Capítulo 14

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Sara para o carro no estacionamento para os alunos. O trajeto até o colégio foi estranhamente silêncio.

Eu já estava preparada para receber o bombardeio de perguntas que Sara faria mas ao contrário do que eu imaginava ela ficou o tempo todo calada. Nenhuma pergunta do porquê eu não fui a festa. Nenhum relatado de qualquer acontecimento extremamente detalhado. Noah ficava passando o dedo pela tela do celular como se estivesse procurando por algo. Juro que se ele ficasse mais cinco minutos no carro a tela de seu aparelho teria aberto um buraco no meio.

E por incrível que parece isso me deixou ainda mais agoniada. Com Sara em silêncio eu não conseguia parar de pensar em Christian e no pesadelo horrível que eu tive essa noite. Meu coração palpitava cada vez mais quando parávamos em um sinal ou em uma parada obrigatória. 

Eu lutava contra a vontade de gritar para Sara dirigir o mais rápido possível, para que eu pudesse vê-lo. Saber que ele está bem, e que tudo não passou de um pesadelo horrendo e pavoroso. 

Quando saímos do carro de Sara vasculho o estacionamento em busca do carro preto e reluzente de Christian mas estamos muito longe do estacionamento reservado para os professores. Meu irmão casula praticamente pula do carro e se despede de nós de um jeito estranho e corre em direção ao seu grupo de amigos.

- Noah está estranho hoje. - Digo olhando para meu irmão que encara eu e Sara quando andamos em direção ao prédio principal. - Você viu ele ontem na festa?

- Só uma vez, mas foi bem rápido. - Sara dá de ombros enquanto olha seu cabelo por um espelhinho que ela tirou de sua bolsa nova. - Por quê não foi ontem? Eu e James ficamos te esperando. - Ela faz um beicinho de criança chorosa.

Reviro os olhos com a atitude infantil da minha amiga - já sabendo que isso iria acontecer.

- Estava muito cansada. Ontem teve uma festa no Red Night, cheguei em casa e fui direto pra cama. - Minto.

- Uma festa? Tinha muito gatos? - Sara fala se empolgando.

- Claro, uns gatos da meia idade. - Faço uma careta ao me lembrar de um homem que devia ter por volta de sessenta anos com o cabelo grisalho - ou o que restou de cabelo - dançando de forma desgraçada. - Foi festa de aniversário, a aniversariante tinha cinquenta anos. O homem mais jovem devia ter quarenta e oito.

- Olha, meu limite é vinte e cinto. Se for muito bonito, vinte e nove. - Sara dá uma piscadela e isso me faz pensar novamente em Christian e em nosso encontro de hoje. - Ai meu Deus! Já divulgaram o Baile dos veteranos. - Sara grita me puxando pelo braço em direção ao mural que ficava do lado de fora do prédio principal, bem ao lado da grande porta de metal da entrada.

Alguns alunos se encontram em volta ao grande cartaz escrito "BAILE". Sara passa entre a multidão me arrastando junto. Peço desculpas pelo pisões e cotoveladas quando tento me desvencilhar do volumoso cabelo de Sara. 

- Olha Lisa, vai ser no dia do seu aniversário. - Sara fala toda empolgada dando vários pulinhos de alegria. Olho o grande cartaz e a data está bem evidente, quinze de setembro - Vai ser perfeito! 

- Mais um motivo para eu não ir. Baile de máscaras, sério? - Aponto para as máscaras no cartaz fazendo uma careta. - O pessoal podia ser mais criativo. 

- Larga de ser rabugenta. Esse tema é perfeito, sedutor e misterioso. Como nos bailes de Veneza na Idade Média. Onde as plebeias se fantasiavam em busca do seu príncipe encantado.  

- Até serem descobertas e enforcadas por serem consideradas promiscuas. 

Sara me fuzila com os olhos fazendo suas bochechas ficarem vermelhas. Rio da reação exagerada de minha amiga. 

Querido Sr. Fisher - Um romance proibido [PAUSADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora