Capítulo 11

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|Narração Raquel|

Enchi minha xícara de café, e coloquei apenas uma colher de açúcar para adoçar o mesmo. Já tentei de todas as formas tomar café amargo, mas é quase impossível, não consigo.
Estou mudando meus hábitos alimentares já tem um tempo, percebi uma diferença enorme em meu corpo, e quando digo isso não é apenas por conta da aparência, mas sim pela minha saúde.
— Ah, você está aí... — ouvi a voz de Catarina, ela revirou os olhos assim que me viu.
Pela sua expressão ela não obteve sucesso na sua audiência, mas isso não era culpa minha, então ela não tinha porque descontar sua raiva em mim.
— Sim, a dona Maria está limpando a nossa sala, aproveitei para tomar mais um café. — afirmei e a mesma bufou após encher uma xícara de café para ela também.
— E o Jordan? — perguntou me encarando.
— Ficou lá na sala, eu acho...
— Vocês ultimamente não se desgrudam mais, achei que saberia de cada passo dele. — disse com desdém.
— Porque está usando esse tom comigo Catarina? Na realidade eu gostaria muito de saber o que te fez me odiar tanto. — falei farta da forma como ela vinha me tratando.
— Eu não sei, não fui com a sua cara... Você se faz de boa samaritana, mas não passa de uma farsa, chegou ontem e já quer sentar na janela. Mas esse teu jeitinho meigo não vai me enganar Raquel, nunca seremos amigas. — afirmou se aproximando de mim.
— Agora eu entendi tudo... Você acha que eu sou uma ameaça pra você, tanto na sua amizade com o Jordan, como no seu cargo aqui no escritório, não é? Mas deixa eu te dizer uma coisa... — fiz uma pausa encarando a mesma. — Eu não quero nada do que é seu, estou aqui para trabalhar e conviver em paz com as pessoas que estão ao meu redor, se sua vida não é perfeita, sinceramente, a culpa não é minha! — dei de ombros e me afastei dela por fim.
Todos abaixam a cabeça para Catarina quando ela ergue o seu tom de voz, mas comigo não será assim, se ela não quer ser minha amiga não posso obrigada-lá, mas também não vou deixar que a mesma me trate mal sem motivos.
Conforme os dias iam passando, meu trabalho já ia se tornando a minha maior paixão, eu estava completamente apaixonada pela advocacia, cada momento que passo analisando casos, tenho a plena certeza que acertei na escolha da minha profissão, não me arrependo.
Quando você se forma, a insegurança caminha junto com você, por isso acho essencial você se jogar de cabeça em um emprego na sua área para descobrir se é isso mesmo o que você quer.
Meu expediente chegou ao fim, era sexta feira e possivelmente o Lucas já estava pegando estrada para vim pra cá, confesso que estou com saudades dele, afinal, estamos há duas semanas sem nos ver.
Meu celular começou a tocar e eu sorri ao ver que se tratava da minha mãe, eu a vi tem duas semanas também, mas estou morrendo de saudades, está sendo um grande desafio ficar longe dela.
— Oi mãe! — falei empolgada.
— Oi querida, já saiu do trabalho? Pode falar? — perguntou e eu assenti, mesmo sabendo que ela não estava me vendo.
— Posso falar sim mamãe, estou no escritório mas meu expediente já chegou ao fim. — murmurei.
— Então querida, sei que o combinado era você vim pra cá somente semana que vem, mas domingo terá um churrasco do aniversário da sua prima Letícia, você não consegue vim? — minha mãe estava agitada.
Não é que eu odeie minha família do lado da minha mãe, eu só não suporto o fato da minha tia sempre deixar explícito que minha prima Letícia era "melhor" que eu por ser médica.
Eu não ligo para isso.
— Mãe, você sabe que eu e a Letícia não nos damos muito bem. Ela sempre quis me colocar para baixo por conta da minha profissão, e além do mais, não fará diferença eu estar aí ou não. — suspirei.
— Raquel, venha por mim. Toda a família estará aqui, você sabe que damos valor para a união em épocas comemorativas. — implorou e eu revirei os olhos.
Eu não queria ir, mas isso parecia ser muito importante para a minha mãe e eu não queria decepciona-lá, ainda mais pelo fato dela dar muito valor a família.
— Tá bem mãe, eu vou... Mas levarei uma pessoa comigo, algum problema? — torci os lábios.
— Claro que não... — fez uma pausa. — Você está namorando? — perguntou curiosa.
Minha mãe não sabia do Lucas, mas eu não queria passar por esse "porre familiar" sozinha, então iria propor que ele fosse comigo, sei que o mesmo iria aceitar, pois já faz um tempo que ele joga indiretas que quer conhecer minha mãe.
— Ainda não é namorado, estamos nos conhecendo mãe. — sorri de canto, e logo vi Jordan surgir na nossa sala, ele me olhou sem jeito, suspeito que tivesse esquecido de algo, afinal já tínhamos nos despedido antes.
— Posso saber o nome dele querida?
— Ainda não... Preciso desligar, nos falamos mais tarde, tudo bem?
— Claro filha. Até depois, beijos! — finalizou a ligação.
Guardei o celular no bolso virando em direção ao Jordan, ele parecia procurar por algo, então me aproximei do mesmo para ajudá-lo.
— Oi, está procurando algo? — questionei atraindo a sua atenção.
— Oi, sim... Desculpe, eu não queria ter atrapalhado o seu telefonema.
— Não atrapalhou, imagina... O que está procurando? — torci os lábios.
— A pasta do caso da mulher que foi agredida pelo ex marido. Eu queria revisar para a audiência de segunda. — disse agitado, era notável o seu nervosismo.
Ainda não cheguei nesse "patamar", como estou no início, apenas ajudo o Jordan e a Catarina com alguns casos, mas quem vai para as audiências são eles, e algumas vezes o próprio Ricardo.
— Jordan... Calma. Eu vi essa pasta em suas mãos o dia todo, ela não sumiria assim. — falei enquanto o ajudava a procurar.
Observei a pasta de longe ao lado da impressora, soltei um riso frouxo e me aproximei para pegar.
— Eu preciso revisar todo o caso, não quero cometer nenhum erro! — suspirou passando aos mãos no cabelo completamente nervoso.
— Calma... — me aproximei do mesmo e ele se virou pra mim, quando fui deixar a pasta em suas mãos, o toque das nossas peles foi bem intenso.
Não sei dizer ao certo o aconteceu, mas foi como se tivéssemos tomado um "choque", pois eu me arrepiei por inteira, e pelo seu olhar ele sentiu o mesmo.
— Você achou, obrigado! — sorriu me olhando firme.
De repente estávamos próximos demais, nos olhando firmes, e aquele clima que sempre está entre nós estava mais intenso.
Infelizmente fomos interrompidos pelo meu celular tocando, dessa vez era o Lucas, obviamente para me dizer que estava pegando estrada para vim até Londrina.
— Eu preciso atender... — torci os lábios me afastando dele completamente sem jeito.
— Ok, vou te deixar à vontade. Até mais! — sorriu de canto e foi logo andando para a porta de saída da nossa sala.
Era estranho desejar tanto um homem assim, quando se tem um Lucas em sua vida, que te trata como uma princesa. Eu realmente não sei o que o meu coração quer de mim, ele já tem tudo o que é necessário.
— Oi Lucas! — falei empolgada.
— Oi minha linda, estou saindo de Maringá, vou me atrasar um pouquinho, tenho que passar no mercado comprar algumas coisas para nós. — murmurou agitado, suspeito que estivesse caminhando.
— Deixa pra irmos no mercado aqui meu bem... — falei com cautela.
— Tudo bem... Daqui umas duas horas eu chego, estou morrendo de saudades de você minha linda. — sorri ao ouvir isso, quem sabe assim meu coração para de desejar o Jordan de uma vez por todas, preciso me jogar de cabeça nesse romance com o Lucas.
— Eu também estou morrendo de saudades de você meu bem, vem logo... — suspirei sorrindo, eu estava definidamente parecendo aquelas adolescentes bobas apaixonadas.
— Estou indo. Entrando no carro! — disse divertido.
— Se cuida... Beijos! — finalizei a ligação com um longo suspiro.
De repente me peguei pensando no momento em que senti aquele arrepio estranho quando a pele do Jordan tocou a minha.
Quando que ele será simplesmente um colega de trabalho para mim? Eu não quero me sentir atraída por ele, eu não posso mais sentir isso.
Arrumei minhas coisas e decidi subir para o meu apartamento, eu só precisava de um banho, e da companhia do Lucas para que tudo ficasse melhor do que estava.
Só espero que esse almoço em família não seja tão constrangedor, minha prima Letícia fará de tudo para me colocar pra baixo como sempre, mas dessa vez não vou dar brechas para ela.

(...)

Tomei um banho quente, e os músculos do meu corpo relaxaram de uma forma tão gostosa, eu estava muito tensa, o trabalho tem me deixado assim ultimamente.
A campainha tocou e eu me levantei rapidamente sabendo que era o Lucas, a porta lá embaixo estava aberta, então obviamente ele já tinha chegado, mas foi bem rápido.
Caminhei rapidamente até a porta e quando abri me dei de cara com aquele homem maravilhoso, extremamente cheiroso e com um sorriso contagiante nos lábios.
— Oiii! — pulei em seus braços lhe dando um abraço apertado, eu estava com muita saudade dele, isso eu não posso negar.
— Oi minha linda, como você está cheirosa! — beijou meu rosto.
— Entra meu bem... — puxei ele para dentro do apartamento com suas coisas.
No meio da sala mesmo, eu passei meus braços em volta do seu pescoço e lhe dei um beijo.
Lucas obviamente estranhou o meu jeito, afinal, eu nunca tinha recebido ele tão "calorosamente" assim, mas ele merecia tudo isso.
— Raquel, o que aconteceu com você? — perguntou rindo.
— Eu estava com saudades de você, ficar duas semanas sem te ver é torturante. — fiz bico e ele riu me enchendo de beijos.
— Eu estava louco para te ver também, não aguentava mais. — acariciou o meu rosto.
— Vem, vamos levar suas coisas para o quarto. — puxei o mesmo pela mão.
— O que vamos fazer para o jantar? — perguntou um tanto quanto curioso, Lucas "adorava" cozinhar comigo, por mais que eu não soubesse tanto assim.
— O que você acha de pedirmos algo para comer? Estou com preguiça de cozinhar. — choraminguei.
Assim que chegamos no meu quarto, ele soltou a mala na cama e já foi logo tirando suas roupas de dentro da mesma.
Lucas ficaria apenas alguns dias aqui, mas ele sempre trazia muitas roupas, algumas coisas dele até ficavam aqui de propósito.
— Está pensando em pedir o que pra comer? Ainda temos que ir no mercado, lembra? — me advertiu.
— Uma pizza, hambúrguer... Sei lá. Algo que seja bem gostoso. — torci os lábios. — Tem bastante comida aqui Lucas, não precisa ir no mercado. — falei firme e ele negou com a cabeça.
— Quero fazer um fondue de frutas pra comermos enquanto assistimos um filminho. — fez cara de sapeca e eu me obriguei a rir.
— É, realmente coisas para fondue eu não tenho aqui. — dei de ombros caminhando com suas roupas até o meu guarda-roupa.
Quando fui me virar, senti seus braços me envolverem, e seu corpo ficou colado no meu.
Era tão bom sentir o seu corpo no meu, me sinto extremamente protegida quando ele me envolve em seus braços.
— É tão bom ficar assim com você! — murmurei apoiando minha cabeça em seu peitoral.
— Queria poder ficar você assim todos os dias... — beijou meus cabelos.
— Tenho uma proposta para te fazer... — murmurei me virando pra ele, os olhos de Lucas brilharam ao ouvir isso.
Posso imaginar o que se passava em sua cabeça, ele deve estar pensando que eu iria fazer uma proposta de morarmos juntos ou algo assim, mas não era nada disso.
— Que proposta? — perguntou empolgado.
— Você quer ir em um churrasco de aniversário da minha prima domingo, em Maringá? — torci os lábios um pouco receosa, sua expressão não dizia ao certo se ele queria ir ou não.
— Churrasco? Com toda a sua família? — respirou fundo, ele parecia um pouco assustado.
— Sim, mas se achar que é cedo demais para conhecer a minha família assim, tudo bem... — mordi o canto da boca percebendo que eu havia o assustado com essa proposta.
— Não acho cedo demais, eu queria conhecer a sua mãe há um tempo já... Acho que esse churrasco será bom para darmos o próximo passo na nossa relação. — me prensou contra o guarda-roupa, e uma de suas mãos foi parar até a minha nuca.
— E qual seria o próximo passo? — umedeci os lábios encarando sua boca.
— Um namoro! — segurou meu queixo dando início a um beijo quente.
Eu sabia que a nossa relação estava tomando esse rumo, estávamos nos vendo com frequência, as conversas estavam mais intensas e íntimas, coisas de casal mesmo.
Mas não posso enganar a mim mesma, não sei se o que eu sinto pelo Lucas é o suficiente para engatarmos em um namoro, porque eu acredito que namoro é coisa séria, e não apenas para passar um tempo como muitas pessoas acham.

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