, mas acabei de perceber que eu fui um pouco babaca com você. Não quero ser o tipo de homem que só trata a mulher bem quando quer ficar com ela.
— Desculpa mais uma vez, mas você foi um babaca comigo. — sua voz embargou e ela se levantou pronta pra sair.
— Onde você vai? — perguntei me levantando de imediato.
— Vou para o meu apartamento, estou bêbada e com o coração partido, não quero te aborrecer com isso. — calçou suas botas.
— Catarina, somos amigos agora, você sabe que o que aconteceu no passado já passou... Estou aqui para te amparar quando você precisar.
— Jordan, você está muito ocupado tentando conquistar a novata, não quero ser uma pedra no seu caminho. Com licença! — saiu pisando fundo, e a porta do meu apartamento foi batida com muita brutalidade, confesso estar confuso e surpreso com sua reação, Catarina nunca foi de ter ciúmes da nossa amizade.

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