Capítulo 14

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|Narração Raquel|

Lucas e eu pegamos estrada no fim da tarde de sábado rumo a Maringá, minha mãe ficou tão eufórica que insistiu para que eu fosse antes e ela pudesse conhecer meu "pretendente".
Eu não queria que ela criasse esperanças com algo e isso a decepcionasse, pois Lucas e eu não tínhamos nada concreto sobre o nosso namoro.
— Se arrependeu, não é? — Lucas perguntou chamando a minha atenção, estávamos dentro do seu carro na estrada ainda.
— Do que? — perguntei sem entender.
— De me levar conhecer sua família, você está tão quieta. — soltou um longo suspiro.
— Não Lucas, nada a ver. — neguei no mesmo instante.
— Então porque você está assim? — me olhou de relance.
— Estou cansada, não queria ter vindo, esse almoço só vai servir para eu passar raiva. — revirei os olhos bufando.
— Minha linda, eu estou do seu lado, e estarei no almoço. — pegou em uma das minhas mãos. — Vai dar tudo certo. — beijou minhas mãos.
— Você é maravilhoso, às vezes me questiono se mereço alguém como você... — suspirei olhando para o homem do meu lado.
Será que eu o mereço tanto assim?
Após alguns quilômetros, chegamos a Maringá e meus olhos brilhavam ao ver a cidade onde eu cresci, eu estava morrendo de saudade daqui, realmente está difícil se adaptar a Londrina e as novas pessoas que estão ao meu redor.
Lucas estacionou em frente a minha casa, e eu soltei um longo suspiro. Não demorou muito para que a porta se abrisse e minha mãe saísse com um belo sorriso no rosto, seu contentamento em me ver trazendo um namorado pra casa era enorme.
— Minha filha, que saudade! — caminhou em minha direção com os braços abertos.
Fui recebida por um ótimo abraço apertado, eu poderia ficar por horas abraçada em minha mãe, seu abraço era o melhor lugar do mundo.
— Que bom te ver mãe, eu estava morrendo de saudade. — sorri me afastando dela.
— E esse rapaz, não vai me apresentar? — perguntou rindo, eu sabia que ela me deixaria encabulada na frente de Lucas.
— Mãe, esse é o Lucas... — sorri de canto, e minha mãe foi em direção a ele.
— Seu namorado, não é? É um prazer te conhecer querido, seja muito bem vinda à família Linares, meu nome é Vitória. — abraçou ele fazendo com que o mesmo me olhasse com um olhar de socorro.
— Mãe, por favor... A senhora está sufocando o Lucas. — murmurei.
— Não estou não... Entrem queridos, preparei um jantar delicioso para vocês. — sorriu empolgada.
— Cadê a Carla? — perguntei me referindo a minha irmã.
— Está na casa de uma amiga, daqui a pouco ela chega. — respondeu enquanto entrávamos na casa.
— Onde podemos deixar as malas mãe? — perguntei a fim de descarregarmos as coisas antes de nos acomodarmos.
— Deixa para depois do jantar filha, venham descansar. — propôs nos chamando até a cozinha.
— Queríamos tomar um banho antes do jantar, não é Lucas? — falei firme e Lucas me olhou confuso, afinal, já tínhamos tomado banho em Londrina.
— Sim meu bem... — concordou sem jeito.
— Ah claro, eu tinha esquecido completamente disso. Me acompanhem, vocês ficarão no seu quarto filha. — disse empolgada e eu arqueei uma sobrancelha, confusa, até onde eu sabia, minha irmã ficaria com o meu quarto quando eu me mudasse.
— Carla não quis mudar de quarto? — questionei confusa.
— Não, ela decidiu ficar no dela mesma. Troquei os lençóis de cama. — abriu a porta do meu quarto e ele estava exatamente do jeitinho que eu o deixei.
Todas as vezes que vim pra cá, eu ficava no apartamento do Lucas, e minha mãe só sabia que eu estava tendo um romance com alguém, onde eu ficava os finais de semana que estava em Maringá, nada além disso.
— Vou pegar as coisas no carro Raquel. — Lucas propôs me dando um beijo rápido, fiquei completamente sem jeito na frente da minha mãe.
— Hum... Vocês são lindos juntos. — comentou minha mãe assim que Lucas se afastou.
— É, eu até que gosto dele. — dei de ombros entrando no quarto.
— Até que gosto Raquel? — perguntou alarmada.
— Mãe, não estamos namorando ainda, e a senhora está assustando ele. — suspirei.
— Desculpe, mas eu estava tão empolgada com a ideia de te ver namorando, já estava na hora querida.
— Está me chamando de encalhada? — perguntei me sentindo ofendida.
— Claro que não, mas você era tão fissurada no trabalho que eu achei que jamais iria se interessar por namoro, casamento e filhos. — afirmou desanimada.
De certa forma eu não pensava nisso até há algumas semanas atrás, meus desejos aflorados me fizeram ter sonhos com Jordan onde tínhamos uma família, de certa forma isso me assustou, porque eu estou com o Lucas, e com ele nunca tive sonhos assim.
— É questão de tempo mãe, e de encontrar a pessoa certa que te faz pensar nessas coisas. — dei de ombros.
Minha mãe não faz ideia que já tive muitas decepções amorosas, e isso me fez pensar que namoro, casamentos e filhos não foram feitos pra mim. Essas decepções também me fizeram criar uma insegurança, por isso ela nunca conheceu um homem se quer com que eu estivesse me envolvendo.
— Sim filha, e estou muito feliz que você tenha se permitido a isso. Por mais que o meu casamento com o seu pai tenha sido um fracasso, torço muito para que você seja muito feliz. — sorriu, seus olhos estavam brilhando.
Minha mãe obviamente estava mais feliz que eu com esse possível namoro, mal sabe ela que meu coração anda errando as batidas por outro homem, cujo esse é meu vizinho e colega da trabalho, o que se torna mais errado ainda.
— Obrigada mãe! — sorri me sentando na cama.
Olhei por todo o ambiente maravilhada, eu estava morrendo de saudade do meu quarto, da minha cama e do meu lar, esse era meu maior receio de ficar aqui esses dias.
Lucas surgiu na porta poucos minutos depois com as nossas coisas, minha mãe por fim nos deixou em paz para que pudéssemos tomar banho, agradeci imensamente por isso.
— Me diz que você não está assustado, por favor... — murmurei rindo.
— Estou... Mas estou feliz em conhecer sua família. — disse me puxando para perto do seu corpo, e logo em seguida beijou minha testa.
Esse homem é incrível em todos os sentidos, eu fico extremamente boba a cada segundo que passo do seu lado.
— Que bom, porque minha mãe não vai largar do seu pé. — falei divertida e ele riu.
Arrumamos as nossas coisas, e trocamos de roupa para que minha mãe pensasse que tínhamos tomado banho realmente.

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